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SOLA SAPATO

Segunda-feira, 18.11.13

Sola sapato,

Rei rainha

Fui ao mato

Buscar cebolinha

Para a filha do juiz

Que quer casar

Mas não tem nariz.

Salta a pulga

Na balança

Pesa o rei

Que vai p’ra França,

Os cavalos

A correr

As meninas

A aprender,

Qual será

A mais bonita

Que se vai

Esconder

Atrás do burro

Da Inês

Cada una

Por sua vez.

 

(Aravia popular fajã grandense)

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publicado por picodavigia2 às 23:59

O PADRE E O SACRISTÃO (DIÁRIO DE TI'ANTONHO)

Segunda-feira, 18.11.13

           Quarta feira, 12 de Junho de 1946

Quando eu era criança, tinha os meus sete ou oito anos, minha avó contava-me muitas “estórias”, sempre que lhe pedia. Minha avó, nessa altura tinha quase oitenta anos e dizia-me que ouvira contar estas “estórias” quando era criança a uma velhinha que morava perto da sua casa. Lembro-me de uma ou outra, mas esqueci a maior parte delas. Uma que me lembro é aquela de “ O Padre e o Sacristão”. Dizem que é um conto tradicional, aqui da ilha das Flores. A “estória” reza assim:

 “Era uma vez um padre que tinha uma horta junto de sua casa

Certo dia foram dizer-lhe que o sacristão lhe andava a roubar a fruta. Por isso resolveu chamá-lo para que se confessasse, tentando assim não apenas pôr termo à roubalheira mas também certificar-se de que ele era o verdadeiro ladrão Enquanto o confessava, perguntou-lhe:

- Sabes quem é que rouba a fruta da minha horta?

O sacristão, do outro lado do confessionário, respondeu:   o

- