PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
OS PÁROCOS DA ILHA DAS FLORES NA DÉCADA DE CINQUENTA
Na década de cinquenta a ilha das Flores, nas suas onze paróquias, tinha nove párocos, uma vez que a Caveira estava anexada a Santa Cruz e o Mosteiro ao Lajedo. Acrescente-se que Ponta e Fazenda de Santa Cruz, apesar de terem as suas igrejas, não eram paróquias mas sim curatos. A Ponta era um curato anexado à Fajã, enquanto o da Fazenda de Santa Cruz pertencia à vila com o mesmo nome. Por ser a paróquia mais populosa e ter anexa a Caveira e a Fazenda, normalmente existia um cura ou vigário cooperador em Santa Cruz, cargo normalmente exercido, por tempo limitado, por padres mais novos, logo após concluírem a sua formação no Seminário de Angra. A ilha estava dividida em duas ouvidorias, as quais abrangiam as paróquias dos respectivos concelhos: Santa Cruz e Lajes
Os nove párocos, porém, eram, quase todos, de idade avançada e, consequentemente, já todos partiram.
A Ouvidoria de Santa Cruz incluía três padres. O pároco de Santa Cruz, que também exercia as funções de Ouvidor, era o padre Maurício António de Freitas, natural das Lajes, ordenado sacerdote em 1937 e nomeado vigário e ouvidor de Santa Cruz em 1954. A ele se deve em grande parte a criação do ensino básico do 2º e 3º ciclo na Ilha das Flores, através da fundação do Externato da Imaculada Conceição. Na década de sessenta emigrou para os Estados Unidos, falecendo, naquele pais, em 1983. O padre José Maria Alvares paroquiava a freguesia dos Cedros. Era natural da Fazenda de Santa Cruz, tendo sido ordenado em 1937 e terá sido um dos melhores alunos do Seminário, no seu tempo. Exerceu toda a sua actividade sacerdotal nos Cedros, durante largos anos e a ele se deve a construção da nova igreja inaugurada em 1953. Por sua vez a freguesia de Ponta Delgada era paroquiada pelo padre Francisco de Freitas Tomás, natural das Lajes das Flores, ordenado em 1936 e transferido para a Lomba, no início da década de sessenta.
A Ouvidoria das Lajes era bem maior em número de paróquias e clérigos, num total de seis. O ouvidor e pároco das Lajes era o padre Luís Pimentel Gomes, natural da Fazenda das Lajes, ordenado em 1939. Paroquiou em São Jorge, na Fazenda das Lajes e a partir de 1949, foi pároco das Lajes, exercendo simultaneamente as funções de Ouvidor, até 1986, ano em que faleceu. Na Lomba o pároco era o padre João de Fraga Vieira, natural das Lajes e ordenado em 1939, o qual mais tarde e por razões de saúde foi transferido para a paróquia de São Bartolomeu, na ilha Terceira. O pároco da Fazenda das Lajes era o padre José Vieira Gomes, natural da mesma freguesia e ordenado em 1939. Antes de paroquiar a Fazenda, foi pároco do Corvo e, após a sua actividade naquela paróquia, foi colocado em Santa Clara, na ilha de São Miguel, tendo falecido em 1989. O Lajedo e o Mosteiro eram paroquiados pelo padre José Furtado Mota, natural de Santa Cruz e ordenado em 1907. Foi cura da Ponta durante três anos, após os quais foi transferido para o Lajedo, onde exerceu a sua actividade até 1963, ano em que faleceu. A ele se deve a fundação dos Sindicatos Agrícolas da Ilha das Flores. Era o sacerdote mais velho que paroquiava a ilha das Flores. Na Fajãzinha o pároco era o padre António Joaquim Inácio de Freitas, freguesia de onde era natural. Ordenou-se em 1936, paroquiou nos Cedros e em Santa Cruz, tendo sido transferido para a Fajãzinha em 1942, onde se manteve até ao seu falecimento. Interessado pelos costumes, história e tradições da ilha das Flores, deixou um legado de recolhas importante nesta área, tendo-se distinguido, também, pelo seu apoio às populações das freguesias da Fajã, Fajãzinha e Mosteiro, na área da saúde. Finalmente a Fajã era paroquiada pelo padre Manuel de Freitas Pimentel, natural da Fajãzinha e ordenado em 1917. Depois de exercer a sua actividade em Santa Cruz e no Corvo foi transferido para a Fajã Grande em 1925, tendo-se aí mantido durante 36 anos, após os quais fixou residência, como manente, em Angra do Heroísmo