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EXCERTOS DA CARTA ENVIADA PELO CAPITÃO DIOGO DE SILVES AO SENHOR DOM INFANTE SOBRE O ACHAMENTO DE ALGUMAS ILHAS DOS AÇORES

Sábado, 19.10.13

Documento inédito e “desconhecido” até à presente divulgação, com a grafia actualizada.

 

“Eu, Dom Diogo de Silb, capitão (...) tendo-se levantado grande procela, navegámos aterrorizados, sem destino (...) Passados alguns dias chegámos a uma ilha, com uma enorme baía, junto à qual se levantava uma rocha muito alta, repleta de árvores diversas, algumas nossas desconhecidas que as não há em nenhuma parte do reino de Portugal, encimada por uma enorme e negra montanha, que devido aos nevoeiros que cobriam a parte mais alta da dita ilha, muito dificilmente se via. Aportámos à dita baía e alguns dos nossos marinheiros mais destemidos entraram por terra dentro. Ao regressar informaram de que aquela ilha era mui grande e mui alta e que não tinham encontrado pessoa humana nenhuma. Apenas trouxeram consigo frutos diversos, que os há muitos na dita ilha e algumas aves, que mataram e assaram em fogueiras que fizeram à beira do mar, juntamente com o peixe que pescámos e que é abundante naqueles mares. Passados alguns dias, o tempo amainou e largámos dali, navegando para Oeste, percorrendo grande parte da costa sul da dita ilha. Logo adiante avistámos a bombordo uma outra ilha, muito mais baixa e arredondada e, logo dali depois, a estibordo, uma outra ilha muito comprida e escura. Consultando o portulano dos Medici pudemos verificar e saber que a dita primeira ilha a que aportámos era a Li Colombi, mas à qual os nossos marinheiros já tinham posto o nome de ilha de S. Diniz, por mandato do nosso padre capelão. A outra ilha que encontrámos a Oeste era Insule Ventura, à qual pusemos o nome de S. Luís. E não havendo outro nome de santo adequado, para aquela outra dita ilha que se chamava de  San Zorso, houvemos por bem chamar a dita ilha pelo nome de ilha de  S. Jorge (…) Depois de aportarmos a estas ditas ilhas, verificámos que eram, em tudo, mui semelhantes à primeira, isto é, desabitadas e sem vestígios de o terem sido anteriormente, desprovidas de animais, tendo, como a primeira, apenas algumas aves, mas cobertas de densa e mui desconhecida vegetação.  Navegámos, de seguida, para oriente, para os lados do Reino de Portugal, e avistámos mais uma ilha, esbranquiçada, algumas léguas a norte. Como se levantasse de novo grande procela, fomos dar a uma outra ilha que é chamada de Insule Brazi. Como a ela chegámos no primeiro dia de Janeiro, dia do Santíssimo nome de Nosso Senhor Jesus Christo, entrámos em terra onde foi logo celebrada missa e os nossos marinheiros chamaram-lhe ilha de Jesus Christo. Nela permanecemos alguns dias porque é mui fértil em frutos de diversas qualidades e aves mui grandes e abundantes. Ali ficámos porque dela não se viam outras ilhas, para além das já achadas. Passados alguns dias afoitámo-nos, de novo, ao mar e navegamos  para oriente e, guiados por muitas aves que voavam por ali, sendo tais aves terrestres, fomos por elas guiados até encontrarmos as duas ilhas de Cabrera. Foi assim que decidimos enviar a Vossa Alteza e meu Senhor, um batel com alguns dos nossos homens, dando notícia do achamento das ditas ilhas, pois sabemos quanta vontade e desejo Vossa Alteza e meu Senhor tem no dito achamento. Agora, que Vossa Alteza tem e haja as ditas ilhas, como era vosso real desejo desde há muito, podeis enviar, com auxílio do piloto que mandámos para o reino, o vosso nobre e esforçado cavaleiro Dom Frei Gonçalo Velho Cabral, Comendador do Castelo de Almourol, que está sobre o rio Tejo, a estas paragens, para vos tornardes o verdadeiro senhor destas ilhas e aproveitardes os produtos em que são férteis. Como também são mui ricas de plantas diversas e mui verdejantes podereis mandar lançar em todas elas grande quantidade de cabras e ovelhas que nellas pastarão mui bem. Mais assegurámos que poderá Vossa Alteza enviar colonos para as habitar e cultivar, pois todas ellas são de mui bom terreno para cultivo de cereais e de frutos e para criação de animais e tem junto ao mar grandes baías e terrenos planos para se construírem povoados... Deveis solicitar ao senhor vosso pai e el-rei de Portugal, licença para as povoar, o qual mande que vedores da fazenda, corregedores, juizes, justiças e outros quaisquer que isto houverem de ver, que lhas deixem mandar povoar e não lhes ponham sobre ello embargo (…) feito em 3 dias de Março, Anno do senhor de mil iiijc xxviii”.

 

NB - Este suposto “documento” é pura ficção. Qualquer semelhança com o histórico é mera coincidência.

 

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publicado por picodavigia2 às 09:32





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