PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
JOÃO ANGLIN
João Hickling Anglin nasceu em Ponta Delgada, S. Miguel, Açores, a 17 de Abril de 1894. Filho de pai inglês, tornou-se cidadão norte-americano e foi o primeiro Cônsul dos Estados Unidos da América nos Açores, sendo, mais tarde, também cônsul da Rússia e um dos maiores exportadores de laranja açoriana para os mercados inglês e russo. João Hickling Anglin estudou no Liceu da Graça, onde conheceu Leonilde Rego Costa, aquela com quem mais tarde se consorciaria. Acabados os estudos liceais, foi estudar para o continente, onde se licenciou em Germânicas pela Universidade de Coimbra. Antes de formar família, João Hickling Anglin passou pela dura prova de exercer as funções de oficial miliciano, comandando soldados portugueses em África, entre os atribulados anos de 1914-1918. Esta vivência nas colónias portuguesas levou a que, mais tarde, já exercendo as funções de professor, fundasse a Secção de Estudos Coloniais no Liceu de Ponta Delgada. Para além de distinto professor neste estabelecimento, João Anglin assumiu-se, na sociedade açoriana, como um importante agente cultural, participando em inúmeras iniciativas e instituições locais. Foi Comendador da Ordem de Instrução Pública, Reitor do Liceu Nacional de Ponta Delgada, Director da Escola do Magistério Primário da mesma cidade, Presidente da Junta Geral de Ponta Delgada e, por fim, corrector das provas do jornal “Correio dos Açores”.
Poeta e prosador distinto e reconhecido entre os seus pares, João Hickling Anglin deixou-nos uma importante bibliografia. Foi autor de obras como Padre Sena Freitas : antologia, Alocuções Escolares e Outros Escritos, Notas de um Professor Liceal, Trinta anos de Reitorado, Flores com Fruto, O Historiador Joaquim Bensaúde, A Educação nos Açores, entre outras. Traduziu, também, alguns importantes textos literários para língua portuguesa, nomeadamente, poemas de Shelley e Alfred Lord Tennyson, Um inverno nos Açores e um veräo no Vale das Furnas de Joseph e Henry Bullar, cujo prólogo é da autoria do reconhecido escritor micaelense e seu amigo, Armando Côrtes-Rodrigues.
Faleceu no dia 28 de Dezembro de 1975, com oitenta e um anos de idade, no Hospital velho de Ponta Delgada, deixando muitas saudades junto de todos os que tiveram o prazer de privar com ele.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores