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GASTRONOMIA DO PICO

Quinta-feira, 19.09.13

A ilha do Pico, nos Açores, tem uma gastronomia muito rica e variada. Se por um lado, o mar lhe disponibiliza uma grande variedade de pratos deliciosos, como os crustáceos, mariscos e peixes de todos os tamanhos, formas, cores e sabores, por outro a terra oferece-lhe os inconfundíveis sabores de carnes, frutas, legumes e muitos outros produtos, com destaque para os saborosos queijos.

Do mar vem o peixe cozido, sob a forma de caldo ou caldeirada, frito, grelhado, muito fresco e, por vezes, acabadinho de pescar. um pitéu, mas ainda podem oferecer-se num divinal “caldo de peixe” ou numa espectacular “caldeirada”.

As carnes de bovino e suíno mostram-se imbatíveis numa “molha de carne à moda do Pico”, com carne de vaca ou uns “torresmos”, a partir da carne de porco.

A gastronomia da ilha é muito rica, nomeadamente no que toca aos produtos do mar. Os crustáceos como a lagosta, o cavaco e o caranguejo, os moluscos, como as lapas e as cracas, as lulas e os polvos servem de base a pratos variados e ricos. Entre os peixes destacam-se espécies como a abrótea, o chicharro, a moreia, a Veja (parecido com o bacalhau), o írio, a salema, o cherne, a garoupa, o espadarte.

 

As carnes de bovino e suíno encontram-se presentes em pratos da culinária regional como “molha de carne à moda do Pico”, “torresmos”, “linguiças” e “morcelas”. Em termos de laticínios destacam-se os queijos de São João e do Arrife, ambas produzidos a partir do leite de vaca. São consumidos com vinho verdelho, vinho de cheiro ou outros produzidos localmente e pão de massa sovada.

 

Falar do vinho do Pico, é sinónimo de orgulho. A cultura da vinha está associada aos primeiros tempos do povoamento, nos finais do século XV. O vinho verdelho, a partir da casta do mesmo nome, ganhou reputação mundial ao longo dos séculos, chegando à mesa dos czares russos. A partir do século XIX são introduzidas novas castas que dão origem a vinhos de mesa brancos e tintos. O modo de cultivo, contra a aspereza dos terrenos vulcânicos quase sem terra vegetal, em currais, que são áreas muradas de pedra negra, de muito pequena dimensão, marca igualmente a cultura da Ilha do Pico.

 

A prova da importância local e mundial é o facto da UNESCO, em Julho de 2004, ter considerado a Paisagem Protegida de Interesse Regional da Cultura da Vinha da Ilha do Pico, criada em 1996, como Património Mundial da Humanidade. Currais, maroiços, que são diversos amontoados de pedra em forma de pirâmide, vinhas e adegas com os seus equipamentos, são elementos emblemáticos da vinha e do vinho».

 

Em termos de doces destacam-se os pratos de arroz doce, massa sovada e rosquilhas. Em termos de digestivos destacam-se o bagaço do Pico, a aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou os queijos de São João e do Arrife vão muito bem com um vinho verdelho e um pão de massa sovada. O vinho do Pico é sinónimo de orgulho.

 

Um bom prato de arroz doce, massa sovada ou rosquilhas. Para rematar, um bagaço do Pico, uma aguardente de figo ou um dos vários licores a partir de amora, nêspera ou de uma “angelica”.

 

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publicado por picodavigia2 às 21:41

A NINHADA

Quinta-feira, 19.09.13

O galo Delfim andava numa aflição desmesurada, num tormento incontrolável. Desde há algum tempo que vivia os mais tristes e amargos dias da sua vida. A galinha Codorniz, a sua amada e predilecta entre todas as galinhas da cerca da Senhora Mariana, havia desaparecido.

Ao princípio ainda cuidou que fosse uma aventura amorosa, uma loucura momentânea, um salto esporádico à capoeira da vizinha, para um encontro desavergonhado com aquele “maricas” que era o galo do galinheiro ali ao lado – um badameco que nem cantarolar sabia - como fazia, vezes sem conta, a atrevida e doida da Cor-de-Pomba. Uma desavergonhada que o traía com frequência e o atraiçoava sem escrúpulos! Mas a Codorniz, não. Para além de amiga, fora-lhe sempre fiel.

