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SALMO 152

Quinta-feira, 26.09.13

(UM POEMA DE ARTUR GOULART)

 

O tempo que corre

é mar que se espraia.

 

As ondas são sonhos

perdidos por mim.

 

O vento é espuma

rendando desejos.

 

A rota é o longo

caminho da posse.

 

O amor é um barco

que eu fiz para ti.

 

A.Goulart no fio das palavras

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publicado por picodavigia2 às 21:05

O DIA EM QUE A TIA AUGUSTA PARTIU PARA A AMÉRICA

Quinta-feira, 26.09.13

O dia em que a tia Augusta partiu para a América foi o mais triste e desventurado da minha vida.

De todas as minhas tias, tanto paternas como maternas, a que eu mais gostava, diria mesmo, a que mais amava, era a tia Augusta, a mais nova irmã do meu progenitor. Para além, de elegante, bonita, esbelta e graciosa, a tia Augusta tinha um coração generoso e era meiga, benevolente, simpática e, mais do que isso, era minha amiga, muito minha amiga. Por isso desabei num choro imenso, num pranto desolado e num sufoco inconformado no dia em que ela partiu para a América.

Desde de pequenino que a tia Augusta me cobria de mimos, me doseava de desvelos e me atafulhava de carinhos. Como não era casada, nem tinha filhos, eu era o seu menino preferido. Em casa sentava-me no seu colo, aconchegava-me ao seu regaço, brincava e enleava-se comigo. Quando saía para trabalhar nos campos, para visitar uma amiga ou, simplesmente, para dar uma volta por aqui ou por ali, levava-me sempre consigo, nunca me largava a mãozinha e, muitas vezes, cuidando que eu havia de estar cansado com tão exaustas caminhadas, até me levava ao colo, e, pelo menos uma vez que me lembre, transportou-me às cavalitas. Um encanto e um enlevo, esta tia Augusta.

Ora certa tarde, em que eu em casa, triste e macambúzio, aguardava, ansiosamente, uma das habituais visitas da tia Augusta, para mais um momento de enlevo, talvez uma brincadeira, quiçá um passeio, fui abalroado por esta trágica, cruel e fatídica notícia: A tia Augusta tinha partido, definitivamente, para a América. Não me contive e desatei num berreiro inconsolável, dilacerante, angustioso e inaudito que me analgizou por completo do evento.

Só três dias depois, já exangue de lágrimas mas não conformado com a desdita, dei comigo a pensar no motivo que teria originado tão, aparentemente, abrupta, despropositada e incompreensível decisão da minha tia Augusta, tão querida, tão meiga, tão afável. As amigas mais chegadas, deprimidas com tão oculta e inesperada deliberação, cuidavam que fossem amores desconcertados. As vizinhas, mexeriqueiras de ofício, ciciavam que ali havia paixão proibida, pois sempre a viam - e se a não viam imaginavam vê-la – de conversas escondidas com o filho mais velho do Graveto, homem casado e pai de família. Minha avó, pasmada e sentida, cuidava que haviam sido intrigas da tia Joaquina, sempre quezilenta e alcoviteira. A Júlia do Moleiro, uma bendita que passava a vida a por famas e aleives a umas e a outras, teve a distinta lata de afirmar que a tia Augusta tinha fugido para se “desarranjar”. Eu, triste e desconsolado, cuidei que a tia Augusta tinha partido porque já não gostava de mim.

E só, alguns anos mais tarde, já feito homenzinho, eu entendi os motivos por que, afinal, a minha tia Augusta partira para a América naquele fatídico dia: É que a tia Augusta não queria continuar a trabalhar e a viver mais como uma escrava, a andar de gatas a esfregar a casa duma ponta a outra, a ir lavar cestos e cestos de roupa à Ribeira, a padejar a urina da poça do gado, a tirar o esterco da cerca do porco, a acarretar à cabeça molhos de lenha e cestos de batatas, a rapar inhames e ordenhar as vacas, a semear milhos e apanhar batatas, a ceifar feitos e a rachar lenha e, pior do que isso, a fazer todos estes e muitos outros árduos trabalhos sem ganhar um tostão que fosse, com que pudesse, ao menos, comprar um par de sapatos.

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publicado por picodavigia2 às 15:21

GRUPO FOLCLÓRICO DE SÃO CAETANO VISITOU O VALE DO SOUSA

Quinta-feira, 26.09.13

O Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano realizou, recentemente, um périplo pelo Norte do País, assentando arraiais na Região do Vale do Sousa, mais concretamente, na freguesia de Meinedo, concelho de Lousada, como convidado do Rancho Folclórico das Lavradeiras do Vale do Sousa, de Romariz, para um encontro, agendado há um ano atrás, no âmbito de um intercâmbio cultural, estabelecido entre as duas colectividades.

Partindo do aeroporto da Horta, no pretérito dia 16 de agosto, o Grupo Folclórico da mais jovem freguesia do concelho da Madalena, constituído cerca de quarenta elementos, rumou a Lisboa, onde fez uma escala rápida, Após uma longa viagem de autocarro, entre a capital e a vila duriense de Lousada, o Rancho Folclórico de São Caetano foi recebido, calorosamente, pela maioria dos elementos do grupo anfitrião, apesar do adiantado da noite. Em Lousada, os representantes da “ilha montanha” foram confrontados com calorosa e inédita recepção, onde não faltaram cantares, rufar de tambores, toque de concertinas e fogo-de-artifício. Após momentos de cativante convívio, apesar do cansaço excessivo, o grupo foi alojado nas modernas e magníficas instalações do Complexo Desportivo de Lousada, localizada nos arrabaldes da vila, na freguesia de Cristelo.

O acolhimento, por terras do Vale do Sousa, do Grupo Folclórico de São Caetano, por parte do Rancho Folclórico das Lavradeiras do Vale do Sousa, quer no que concerne a alojamento e alimentação, quer relativamente a passeios, diversões e lazer, foi excepcional, tendo aquela instituição disponibilizado à comitiva picoense a companhia, permanente e contínua, de três jovens elementos do rancho, a fim, não só de lhes prestar as informações necessárias, mas também de os acompanhar e apoiar no que necessitassem. De salientar que a atenção dispensada e os cuidados tidos por parte daquele rancho duriense, a fim de que nada faltasse e todos se sentissem bem, foram excelentes. O acolhimento oferecido foi considerado, por todos, “perfeito e exemplar”.

Em contrapartida, poderá dizer-se, em abono de verdade, que o Grupo Folclórico de São Caetano do Pico, também teve um comportamento e atitudes modelares, deixando por toda a parte um rastro de respeito, consideração, estima e simpatia. Além disso, nos espectáculos em que participou, o grupo picoense não só trouxe, como também expeliu e esparramou, nas noites escaldantes durienses, o furor lávico da sua música, do seu bailar e das suas coreografias - estonteante perfume da história, da cultura, das tradições, dos costumes e dos cantares duma ilha, que tenta, cada vez mais, em se espelhar na grandiosidade do seu passado e de se ostentar nas vivências do seu presente.

O Grupo Folclórico da Casa do Povo de São Caetano do Pico actuou em três festivais. Primeiro, na própria freguesia de Meinedo, uma das 25 do concelho de Lousada, ombreando com ranchos folclóricos de renome nacional, como o Rancho Folclórico Tá-Mar da Nazaré, o Rancho Folclórico os Camponeses da Beira-Rio, da Murtosa-Aveiro e com o rancho anfitrião. Um espectáculo de grande qualidade, balizado num espaço histórico, numa das freguesias mais populosas do concelho de Lousada, com cerca quatro mil habitantes, quase equivalente ao concelho da Madalena, tendo como ex-libris a igreja românica de Santa Maria Maior, cuja fundação remonta ao século XIII. Sabe-se que nos primórdios do cristianismo na Península, Meinedo, então designada por “Magneto”, terá sido a primeira sede da Diocese do Porto.

A segunda participação do Grupo Folclórico de São Caetano, teve lugar na não menos histórica freguesia de Cárquere, concelho de Resende, junto ao Mosteiro que na Idade Média foi, depois de Santiago de Compostela, um dos maiores centros de peregrinação da Península Ibérica, construído por Egas Moniz e sobre cujo altar – ainda hoje ali existente – se terá verificado “a cura milagrosa” do menino que viria a ser o primeiro rei de Portugal – Afonso Henriques. Nesta actuação o Grupo Folclórico de São Caetano actuou, entre outros, juntamente com ranchos de Aveiro, Paranhos (Porto), Paços de Ferreira e o de Cárquere.

Finalmente, num terceiro espectáculo, o grupo de São Caetano actuou em plena Vila de Lousada, perante numeroso público, no largo do Senhor dos Aflitos, por coincidência, frente à estátua de um dos mais ilustres lousadenses - Dom António Augusto de Castro Meireles, 34º bispo de Angra (1924-28) e, depois, bispo do Porto.

Os restantes dias e os tempos livres foram ocupados com um diversificado e cativante programa, com uma agenda muito bem elaborada, incluindo passeios e visitas de grande interesse histórico, cultural e paisagístico, acompanhados de uma gastronomia de excelente qualidade e, nalguns aspectos, muito semelhante à picoense. Afinal “é mais aquilo que nos une do que o que nos separa”.

Entre as localidades visitadas, para além duma ida a Espanha, destaque para Penafiel, Lousada, Régua, Pinhão, Braga, Porto, incluindo uma visita às Caves do Vinho do Porto em Vila Nova de Gaia e uma outra, à Quinta da Aveleda, nos arredores de Penafiel

O Grupo Folclórico de São Caetano, a convite do Rancho Folclórico de Pinheiros, que há três anos visitara a ilha do Pico, ainda se deslocou à vila de Monção, a que pertence aquela freguesia raiana, onde pernoitou, participando num magnífico arraial, nas margens do rio Minho, sendo, então, surpreendido com a presença do grupo da Lousada que percorreu grandes distâncias para estar presente e acompanhar os seus amigos picoenses. Em Monção o grupo açoriano foi recebido pela edilidade, numa cerimónia em que não faltou um “Alvarim de Honra”.

Segundo um dos elementos do grupo “Foi nosso intento através das nas nossas actuações promover a nossa terra e a nossa cultura, o que acreditamos ter sido bem concretizado pela reacção do público, em geral.” e acrescentou “De referir ainda a forma saudável vivida entre os dois grupos, a amizade, o companheirismo, a alegria, o convívio que marcaram não só as jornadas, com também os serões prolongados num misto de cordas e concertina, a par de cantigas ao desafio, Viras e Chamarritas que engrandeceram a sensibilidade estética e artística de ambos os grupos.”

Na realidade esta visita consubstanciou-se num misto de dias e noites fantásticas, de cor, de sons, de movimento e alegria, onde o Grupo Folclórico de São Caetano espalhou toda a sua classe, dignidade, singeleza e performance, deixando aos presentes uma deslumbrante e transcendente imagem, não apenas da freguesia de São Caetano, mas também da ilha do Pico, transformando-se, assim e de que maneira, num magnífico embaixador da sua cultura, dos seus costumes, dos seus valores, dos seus potenciais turísticos e, como não podia deixar de ser, dos seus bailados e da sua música, numa palavra espalhando, por terras durienses e pelo norte de Portugal o verdadeiro e inconfundível “furor da lava picoense”.

 

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publicado por picodavigia2 às 15:18

CONSEQUÊNCIA

Quinta-feira, 26.09.13

“Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te.”

Friedrich Nietzsche

 

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publicado por picodavigia2 às 12:42

A PARÓQUIA DE SÃO JOSÉ DA FAJÃ GRANDE

Quinta-feira, 26.09.13

A erecção da nova paróquia, da Fajã Grande das Flores, por separação da de Nossa Senhora do Remédios de Fajãzinha, foi feita por alvará do bispo de Angra, D. Frei Estêvão de Jesus Maria, por sinal o único bispo da diocese angrense natural dos Açores até à nomeação do bispo actual, D. António de Sousa Braga e está datado de 20 de Junho de 1861. Foi pois, nessa data, que foi instituída de facto a paróquia de São José de Fajã Grande, incluindo nela as povoações da Ponta e da Cuada. A actual igreja paroquial de São José da Fajã Grande nasceu de uma pequena ermida da mesma invocação, ermida essa, cuja construção foi iniciada em 1755, sendo benzida a 24 de Maio de 1757. O primeiro enterro na ermida teve lugar em Janeiro de 1758. Contavam os antigos, entre os quais o notável historiador florense, o padre Joaquim Inácio de Freitas, pároco da Fajãzinha desde 1942, que esta ermida comunicava por uma ponte com o solar dos capitães Freitas Henriques e que pertencera a um sargento-mor que viera para ali deportado. A actual igreja, construída no sítio da antiga ermida, foi iniciada em 1847, ficando concluída em 1849. O templo foi benzido a 1 de Agosto de 1850. Por legado de um emigrante fajãgrandense na América, de seu nome José Luís da Silveira, e dado que a igreja estava bastante arruinada, o templo recebeu, anos depois, grandes melhoramentos. O primeiro pároco desta paróquia foi o padre António José de Freitas, natural da própria Fajã Grande. Por sua vez o primeiro padre a prestar serviço religioso na antiga ermida, foi o padre Francisco de Freitas Henriques, natural da Fajãzinha. Tendo-o feito entre os anos de 1757 e 1762.

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publicado por picodavigia2 às 09:19





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