Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]



A FAJÃ GRANDE VISTA POR GASPAR FRUTUOSO

Sexta-feira, 07.06.13

Na parte final do Livro VI de  “Saudades da Terra”,  Gaspar Frutuoso descreve a Fajã Grande, no último quartel do século XVI:

“…Dali a meia légua de rocha, de pedra viva e por baixo penedia, estão dois ilhéus… Criam-se neles muitos pássaros de toda sorte e muito marisco, e algum mato; chamam-se os ilhéus de Maria Vaz.

 Daqui, a um tiro de bombarda, vai fazendo a rocha uma enseada, onde moram sete ou oito vizinhos, que lavram pão e pastel e têm um moinho em uma ribeira, que sai ao mar, chamada do Moinho. Dali a um quarto de légua está uma fajã, chamada Grande, que dá pão e pastel, em terra rasa, com algumas engradas onde entram caravelas de até cinquenta moios de pão a tomar o pastel que nela se faz, onde também há marisco e pescado de toda a sorte, e no cabo dela está um areal, de meia légua de comprido, em que sempre anda o mar muito bravo; e dali por diante, a outra meia légua, é tudo rocha talhada, onde se apanha muita urzela, e de muita penedia por baixo, em que se cria infinidade de marisco e grandes cranguejos, e desta mesma maneira corre a rocha um tiro de bombarda até uma ponta, que sai ao mar um tiro de arcabuz, com um baixo de pedra, que tem lapas e búzios; e, logo adiante desta ponta, se faz uma baía, onde com ventos levantes ancoram navios de toda sorte e também naus da Índia. No meio deste ancoradouro cai da rocha no mar, a pique, uma grande ribeira…”

Gaspar Frutuiso in Saudades da Terra (Livro VI)

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por picodavigia2 às 17:53

CHOCOLATE

Sexta-feira, 07.06.13

O chocolate é um problema grave na vida de muitas pessoas, entre as quais eu me incluo. Raros são os humanos que conseguem resistir aos gustativos apelos e às provocantes seduções duma deliciosa barrinha de chocolate! Eu não fujo à regra e, por isso, morro de desejo de me deliciar com uma trinca num pedacinho daquela preciosa lambarice, por mais pequenina que seja, mas sempre aureolada com aquele aspecto apetitoso, muito desejável e atraente, que apenas e tão só dá vontade de devorar.

Resistir ao chocolate é um verdadeiro martírio, um doloroso tormento. Apresentando-se não só em tabletes ou barrinhas, mas também em inúmeros doces e bolos ou até gelados, o chocolate consegue fazer as delícias de quase todos os humanos. O principal problema é que o seu consumo, sobretudo se exagerado, provoca um acentuando excesso de gorduras e de calorias, tornando-se, por isso mesmo, absolutamente interdito aos doentes, mormente aos que sofrem de insuficiência renal.

Mas, por outro lado, a ideia de que o chocolate apenas tem uma função prejudicial à nossa saúde é falsa. Tal como os restantes alimentos que consumimos, e que também não devem ser ingeridos em quantidades exageradas, o chocolate também pode não se tornar prejudicial, se consumido moderadamente, ou seja, sem em excesso. Na realidade, o chocolate contém em si características muito positivas que enriquecem o organismo humano e que até condicionam, em parte, um bom funcionamento do coração.

Os benefícios do chocolate provêm, ainda, de uma substância existente no mesmo, e que se encontra também nos legumes e em algumas frutas. Por isso, o chocolate, tal como estes alimentos não prejudicam o bom funcionamento do organismo humano, mas sempre se ingeridos moderadamente, porque as calorias do chocolate são muitas e intensas e, por isso, quando acumuladas em excesso, trazem graves e inúmeros problemas à saúde.

