PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PELO SÃO MARTINHO
“Pelo São Martinho, mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.”
Na Fajã Grande não havia vinho, ou melhor, não se produzia vinho. É verdade que havia algumas videiras, geralmente sobre os maroiços e misturadas com figueiras, mas sem serem trabalhadas e podadas. As uvas que produziam eram utilizadas apenas como alimento. Por isso provérbios relacionados com o vinho e com São Martinho não existiam, nem sequer se dava grande importância a este Santo, à solenidade do dia ou à festividade. Isto não significa que o mesmo não fosse lembrado e dele não houvesse memória, personificada num ou noutro adágio relacionado com o santo bispo.
Um provérbio muito referido, por esta altura, era o que se transcreve em epígrafe: “Pelo São Martinho, mata o teu porquinho e semeia o teu cebolinho.” com o qual se pretendia fazer lembrar que em Novembro, se o tempo o permitisse, já se poderiam e deviam realizar alguns trabalhos nos campos e fazer-se algumas sementeiras, como a do trigo, das favas e de que era por esta altura que se podiam plantar as couves, os alhos, as cebolas e o cebolinho. Além disso, o provérbio ainda lembrava que era realmente neste mês que se começava a preparar tudo para a matança do porco que em breve chegaria. Na realidade, muitas pessoas matavam o porco no final de Novembro, talvez porque, como o adágio refere, esta fosse a época do ano mais apropriada às matanças.