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O NAUFRÁGIO DO “STORTIND”

Terça-feira, 29.10.13

Muitos e variados foram os naufrágios que ao longo dos anos se verificaram nos mares circundantes à Fajã Grande. Situada no ponto mais ocidental da Europa e arpoada a oeste, a ponta do baixio com o seu pequeno e fraco farol era, apesar de tudo, até à segunda metade do século passado, um ponto de referência necessário e obrigatório para todas as embarcações que, oriundas das Américas, pretendiam rumar à Europa do Norte e do Sul, bem como as provenientes do Mediterrâneo e da Costa Ocidental Africana e que tinham como rota principal o Atlântico, na tentativa de aproveitar os ventos e as correntes favoráveis. Assim navios, paquetes, cargueiros, escaleres, escumas, lugres, galeras, bacalhoeiros, patachos. barcas, bergantins, iates, brigues e todo o tipo de embarcações eram como que obrigadas, nas suas rotas marítimas através do Atlântico, a demandar, ao de perto, a costa mais ocidental da ilha das Flores, a Fajã Grande.

Muitos deles, porém, terminaram os seus dias entre os baixios e escolhos da ilha das Flores, acossados por ventos, temporais e neblinas ou atingidos pelas balas e flechas assassinas da pirataria É que nem sempre as condições de navegabilidade, por aquelas paragens, eram as melhores. Umas vezes era o próprio mar altivo, bravo e revolto que dificultava a navegação e provocava naufrágios, outras as intensas neblinas e nevoeiros que com tanta frequência se formavam naquelas orlas marítimas. Num caso e noutro era muito difícil navegar com segurança e serenidade e chegar ao porto pretendido. Mas não eram estes apenas os maiores e mais eminentes perigos. Outros havia, que punham em risco a navegação ao redor da ilha. Por um lado a pirataria, sempre predisposta a atacar, a saquear, a roubar, a atirar e a matar, tanto em terra como no mar e da qual nem sempre as populações se sabiam defender e, por outro, as guerras mundiais que dominaram uma boa parte das primeiras cinco décadas do século XX, durante as quais barcos de guerra e submarinos pertencentes aos países envolvidos nesses conflitos mundiais atacavam sem dó nem piedade tudo o que lhe aparecesse pela frente, mesmo se tratando de vítimas inocentes, quer fossem pessoas quer embarcações. Foi o que aconteceu no dia 2 de Setembro de 1908 quando um cargueiro norueguês de nome “Stortind” navegava ao largo da costa oeste da ilha das Flores, por fora da Fajã Grande, transportando carga diversa, viajando entre Baltimore e La Palice. Este cargueiro, com quinze tripulantes, juntamente com uma pequena embarcação local, com nove pessoas a bordo, foi atacado e torpedeado por um submarino inimigo em plena 1ª Guerra Mundial. Deste ataque resultou a destruição e o naufrágio de uma e outra embarcação. O “Stortind” ficou de tal modo destruído, tornando-se incapaz de continuar viagem. Os náufragos de ambas as embarcações lançaram-se ao mar nos respectivos salva vidas e aportaram ao porto da Fajã Grande, onde aguardaram meios que, mais tarde, lhe proporcionassem o regresso aos seus países. Abandonados na costa. os salva-vidas foram, mais tarde, arrematados em asta pública e adquiridos por José Alexandre da Silveira e António Caetano Serpa, comerciantes de Santa Cruz.

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publicado por picodavigia2 às 20:08





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