Branco, negro, em bolos, em mousse, ou na forma de outros doces, o chocolate provoca apetites irresistíveis e instiga sensações deliciosas. Mas as pessoas mais sensíveis podem ser vítimas de enxaquecas, provocada por alergias ou devido à acção de substâncias vasodilatadoras presentes no chocolate, além de. Se consumirem chocolate em demasia, podem, obviamente, sofrer de irritações na pele, no estômago e na mucosa intestinal.

A melhor marca de chocolate mundial, embora pouco conhecida entre nós, mas muito comum noutras regiões é o “Tresefrmad”, e que se apresenta em forma de tablete, brilhante, excelsa, divinal e, sobretudo, muito atraente e apetitosa. Mas a esta, assim como a todas as outras marcas que proliferam no mercado, como a Regina, Mars, Zablet e muitas outras, impõe-se, embora com grande sacrifício e sofrimento, resistir radical e absolutamente, pois o chocolate está interdito aos portadores de insuficiência renal.   

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 17:23

FAVA

Sexta-feira, 07.06.13

A fava é uma planta leguminosa, que produz vagens bastante grandes, dentro das quais se formam as suas sementes. A fava tem-se revelado um alimento de grande importância, através dos tempos, sendo cultivada por quase todos os povos e civilizações que centram a sua economia na agricultura, cuidando-se que exista desde a Idade da Pedra. Povos antigos, como os Gregos, Egípcios e Romanos bem como alguns do Médio Oriente já cultivavam a fava, apreciando-a como alimento de grande qualidade. A sua origem é, no entanto, incerta, admitindo-se que possa ser originária da região do Cáspio ou do Norte da África. É uma planta perfeitamente adaptada a climas mediterrâneos, onde tem um papel preponderante na dieta dos povos do sul da Europa, especialmente no início da Primavera, quando existe pouca diversidade de leguminosas nas hortas.

A fava, como alimento, apesar de pobre em vitaminas, é muito rica em proteínas e hidratos. Como planta, a fava é alta, esguia e elegante, chegando a alcançar cerca de 1,20 m de altura, produzindo flores de grande beleza, brancas ou róseas, às vezes arroxeadas, encastoadas no verde das suas belas e aromáticas folhas.

A vagem da fava é rasa, alongada e ligeiramente curvada, e tem um aspecto fofo e aveludado. No seu interior, devidamente alcatifado, residem entre dois a quatro grãos ou sementes protegidas por uma capa esbranquiçada, popularmente designada por “camisinha” que protege os dois cotilédones que a constituem. A fava tem um sabor amidoso, semelhante ao da batata e uma textura granulada mas ligeiramente amanteigada.

Assim como os Açores, a região de Paredes também é rica em fava, nomeadamente o vale do Mesio, onde ela se cultiva em grande escala e onde parece ter o seu habitat natural.

Existem variadíssimas formas de cozinhar as favas, sendo a melhor e a mais apreciada a das favas estufadas, muito comum nos tascos das festas açorianas. Deliciosa, também, é a simples sopa de fava. Mas de uma forma ou de outra as favas estão total e absolutamente interditas no meu cardápio diário. É que o seu alto teor de proteínas, impede-as de que sejam consumidas por doentes que sofrem insuficiência renal.

Assim resta-me a serena nostalgia, de nos meus passeios diários, ao passar pelos campos onde as favas florescem com excelência e primazia, ali para os lados das margens do Mesio ou nos campos floridos de São Caetano do Pico, apenas ver o amontoar-se das suas plantas, apreciar a beleza das suas flores, enfatizar-me com o perfume das suas vagens ou então contentar-me, de longe, com o eco das variadíssimas frases, expressões e ditos, onde a fava tem um lugar de realce: “favas contadas”, “mandar à fava” ou “pagar as favas”.

Na Fajã Grande, em tempos recuados, era costume na noite de São João colocar três favas de baixo do travesseiro, uma com a casca, outra descascada e a terceira meia descascada. De manhã, ao acordar, tirava-se uma delas. Se saísse a que tinha a casca havíamos de ser ricos, mas se saísse a descascada havíamos de ser pobres para sempre. Se a saísse a que tinha meia casca seríamos remediados, o que já não era muito mau!

