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PASSO LENTO

Sábado, 29.06.13

"É melhor um passo lento por caminho recto do que muita velocidade fora do caminho."


(São Leão Magno, teólogo e papa – sec. V)

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publicado por picodavigia2 às 23:52

O IMPÉRIO DE SÃO PEDRO

Sábado, 29.06.13

Na Fajã Grande existiam 6 Impérios: quatro do Espírito Santo (Casa de Cima, Casa de Baixo, Ponta e Cuada) e dois de S. Pedro (Casa de Cima e Ponta).

Curiosamente a festa organizada pelo Império de S. Pedro da Casa de Cima, assim como o S. Pedro da Ponta, era em tudo ou quase tudo, muito semelhante à festa do Espírito Santo, realizada nos outros Impérios. Apenas as insígnias eram diferentes: não havia bandeira branca, a coroa era muito pequenina e, nos cortejos, era sempre acompanhada por uma imagem de S. Pedro. Como a imagem de S. Pedro, pertencente ao respectivo Império era muito pequenina, no dia da festa e nas procissões e cortejos que se realizavam por essa altura, era a imagem existente na igreja, porque bastante maior, que acompanhava as outras duas insígnias, sendo transportada em andor adequado.

Mas a grande diferença entre o Império de São Pedro e os do espírito Santo era a de que a maior parte dos mordomos pertencentes a este Império eram jovens e crianças. Chamava-se também “Império das Crianças”.

Mas, da mesma forma que na festa do Espírito Santo, na semana que antecedia a de S. Pedro e de forma idêntica, eram cantadas as Alvoradas. Na antevéspera, de tarde, organizava-se o cortejo até rolo da Baía de Água, para a matança do gado, sendo a carne distribuída pelos mordomos na véspera de manhã, acompanhada pela pequenina coroa, pela bandeira, pelos foliões e por muitas crianças.

A festa realizava-se no dia 29 de Junho, dia liturgicamente dedicado a S. Pedro e S. Paulo, quando ainda era “dia santo abolido”. Nesse dia havia idêntico procedimento ao da festa de Espírito Santo, verificando-se apenas uma alteração: da parte da tarde organizava-se uma procissão, com coroa, bandeira e imagem do Santo, até ao Porto Velho, onde os barcos presentes haviam sido devidamente ornamentados e enfeitados. A imagem era colocada num barco juntamente com a coroa e a bandeira, enquanto o pároco, com barco a servir de púlpito, pregava o sermão, procedendo, de seguida, à bênção dos barcos.

O cortejo regressava à Casa de Cima e procedia-se às sortes dos novos cabeças, com um ritual em tudo semelhante ao realizado na festa de Espírito Santo.

A festa terminava, ao início da noite, com o “levar das sortes” aos novos cabeças.

 

 

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publicado por picodavigia2 às 16:04

UMA MULTA NA CIDADE DO PORTO

Sábado, 29.06.13

No dia 31 de Março de 2008 estacionai o meu automóvel na Rua Clemente Meneres, na cidade do Porto, sem pagar a respectiva taxa de estacionamento, tendo sido devidamente actuado por tal irregularidade. Como era óbvio e já esperava, passados alguns dias recebi a devida notificação da Câmara Municipal do Porto, onde me disponibilizava a possibilidade de efectuar o pagamento da respectiva multa através de cheque enviado à mesma pelos correios. No dia 28 de Abril, cumprindo os prazos legais, enviei um cheque com o quantitativo estabelecido no aviso da multa para a Câmara Municipal do Porto, sem no entanto, especificar qualquer departamento daquela edilidade. No dia 8 de Julho o cheque foi debitado da minha conta considerando eu a dívida paga e a questão encerrada.

Para espanto meu, no dia 8 de Agosto do mesmo ano, recebi uma carta assinada pelo Vereador do Pelouro do Urbanismo e Mobilidade da C. M. do Porto informando-me que a dívida não tinha sido paga, de que o seu montante, nesta data, já era três vezes superior, constituído, simultaneamente, arguido num processo judicial.

Dirigi-me ao Porto, numa distância de 60 kms, com portagens e estacionamento pago na invicta, fui à agência da Caixa Geral de Depósitos e requisitei documento comprovativo de que o cheque teria sido levantado e depositado na conta da Câmara Municipal do Porto, expediente que eu próprio tive que pagar. De seguida dirigi-me ao Gabinete do Munícipe da C.M do Porto, fazendo prova de que a multa havia sido paga. Fui informado pela funcionária de que o responsável pelo meu processo não estava de serviço, garantindo-me que durante a tarde desse dia seria contactado por ele.

