PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
LAILA-DARK
Em frente o cais a abarrotar de pessoas, de carros, de movimentos, de luz e de cores.
O cais, ponto de partida e de chegada.
Para a partida fervilham pequenas embarcações à espera dos que sonham com a aventura de observar baleias ou de golfinhos.
Para a partida carregam-se malas, trocam-se abraços, evadem-se emoções.
Mas já não há homens de albarcas, chapéus de palha e calças de cotim a soltar as amarras perdidas e desgastadas pelo tempo, nem mulheres de avental de chita e lenço de merino, com cestas de fruta à cabeça.
Na chegada arrastam-se sobre o pedregulho dezenas de barcos que durante a noite se embalaram, ao sabor das ondas, na pesca das abróteas, das garoupas e dos bocas-negras, ou as traineiras que perseguiram pesqueiros mais distantes na busca de bonitos e albacoras.
Mas já não há homens a gritar: “Eh, charro fresco”.
Na chegada também se esperam pessoas e coisas vindas do Faial e quiçá de outras paragens.
Ainda manhã e o cais da Madalena, ali mesmo em frente ao Laila-Dark, a abarrotar de homens, de mulheres e de crianças com raças, nacionalidades diferentes. Uns à espera de partir, outros na ânsia de chegar e alguns apenas a observar aquele amanhecer de partidas e de chegadas, sublime, claro, divinal e bonançoso.
Lá ao fundo o Faial a espreguiçar-se sobre os primeiros raios de luz emanados lá do longe, da ponta dos Rosais.
Atrás a enorme e altíssima montanha do Pico, ravinada de lava, aspergida com salpicos de nuvens e envolvida por um clarão de imponência e singularidade.
No meio, e a separar por momentos, as duas ilhas, o mar, azul, coroado com ondas de sonho e respingos de fascinação.
E lá dentro, do Laila-Dark, sentado numa mesa do café, é possível ver o mundo, no pequeno ecrã de um computador
Como é tão igual e tão diferente este Pico de hoje e o Pico de ontem.