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 15:33

ARMAS DE SABUGUEIRO E CADEIRINHAS DE JUNCO

Sexta-feira, 07.06.13

Talvez porque ainda pairasse sobre nós o espectro da segunda Guerra Mundial, talvez porque ouvíamos muitas estórias e relatos sobre piratas que antigamente atacavam a ilha, não apenas a população mas também muitos navios que por ali passavam, carregados de mercadorias que, vindos das Américas e demandavam as Flores na procura de rumo que os guindasse nas sendas das rotas europeias e norte-africanas, talvez por se encafuar, no nosso subconsciente, que a história da humanidade era um relato permanente de batalhas e guerras, talvez por isto e por aquilo e talvez por coisa nenhuma, mas simplesmente porque havíamos de construir os nossos próprios brinquedos com o material de que dispúnhamos, uma das brincadeiras muito frequentes das crianças, nos anos 50, na ilha das Flores, era a da construção de armas de sabugueiro, com balas de raiz de cana roca, de bagas de sanguinho e de zimbro, com as quais nos entretínhamo-nos a dar tiros contra tudo e contra coisa nenhuma e, sobretudo, a ouvir o estrepitante estalido das ditas cujas, quando disparavam.

Fazer uma arma de sabugueiro era fácil. Bastava possuir uma boa navalha para cortar um tronco não muito grosso de uma árvore de sabugueiro. O pedaço de tronco a cortar deveria ser rectilíneo e com um tamanho aproximado de dois palmos de criança. Depois de cortado e devidamente alisado nas pontas, com uma verga ou com um vime empurrava-se o miolo do respectivo pedaço de tronco de sabugueiro, de modo a que este saísse totalmente e o sabugueiro ficasse furado duma ponta a outra, como se fosse um túnel, formando uma espécie de tubo. De seguida cortava-se um garrancho de incenso, de preferência com uma das metades mais grossa do que a outra. Uma parte do incenso, um pouco mais pequena do que o sabugueiro, deveria ser cortada, “falquejada” e raspada com um pedaço de vidro, de maneira a formar um cilindro que penetrando no tubo do sabugueiro se ajustasse ao mesmo sem grandes folgas, de tal modo que a parte mais grossa empeçasse e não entrasse no tubo, formando uma espécie de êmbolo. Com a navalha, cortavam-se dúzias e dúzias de pedaços de raízes de cana roca, à semelhança de pequenas rolhas ou juntavam-se as bagas de zimbro ou sanguinho, destinadas a tapar ambas as extremidades do tubo de sabugueiro. Uma vez bem metidas no mesmo deveriam ser bem apertadas, aparando-se toda a parte da rolha que não entrasse, de modo a ficar rasa nas extremidades do tubo. De seguida com o pau de incenso ia-se empurrando uma das rolhas que, aos poucos, ia entrando no tubo, comprimindo o ar, até empurrar a rolha da outra extremidade, atirando-a para bem longe e provocando um enorme estalido. A rolha empurrada ficava a ocupar a da parte da frente que havia sido atirada e colocava-se nova rolha na parte traseira, repetindo-se a operação cada vez que se pretendesse dar um novo tiro.

Uma arma de sabugueiro, quando bem-feita, atirava a bala para uma distância bastante considerável, provocava um ruidoso estalido e, se acertasse na corpo de alguém, doía a valer. Ai se doía!

As meninas, por sua vez, porque pouco afeitas a estas actividades bélicas, entretinham-se a fazer as cadeirinhas de junco. O junco era uma planta herbácea que crescia abundantemente, nas Flores, quer nos terrenos alagadiços, vulgarmente designados por lagoas quer nas margens das ribeiras e com mais abundância ainda nas zonas mais altas e rochosas da ilha, sobretudo nos matos, onde inclusivamente havia um lugar que fazia jus a este nome – o Rochão do Junco.

