PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O GALEÃO DE GARCIA GONÇALVES
Chegaram os genoveses,
os flamengos
os bretões
e os florentinos!
Traziam barcos,
- pequenos batéis -
- frágeis caravelas -
navegando à bolina,
norteados pelo vento
guiados pela aventura,
sulcando o destino,
carregados de esperança,
almejando a sorte.
Sem o prever,
aportaram a uma ilha,
alta e esguia
onde, a sul,
havia uma enorme baía,
- uma encantadora enseada
E por trás da baía,
uma encosta,
com chão de lava,
mas soalheira e viçosa.
E os genoveses,
os flamengos
os bretões
e os florentinos,
fixaram-se ali,
na encosta verdejante,
voltada para o mar,
- debruçada sobre a baía -
arroteando,
produzindo,
edificando,
construindo maroiços.
atalhos e veredas,
transformando a lava
em chão doirado.
Também havia um português
- Garcia Gonçalves –
evadido do reino,
a exilar-se na ilha
por dívida
a El-Rei D. João III.
Uniram-se os genoveses,
os flamengos
os bretões
e os florentinos,
e, juntamente,
com o português,
(o tal que tinha uma enorme dívida para com El-Rei D. João III)
e com outros portugueses
(uns que antes, outros que depois)
também haviam demandado a ilha,
com as madeiras da encosta
e com a arte dos genoveses,
construíram uma enorme nau:
- um galeão -
que enviaram de presente a El-Rei D. João III
que, assim,
se apiedou
e perdoou a dívida
ao tal português,
evadido do reino
- Garcia Gonçalves –
E aquele lugar,
encastoado entre a baía e a encosta,
com o chão atapetado de lava florida
e com o mar a espraiar-se como eira,
houve por nome:
- Prainha do Galeão.