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O FOGÃO PRIMUS

Domingo, 03.11.13

No final da década de quarenta e início da de cinquenta, a maioria das casas da Fajã, no que concerne à cozinha, sofreram uma grande e vantajosa revolução, com a chegada do “Fogão Primus”, utensílio doméstico hoje praticamente considerado peça de museu ou objecto de adorno. Na altura porém era de uma utilidade extrema, devido à sua eficácia, rapidez, eficiência, limpeza e facilidade de manuseamento, vantagens obtidas sobre as vetustas grelhas de ferro, colocadas sobre os lares, debaixo das quais se fazia o lume para em cima se colocarem os caldeirões, as chaleiras, os tachos ou as panelas. É que os Primus, para aqueles que os podiam comprar e que dispunham de dinheiro para o petróleo sobrepunham-se, inequivocamente, aos processos tradicionais de fazer o lume para cozinhar, sujos, tisnados, demorados, cansativos, gastadores de lenha e sobre os quais praticamente só se podiam utilizar caldeirões e chaleiras de ferro. Tacho colocado sobre grelha de lume ficava todo sujo e defumado.

O Fogão Primus era uma pequena e simples máquina que funcionava a petróleo. Este era colocado num recipiente ou depósito redondo, feito de latão amarelado, ao redor do qual estavam cravadas três hastes de ferro, arqueadas na parte superior, de forma a que pudessem sustentar uma grelha, também feita de ferro, sobre a qual eram colocados os tachos para cozinhar, os fervedores para ferver o leite ou os simples canecos de alumínio para o aquecer. O depósito do petróleo tinha três orifícios: um, muito fininho, bem no centro, outro na parte superior com um rosca accionada por um manípulo e que se destinava a introduzir o combustível e um outro na parte lateral onde estava colocada uma bomba a que se anexava uma espécie de êmbolo. Uma vez accionada, esta bomba forçava o petróleo a subir através do orifício existente no centro do depósito, com uma espessura cujo diâmetro era mais estreito do que uma corda de viola e no qual estava aplicada a “cabeça” do fogão. Esta era feita de um tubo de metal, no qual estavam aplicados, na parte mais baixa uma espécie de pequeno prato, também de metal, e na parte superior uma ampola, também de metal com pequenos orifícios. Para acender o Primus colocava-se um pouco de álcool ou petróleo no pequeno prato a que se ateava lume. Passado algum tempo e, quando o combustível do prato estava prestes s consumir-se, dando-se à bomba, o petróleo subia, sob pressão, através do fino tubo central e ia alimentar a parte superior da cabeça, saindo pelos pequenos orifícios, formando uma chana azulada que se poderia tornar mais forte ou mais fraca consoante a maior ou menor pressão que se dava na bomba. Quando o tubo entupia, desentupia-se com um espevitador, feito com uma tirinha de lata a que se prendia, numa das extremidades, um pedacinho de arame muito fino ou de corda de viola rebentada. Depois era colocar o tacho em cima da grelha e esperar que os alimentos cozessem. No caso do leite, porém, era preciso estar muito atento. É que caso ele fervesse e não estivesse ninguém ali por perto para apagar a chama ele subia, transbordava o tacho, sujava o fogão e, pior do que isso, derramava-se todo pelo chão.

O grande problema do Fogão Primus, para muitas famílias é que a sua compra implicava um custo elevado e, além disso, gastava muito petróleo, bastante mais caro e, sobretudo, mais difícil de adquirir do que a lenha ou os garranchos de incenso e “faeira” que consumiam os velhos lares e que eram apanhados nas terras de mato. Além disso, a pequena e frágil estrutura do Primus, não permitia que se lhe colocassem em cima grandes tachos, dado que a maioria das famílias era bastante numerosa. Por estas razões algumas pessoas não compravam o Fogão Primus

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publicado por picodavigia2 às 14:00





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