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O CAMINHO DE BAIXO

Sábado, 26.10.13

O Caminho de Baixo era uma das ruas da Fajã, a que ligava a Fontinha à Rua Direita. Era a rua mais curta, mais estreita e a que tinha menos população, dado que moravam nela apenas doze pessoas, constituindo quatro agregados familiares: o Caixeiro, o José Munes, o Manuel Dawling e a Glória Fagundes. O Caminho de Baixo era também a única via existente na freguesia que recebia o nome de “Caminho” e, no entanto, não possuía todos os parâmetros pelos quais se definia um caminho. O Caminho de Baixo era tão apertado que não tinha a largura suficiente para que nele passasse uma junta de bois e, por isso, era indevidamente designado por “caminho”, quando o devia ser por “canada”. A ausência deste critério, na teoria, impedi-lo-ia, também, de ser designado por rua, passando, no entanto, sempre a designar-se, simplesmente, por “Caminho de Baixo”, privilégio que lhe advinha talvez por ser calcetado. Na realidade uma boa parte desta via de comunicação, apesar de ser calcetada, com piso igual ao das outras ruas e ao dos caminhos, era realmente muito estreita. Desde a casa do Caixeiro, logo no seu início, até à casa do Manuel Dawling era uma autêntica canada. A parte final era já bem mais larga, embora poucos carros ou “corsões” por ali passassem.

O Caminho de Baixo começava na Fontinha, à qual se ligava por três ou quatro toscos degraus, situados atrás da cozinha do Caixeiro, precisamente onde ficava o “célebre rego” da Rosária Sapateira. Depois seguia, rectilíneo, mas muito estreito, até ao termo do pátio do José Nunes. Aí havia uma curva e depois seguia paralelo a umas relvas que serviam de “estendal de corar roupa”. Junto à casa do Dawling alargava-se e tomava a forma de caminho, passava paralelo à Casa do Espírito Santo de Cima e vinha terminar no largo do Chafariz, já na rua Direita. Era pois uma alternativa ao circular pela Fontinha e pela Praça, com a vantagem de encurtar caminho e tornar o percurso mais rápido. Além disso muitas mulheres preferiam circular por ali, uma vez que evitavam ter que desfilar pela Praça, onde havia sempre homens predispostos a mirá-las de cima abaixo, a fazer comentários pouco agradáveis ou até a mandar piropos.

O Caminho de Baixo houve jus ao seu nome por se situar abaixo de uma parte da Fontinha e a sua importância advinha-lhe não só de o projectar na rua Direita, mas também de, no seu termo, confinar com o pátio e entrada da Casa de Espírito Santo de Cima.

 Para além de curto e estreito o Caminho de Baixo disponibilizava aos seus utentes apenas uma saída, através de um atalho, junto à casa do José Nunes, o qual encurtava caminho para a casa do João Bizarro, para a do Ângelo do Tesoureiro e para a da minha avó.

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publicado por picodavigia2 às 20:50





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