De tão abundante que era o junco, nem era aproveitado na totalidade, sobretudo porque o seu uso se destinava exclusivamente para secar os currais dos porcos, substituindo a cana roca e os milheiros ou para cama do gado nos palheiros substituindo os fetos e o restolho do trevo e da erva da casta. Por isso mesmo, o junco crescia e multiplicava-se de forma extraordinária, acabando por apodrecer no mesmo sítio onde nascia e crescia, para voltar a nascer e crescer de novo. Estava pois sempre à mão, o junco. Além disso o seu caule cilíndrico possuía uma mobilidade e uma flexibilidade que convidavam à criatividade. As meninas, nas suas brincadeiras, corriam a apanhar os caules do junco, verdinhos, aveludados e maleáveis e a fazer com ele as interessantíssimas “cadeirinhas de junco”, para brincar, por vezes, colocando-as nas casitas de papelão das bonecas de trapos com cabeça de loiça ou de casca de milho que elas próprias ou as mães construíam. Escolhiam os caules melhores e os mais rechonchudos e seleccionavam o maior, com o qual se armava as costas da cadeira, colocando-o em semicírculo sobre os dedos indicador e anelar, do lado das costas da mão, dando-lhe, de seguida, alguma folga. Depois e do lado interior da mão colocavam, horizontalmente, um outro caule, dobrando-se sobre este as duas pontas do primeiro que ficavam presas entre os dedos. De seguida colocavam um outro caule, também horizontalmente e paralelo ao anterior, dobrando, da mesma forma, as suas extremidades e procediam assim até obter seis ou mais caules horizontais sucessivamente dobrados nas pontas e que formavam o assento da cadeira. Retirada toda esta estrutura da mão, prendiam e amarravam em quatro as extremidades dobradas dos caules, que depois de cortadas do mesmo tamanho formavam os quatro pés da cadeira. Obtinham assim um produto final de belo efeito, ou seja, um brinquedo de rara singularidade, de notável beleza e de considerável fascínio

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por picodavigia2 às 15:06

INHAME

Sexta-feira, 07.06.13

Inhame é o nome comum, dado a várias espécies de plantas de vários géneros da família das “Araceae” e a outros da família “Dioscoreacea”. No entanto, também se designa por “inhame” o tubérculo de umas e outras destas espécies de plantas. Trata-se de uma herbácea perene, cultivada para o consumo do seu tubérculo, uma vez que, em muitos países e regiões, como é o caso dos Açores, constitui base da alimentação humana, com destaque paras as ilhas das Flores, Pico e São Jorge, onde outrora teve um papel fundamental nas suas economias. A revolta dos inhames teve o seu epicentro em São Jorge. Nalgumas ilhas dos Açores, também se designa por “coco” quer a planta do inhame, quer o seu tubérculo, como é o caso de São Jorge, onde, ainda hoje, o inhame é extensamente cultivado.

Os inhames, sobretudo os que nascem e crescem em terrenos pantanosos ou nas margens das ribeiras, como acontece nas Flores e em São Jorge, produzem tubérculos muito gostosos, embora com sabor diferente aos produzidos em terenos secos e atingem, por vezes, tamanhos gigantescos, com folhas largas e amplas, de interessante efeito decorativo, popularmente designadas por “orelhas de elefante”. Na ilha das Flores, o seu tamanho, resistência e frescura faziam com que fossem utilizadas para recolha e transporte de água, levada pelas crianças e mulheres, aos homens que, debaixo de um calor tórrido, trabalhavam nos campos ou quando extraíam o sargaço no Rolo. A folha do inhame conservava a água fresca durante horas e a sua maleabilidade, permitia que se amarrassem na parte exterior, formando uma espécie de saco.

A pele do tubérculo, em cru, é áspera e difícil de descascar, por isso se cozem os inhames com a casca, pois, uma vez cozidos, a pele suaviza e não provoca irritação ou comichão na pele, como quando em cru. No entanto, antes de os cozer, os inhames devem ser “rapados” o que origina também graves irritações na pele, se não houver as precauções vividas.

A casca do inhame varia em cor, desde o castanho-escuro ao rosa claro, dependendo da espécie e variedade da planta, sendo que a porção comestível do inhame possa ter uma polpa com cores que vão do esbranquiçado ao amarelo, rosado ou ao roxo, com casca mais ou menos rugosa com coloração que vai do esbranquiçado ao castanho-escuro. A textura da polpa varia entre o tenro e aguado e o seco e fibroso, dependendo quer da espécie e variedade do inhame, quer do seu estado vegetativo. Regra geral, a parte seca do inhame, em termos alimentares, é bastante mais apreciada. Nas Flores, quando um inhame estava era excessivamente aguado, dizia-se que estava “run” e não se comia, constituindo, neste caso, alimento para as galinhas ou para os porcos, sendo que estes, também os comiam crus.

O inhame cultivado nas ilhas açorianas tem o aspecto de uma planta rústica, dispensando tratamentos sofisticados, sendo o seu tempo de amadurecimento de cerca de dois anos. Nas Flores, os inhames cultivados nas terras secas do Lameiro, Lombega e Cabaceira eram sachados e mondados como se de milho se tratasse, no entanto, os inhames que cresciam nas lagoas da Figueira, das Covas e nas ribeiras da Ponta, não necessitavam de nenhum tratamento ou cuidados. No Pico é habitual cobrir-se a terra, ao redor dos inhames, com fetos.

Devido ao seu excelente sabor, ao seu valor nutricional e à diversidade de composições culinárias em que pode ser incorporado, o inhame, actualmente, é considerado uma cultura de alto valor, sendo hoje cultivado em todas as regiões tropicais e subtropicais e em algumas regiões temperadas não sujeitas a geadas. Nos Açores continua a desempenhar um papel importante na economia de algumas ilhas, pois o cultivo do inhame é fácil, não estando sujeito a ser prejudicado por ventos, secas ou outras intempéries, sendo as principais condicionantes à sua produção, a disponibilidade de plantio, a competição com ervas daninhas e uma ou outra praga, com destaque para os fungos. Em geral, o inhame é cultivado tendo, como único aporte externo, a utilização de pequenas quantidades de fertilizante, ou mesmo sem outro fertilizante do que a adição de material orgânico ou de cinzas resultantes de queimadas. Além disso o plantio de inhame, resultante do corte do tubérculo quando este se colhe, pode ser lançado à terra na estação seca, mesmo com o solo está seco e quando a disponibilidade de trabalho das populações é maior. A facilidade do seu desenvolvimento prende-se com o facto, dos seus tubérculos terem uma grande capacidade de armazenamento, continuando a crescer enquanto a disponibilidade de água no solo o permite.

Cuida-se que o inhame tem um elevado valor calórico, sendo rico em proteínas e em elementos tais como o fósforo e o potássio, tendo na estrutura alimentar das regiões onde se cultiva, nomeadamente nos Açores, a mesma posição que a batata ocupa nas regiões em que ele é desconhecido. Nos Açores o inhame é muito apreciado como acompanhamento da carne de porco, nomeadamente com os torresmos, a linguiça ou a morcela mas é também muito utilizado como acompanhamento da carne guisada ou, simplesmente, de peixe frito.

Infelizmente, a excessiva riqueza alimentar do inhame, em termos de proteínas, limita radicalmente o seu consumo aos doentes com insuficiência remal.

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 14:59

UM BIGODE FARFALHUDO

Sexta-feira, 07.06.13

Separadas por grandes distâncias, entrecortadas por rochas altíssimas, encravadas entre ribeiras e grotões, ligadas apenas por veredas ou caminhos de difícil acesso, desde sempre, as freguesias das Flores souberam procurar formas de aproximar os seus habitantes, sobretudo por altura das suas maiores festividades. Assim nasceu o tradicional costume de cada família ter, nas outras freguesias da ilha, os seus “conhecidos”.