Como não fui contactado, nem nessa tarde nem em nenhuma outra, no dia 14 de Agosto enviei nova carta registada e com aviso de recepção ao Departamento Municipal Jurídico e de Contencioso da Câmara Municipal do Porto, juntando as provas documentais de que a dívida estava paga, das despesas desnecessárias que tinha feito, exigindo que fosse ressarcido.

Porém, da Câmara Municipal do Porto até hoje, nada recebi. Nem um simples cartão a confirmar que a dívida estava paga e, no mínimo, a pedir desculpas.

 

NB - Texto publicado no Pico da Vigia, em Janeiro de 2010.

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publicado por picodavigia2 às 15:28

NOITE DE TEMPORAL NO MAR ALTO

Sábado, 29.06.13

Certa vez em que viajava no Cedros, levantou-se um medonho temporal durante a viagem entre o Faial e as Flores. Logo ao sair da Horta os passageiros haviam sido avisados de que estava previsto mau tempo para a noite que se aproximava e, logo após ao sair da doca, o vento forte já começava a agravar o estado do mar, que piorava a cada momento, provocando um balancear contínuo e exagerado do pequeno navio. Ainda não tinha passado o morro de Castelo Branco e comecei a enjoar, a sentir tonturas, vómitos e enormes dificuldades em segurar-meem pé. O Cedrosnavegava cada vez mais açulado pelo forte vento norte e com um ranger assustador dilacerava ondas enormes e altivas, provocando grandes balanços e sucessivos solavancos, que assustavam sobretudo mulheres e crianças. Sentindo que ia vomitar e não tendo onde, desloquei-me para o salão da terceira classe na tentativa de descobrir lugar onde me recostasse e onde, à socapa, me aliviasse. O salão estava repleto de crianças a chorar, de mulheres a gritar e de homens a gemer. Quase todos vomitavam e muitos outros estavam prestes a fazê-lo. O salão exalava um cheiro insuportável e o ar lá dentro era pestilento a ponto de sufocar. Saí cá para fora, para respirar o ar puro e fresco, acompanhado dos salpicos do mar. Mas sentia-me em piores condições do que quando entrei. O mar piorava a cada momento o que agravava as condições de navegabilidade do navio que balouçava cada vez mais assustadoramente. O Faial havia desaparecido há muito no escuro da noite e no negrume do temporal. À minha volta a maior parte dos passageiros vomitava. Eu não pude evitá-lo. Uma vasca terrificante e nauseativa apoderou-se de mim e o meu corpo, trémulo e inerte, estatelou-se no convés duro e molhado. Ali fiquei por algum tempo. Salpicado com os respingos da água salgada que a proa do navio ao sulcar as ondas projectava no ar e que caíam em chuveiro sobre o convés e sobre mim, reanimei. Decidi aproximar-me mais da borda do navio e permanecer ali com o rosto exposto ao ar frio da noite e à água salgada. Assim sentia-me mais aliviado. Mas o meu corpo continuava inerte e sem forças. Um marinheiro viu-me e veio tirar-me dali, avisando que era perigoso, pois, na opinião dele, alguma vaga maior poderia molhar-me por completo ou até arrastar-me. Amparado pelo homem, sentei-me em cima de uns sacos molhados que por ali estavam mas onde continuava a ser bafejado pelo fresco da noite que me ia aliviando a náusea e a aflição. A noite continuou num suplício permanente, angustiante e desanimador.

Alta madrugada, adormeci. Quando acordei eram nove horas e o navio balouçava assustadoramente no alto mar, bem longe das Flores, à espera que tempo acalmasse para poder fazer serviço na ilha. Caso contrário, estávamos condenados a regressar ao Faial.

E já passava muito do meio-dia quando o barco, timidamente, se aproximou da ilha e a muito custo lá foi despejando passageiros e mercadorias para os frágeis batéis que o circundavam, os quais opondo-se a ondas altíssimas e assustadoras lá conseguiam atirar com os passageiros para cima dos cais de Santa Cruz.

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publicado por picodavigia2 às 15:23





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