PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
COGUMELOS
Os cogumelos são fungos ou frutificações de fungos que assumem um papel fundamental ao nível do equilíbrio dos ecossistemas. Assim, os cogumelos são úteis e necessários à natureza e até muito importantes para o seu equilibro e a sua sustentabilidade, uma vez que, por um lado, contribuem para a reciclagem da matéria orgânica, eliminando as espécies vegetais menos saudáveis e, por outro, favorecem o estabelecimento das mesmas em condições adversas através de relações que se estabelecem entre os fungos e as raízes das plantas. Os cogumelos têm um papel importante na protecção das espécies vegetais, defendendo-as de alguns agentes patogénicos, ou seja, dos que lhe provocam doenças. Relativamente à sua relação com o ser humano, os cogumelos, no que concerne à sua variedade, são contraditórios, dado que alguns são tóxicos e outros venenosos, chegando alguns a provocar a morte a quem os ingerir, enquanto outros, porém, são comestíveis, estando na base ou no acompanhamento de saborosos pratos de culinária.
Ora na Fajã Grande, outrora, existiam muitos cogumelos, sobretudo nas chamadas terras de mato, como as do Pocestinho, da Cabaceira, do Espigão, do Pico Agudo, da Fajã das Faias e em outros lugares. Uns eram simplesmente esbranquiçados, outros porém tinham um matiz de cores variadíssimas, com tons alaranjados, cinzentos, encarnados, beges, esverdeados, castanhos, etc. Esta variedade de cores fazia com que os cogumelos se tornassem esteticamente muito belos, atraentes, apetecíveis e agradáveis à vista e não só. Porém tocá-los era apenas um sonho ou um desejo, porque nessa altura consideravam-se todos venenosos e maléficos.
De todos os cogumelos, os do Pocestinho eram os mais belos e atraentes. As suas cores eram muito vivas, a sua copa muito frondosa e aveludada e o tronco bastante esguio e altivo. Por isso mesmo eram os mais desejados e apetecidos e, por vezes, esquecia-se a proibição de se lhes tocar e lá se apanhava um ou outro para colocar, com muito cuidado e carinho na palma da mão e sentir o aveludado do seu corpo, o colorido da sua copa e a beleza do seu ser.
Que pena os belos cogumelos de outrora, das terras de mato da Fajã, não existirem hoje, para se poderem saborear aqueles que na realidade seriam comestíveis. E decerto que não eram poucos,