Na Fajã Grande quase todas as famílias tinham “conhecidos” no Mosteiro, no Lajedo, nas Lajes, na Lomba e até em Ponta Delgada e nos Cedros. Por isso, pela festa da Senhora da Saúde rumavam à Fajã Grande romeiros de toda a ilha que demandavam as casas dos seus “conhecidos” , onde se hospedavam durante dois, três ou mais dias. Quando se realizassem as festas nas suas freguesias, seriam eles a dar hospedagem aos da Fajã, nas suas próprias casas.

Certo ano, na véspera da Senhora da Saúde, alta noite, chegou à Fajã Grande, o Arlindo, vindo Lomba. Fizera-se ao caminho já tarde e por isso chegava àquelas horas. À Praça encontrou o Albino, um dos filhos do Manuel Tesoureiro, seu “conhecido”. Conversaram um bocado, foram beber um “traçado” ao botequim do Venceslau e seguiram juntos para a Fontinha, onde morava o velho Tesoureiro com a mulher e os filhos. Ao chegarem a casa já todos dormiam. Pé ante pé, o Albino foi acordar a mãe, informando-a de que estava ali o Arlindo da Lomba e que era preciso acomodá-lo em qualquer sítio.

A velhota ficou aflitíssima e sem saber o que fazer. É que a noite já ia adiantada, todos dormiam regaladamente e a casa estava à cunha: num quarto estavam os conhecidos do Mosteiro, no outro os de Ponta Delgada, as filhas tinham-se acomodado na loja e ele mais os irmãos iam ficar em cima duma manta, no chão da cozinha. E agora como é que ia ser? Onde se havia de acomodar o Arlindo? Que era um problema bicudo, lá isso era. Uma grande consumição! Mas na rua é que o seu “conhecido” não havia de ficar. Tinha que se arranjar sítio para o Arlindo dormir, fosse como fosse. De repente teve uma ideia. Sem acordar o velho Tesoureiro que dormia que nem um justo, dirigiu-se, pé ante pé, para o seu quarto, alisou os lençóis, abanou os cobertores para arejar o velho colchão de palha, virou o travesseiro do lado contrário e, sem fazer barulho ou acender sequer uma mecha, acomodou o Arlindo ao lado do marido, enquanto ela se foi estirar para a loja, junto das “piquenas”.

Ao acordar de madrugada o velho Tesoureiro não ouviu, como era costume, o estrepitoso ressonar da sua consorte. Preocupado, não lhe tivesse acontecido alguma desgraça, passou-lhe ao de leve uma das mandíbulas pela cara, a certificar-se de que a sua Maria ainda respirava e, qual não foi o seu espanto, quando em vez de uns pelos fracos, interpolados e pouco viçosos apalpou um bigode farfalhudo. Assustadíssimo com aquela taumaturga e repentina mudança, gritou tão alto que quase acordou a casa inteira:

- Ó Maria! Ó alma do diabo! Como é que o bigode te cresceu tanto numa noite?

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado por picodavigia2 às 08:49

PIZZA

Sexta-feira, 07.06.13

A Pizza foi considerada, num passado recente, como sendo um dos mais apetitosos, atraentes e saudáveis “junk food”, chegando mesmo a pensar-se que o seu consumo contribuiria para o desenvolvimento duma dieta sã e equilibrada. É que a pizza, na realidade, no que aos seus ingredientes e métodos de cozimento diz respeito, é um alimento sublimemente variado, o que faz com que o seu valor nutricional seja muito rico. A pizza surge, pois, como uma opção alimentar válida, uma vez que, para além de atraente e deliciosa, é bastante saudável, podendo constituir parte duma dieta diária, normal.

