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UM ANO DEPOIS

Sexta-feira, 05.07.13

Faz, hoje, seis de Julho de 2013, precisamente um ano que se reencontraram, em Angra, com rumo traçado ao velhinho Seminário Diocesano, cerca de meia centena de antigos alunos e dois professores, também eles outrora alunos, que, nos anos 50 e 60 do século passado, se entrincheiraram naquela que designaram por Santa Casa, e onde viveram, cresceram numa inequívoca e recíproca cumplicidade, construindo uma grande família, de tal modo firme e sólida que nem a imparável corrida do tempo ou contumaz lonjura do espaço haviam de destruir ou fazer desmoronar. Ali também fizeram, se não toda, pelo menos uma boa parte da sua formação académica e humana, pois foi naquela nobre Instituição de Ensino que receberam, para além do carinho e amizade de um punhado de sacerdotes exemplares e dedicados, uma aprendizagem profunda e abrangente da parte de uma equipa de professores sábios e competentes.

Com um programa diversificado e apelativo, sob uma impecável e acariciadora organização, capitaneada por um notável triunvirato - João Carlos Carreiro, Gualter Dâmaso e Carlos Sousa – e com uma plêiade de colaboradores entusiastas, espalhados por todas as ilhas, houve um verdadeiro reencontro, onde soaram trocas de abraços e afectos, onde se rebuscaram memórias e vivências, onde o tempo se converteu em diálogo e reflexão e onde até ressurgiram jogos, brincadeiras e sobretudo, comunicação, na qual a música foi rainha,

 Uns já lá estavam, outros vieram de perto e alguns de longe, de muito longe, mas todos chegaram galvanizados por uma amizade inequívoca e por um estranho sentimento, por uma seminariedade, uma espécie de filha predilecta daquela açorianidade que Nemésio desencantou e que tanto propalou e que o professor Vamberto Freitas, em artigo publicado no último número da revista da SATA, muito bem explicou, afirmando que esta nossa açorianidade não tem a ver com passaportes e fronteiras mas com os que connosco partilham o destino de uma vida em perpétua busca do pão e da realização, o sonho em viagem sem fim.

Foi esta açorianidade, tão exclusivamente nossa, que arrastou, empolgou, uniu, congregou e, consequentemente, apesar de já passado um ano, deixou ecos bem sonoros e imagens bem visíveis, que ainda hoje, por certo, perduram no coração e na memória de todos aqueles que durante três dias trocaram abraços, se encharcaram de emoções, se envolveram em recordações e recriaram a inequívoca proximidade das suas vivências de outrora. Do programa elaborado pela equipa coordenadora, ressaltaram momentos importantes e inesquecíveis, como a recepção e o acolhimento no Hotel Angra, a visita ao Seminário, situado na rua do Palácio, a apresentação de fotos, textos e testemunhos e o convívio durante as refeições, com destaque para o jantar do primeiro dia, precisamente no refeitório do Seminário, nas mesas, nos bancos, onde se sentaram durante doze anos.

Mas cada dia era melhor do que o anterior e assim aconteceu com o segundo, dedicado à recriação, à reflexão, com um passeio pelas ruas de Angra, por onde outrora nas tardes de quintas e domingos, transitavam, com destino ao Monte Brasil, ao Relvão, Pátio da Alfandega e Jardim da Cidade. Mas foi à noite, que teve lugar o epicentro do encontro - a realização duma espécie de réplica dos Saraus Musico-Literários, de outrora que, por altura da festa de São Tomas de Aquino enchiam o Salão Nobre do Seminário e se repercutiam, através do RCA pelas nove ilhas açorianas.

Passado um ano, todas estas vivências nos regressam à memória, congregando-nos, cada vez mais numa enorme família que, apesar das distâncias do tempo e do espaço, cada vez parece mais unida e envolvente. E o Facebook, inequivocamente, tem aqui uma boa parte de responsabilidade.

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publicado por picodavigia2 às 22:54





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