Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]



SEBASTIÃO COMILÃO

Quinta-feira, 23.11.17

Sebastião era um crápula, um comilão, um barrigudo que não se furtava de enfiar pelas goelas abaixo tudo o que de comida lhe aparecesse pela frente. Lá em casa não havia morcela que permanecesse intacta, linguiça que afogueasse até ao fim, torresmo que se aquietasse na terrina ou perna de galinha que sobrasse no prato. Depois era um atafulhar-se de batatas, de pão, de queijo, de bolo, de papas e até de sopa. Os filhos a roer uma côdea rija de pão de milho, ou pior, sem nada, simplesmente a chupar nos dedos e o sacana a encher o papo regaladamente, E o mais estranho era que o biltre comia tudo sem colher, até a sopa… Como consequência uma pança que parecia o globo do livro da terceira classe. Até parecia que para além da pança tinha folhoso e coalheira com os ruminantes de que falava o livro de ciências da quarta

Mas o pelintra não se ficava por encher o bucho. Pese embora ter a comida sempre pronta e a barriga sempre cheia, ao chegar a casa era um tal assapar na mulher, dando-lhe sovas de ver e tremer. Um maldito sem consciência, sem escrúpulo sem respeito por ninguém. E o sanabagana ainda se ufanava de tudo isto à Praça, no descansadouro do Alagoeiro ou até nas casas do Espírito Santo, em dias de alvorada.

Um pulha do pior, este Sebastião.

 

NB – Era este quadro que nis trespassava na mente, quando em criança cantarolávamos esta cantilena;

 

Sebastião come tudo, come tudo!

Sebastião barrigudo, barrigudo!

Sebastião come tudo sem colher

E no fim dá tareia na mulher!

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por picodavigia2 às 12:24





mais sobre mim

foto do autor


pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Novembro 2017

D S T Q Q S S
1234
567891011
12131415161718
19202122232425
2627282930