PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O DESASTRE DOS FANAIS (1819)
Um dos maiores desastres marítimos ocorridos com pessoas da Fajã Grande, depois do trágico desastre do Corvo, foi o que aconteceu no dia dezoito de Agosto de 1819, por fora dos Fanais. Assim como no desastre do Corvo, de 1942, o barco naufragado nos Fanais transportava quase exclusivamente passageiros naturais e residentes na Fajã Grande e que também se haviam deslocado ao Corvo, a fim de participarem na festa da Senhora dos Milagres. O acidente deu-se quando regressavam à Fajã. Sendo a festa no dia quinze de Agosto e o regresso tendo-se verificado apenas no dia dezoito, é muito provável que devido ao mau estado do tempo, a viagem de regresso tivesse sido adiada para aquele dia, sendo que, muito provavelmente o mar não estaria ainda nas melhores condições de navegabilidade, nem o tempo favorável à navegação. O barco regressava do Corvo com destino ao porto da Fajã Grande, sob as ordens do seu mestre e proprietário Francisco Coelho Rafael e, para encurtar distâncias, rumou em direcção a Ponta Delgada, ladeando, a partir daí, a costa noroeste da ilha das Flores, até à baía dos Fanais, junto ao ilhéu de Maria Vaz. O acidente deu-se por fora da baixa do Fanal, ainda na freguesia de Ponta Delgada e, muito provavelmente, devido ao mau estado do tempo e do mar. Mestre Francisco Coelho Rafael, de 76 anos, perdeu a vida e com ele mais dez pessoas, sendo uma do Corvo, outra da Fajãzinha e as oito restantes da Fajã Grande.
Da Fajã faleceu, para além do mestre, Leonardo José da Silveira de 26 anos e sua esposa, Maria de Jesus de 20 anos, que haviam casado no ano anterior, na igreja paroquial da Fajãzinha. Faleceram ainda alguns jovens, um de apenas dezassete anos, chamado José filho de João de Freitas, uma rapariga de nome Maria, de vinte anos filha de João António da Silveira. Faleceram ainda José António Galo de quarenta e três anos, Esperança de Freitas de cinquenta e oito e José de Fraga Henriques de quarenta. A jovem natural da Fajazinha que também faleceu neste desastre chamava-se Maria e tinha 20 anos. Não se sabe ao certo quantos passageiros o barco transportava nem, consequentemente, o número de pessoas que se salvaram.