Os mais importantes factores que determinam o conteúdo nutricional de uma pizza são a sua espessura e a sua cobertura, embora, o modo como é cozida também seja um factor importante e a ter em conta. De um modo geral, a pizza, quanto mais grossa, mais calorias e mais gorduras contém, isto, simplesmente, porque é a própria massa que contém uma quantidade relativamente alta quer dumas, quer doutras. Além disso, bases mais espessas significam que é necessária uma maior quantidade de cobertura, a fim de preservar o sabor, o que, consequentemente, ainda adiciona, à pizza, não só mais calorias como também mais gorduras.

Quase todas as pizzas são feitas utilizando o molho de tomate e o queijo como ingredientes básicos, adicionados à massa. O molho de tomate, em geral, não é um factor importante para a composição nutricional da pizza, enquanto o queijo, pelo contrário, é um elemento que faz muita diferença tanto no aumento de gordura, como no crescendo de calorias que a pizza contém.

Quando comprada numa loja da especialidade ou num supermercado, a pizza é, geralmente, considerada como sendo uma opção errada, em termos de valor nutricional e menos saudável do que a feita em casa. No entanto, na realidade, existe uma vasta gama de pizzas, compradas já prontas e de muita qualidade.

A pizza, no formato que a conhecemos hoje, surgiu no século XVI, quando os tomates, oriundos da América, foram introduzidos na culinária europeia. Considerada como alimento dos pobres, do sul da Itália, era preparada com ingredientes baratos como alho, peixe e queijo. No começo do século XX, os imigrantes italianos trouxeram-na para a América, transformando-a “no disco mais delicioso das mesas americanas”.

Existe uma certa polémica acerca da origem da pizza. Embora quase todos pensem que o prato foi de invenção italiana. Mas há registos históricos que apontam os egípcios como pioneiros, ao criarem uma massa à base de farinha com água. Os babilónios, os gregos e os hebreus também assavam massas misturando farinha de trigo e água em fornos rústicos ou tijolos quentes. No entanto, foram os napolitanos os primeiros a acrescentar temperos como manjericão à massa.

Talvez peça sua qualidade alimentar e também por ser um alimento antigo, a pizza tornou-se num dos alimentos mais consumidos e muito apreciados pela maioria da população. Muitas vezes, a ingestão exagerada pode trazer consequências indesejáveis à saúde, mas o seu consumo equilibrado pode trazer muitos benefícios.

O queijo e o tomate são os ingredientes básicos para o recheio. Excelente fonte de cálcio, o queijo é fundamental para a formação e manutenção dos dentes, ossos e cartilagens. Além disso, é rico em proteínas, importantes para o desenvolvimento do organismo. Já o tomate é fonte de minerais, como: potássio, cálcio, fósforo, sódio, magnésio e ferro, além de vitaminas A, B e C. Contém também licopeno, substância antioxidante responsável por evitar o envelhecimento precoce e o câncer de próstata.

Quando adicionados a estes e outros ingredientes, os temperos orégãos e manjericão, além do sabor característico da pizza, também promovem benefícios à saúde. O manjericão possui acção anti-inflamatória e auxilia a digestão. Por sua vez, o orégão ajuda a aliviar dores de cabeça e tem acção antibacteriana.

A chamada pizza integral é rica em fibras e beneficia o intestino, sobretudo contendo produtos como: azeitona, milho, palmito, cogumelos, tomate, ervilha. Deve colocar-se pouco queijo, pois mesmo tendo cálcio, Também são saudáveis as pizzas com carne de frango e com frutas.

Apesar da sua agradabilidade, do seu sabor delicioso, do seu aspecto apetecível e, sobretudo do seu excelente valor alimentar, a pizza, embora ainda presente, aqui ao lado, bem perto, está-me interdita por motivo de sofrer de insuficiência renal.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

tags:

publicado por picodavigia2 às 08:40





mais sobre mim

foto do autor


pesquisar

Pesquisar no Blog  

calendário

Junho 2013

D S T Q Q S S
1
2345678
9101112131415
16171819202122
23242526272829
30