Séria, trabalhadora e ajuizada, aquilo fora amor à primeira vista. Desde o dia em que a senhora Mariana o comprara à Mariquinhas do Engenho e o atirara, abruptamente, para a cerca que simpatizara com ela. A simpatia foi crescendo, crescendo e de recíproca que era, depressa se transformou em amor e este em paixão. Eram os dois enlaçados dia e noite em acervos amorosos e as outras, coitadas, à espera de oportunidades que, devido à pertinácia da Codorniz, rareavam.

Agora estava ali, mais do que triste, preocupado e sem saber o que fazer. Mas tão longa ausência não era, por certo, um simples salto ao galinheiro da vizinha. Ali, havia “marosca” e da grande.´ ´Oh! Se havia… Andando para trás e para diante como um tolo, saltitando para aqui, pulando para acolá como um labrego, barbela murcha que nem úbere de vaca seca, abanando as asas e esticando a perna esquerda aqui, a direita acolá como se estivesse derreado, o galo Delfim definhava, dia após dia. Não comia, nem dormia. Levantava-se do linheiro, alta madrugada mas já nem conseguia encher os pulmões e atirar, por entre as brumas matinais, a sonoridade inconfundível do seu belo canto.

E o galo Delfim definhou por completo, quando, açulado pelo passar inequívoco dos dias, concluiu que aquilo só podia ter sido faca e alguidar. E, nada mais fez do que chorar e entrar num nojo assumido. A galinha Codorniz, por certo e seguro, havia ido parar ao caldeirão da sanguinária Dona Mariana. Perdera para sempre a sua bem-amada. As outras galinhas, manifestando disfarçadamente alguns laivos de contentamento, bem o tentavam demover da sua consumição, com festanças, cacarejos e provocações. Mas ele nada. Piorava de dia para dia.

Longe dali, na sua loja, a senhora Mariana havia colocado resmas e resmas de palha dentro de um cesto velho, anafara a última camada de forma a fazer uma espécie de linheiro muito fofinho e confortável, colocara-lhe dentro meia-dúzia de ovos, dos melhores que tinha e espetara-lhes, em cima, a galinha Codorniz, completamente choca, a arder em febre. Ao princípio a desnaturada ainda esvoaçou, estrebuchou, cacarejou e bateu as asas como que a querer sair dali, lembrando-se da ternura, do carinho e do amor do galo Delfim, que não via há dois dias. Mas mal sentiu a suavidade suplicante dos ovos, a pedirem-lhe que os aquecesse, acomodou-se com jeito sobre eles e encheu-se de ternura, com modos de galinha genitora.

 E, passados, vinte e um dias, para gaudio da senhora Mariana e felicidade da galinha Codorniz, os ovos começaram a estalar a casca e deles saiam belos e fofinhos pintos, amarelos, alaranjados e cinzentos. Uma bela ninhada! E a mãe toda vaidosa a aquecê-los, a aquentá-los, a envolvê-los debaixo das suas asas, a dar-lhes as primeiras nicas de alimento. Depressa os pintainhos cresceram, transformando em penas a penugem que, inicialmente, lhes cobria os corpitos.

Entendeu então, a senhora Mariana que era altura de os misturar com a restante capoeira. Pegou-lhes um a um e lá os foi deitando na cerca, juntamente com a mãe que, preocupada em os defender das nicadas das invejosas das outras galinhas, nem se apercebeu da alegria e do contentamento do seu galo Delfim que, ressuscitando por completo do marasmo em que jazia, corria, como doido, de um lado para o outro, sem acreditar no que via. Parecia-lhe um sonho. Só mais tarde, quando já mais calmo e crente, se aproximou da mãe que, orgulhosa, lhe foi apresentando os filhotes, um a um, acreditou que, afinal, não estava a sonhar.

E na madrugada seguinte, todo contente, o galo Delfim, levantou.se cedo para a cantoria habitual, que, desde há muito, havia cessado. Não o fez sozinho. Ao seu lado estava um franganote, altivo e elegante, de cor de codorniz, que embora com uma voz ainda frouxa e trémula, lá ia imitando o cantar do seu progenitor.

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publicado por picodavigia2 às 09:43





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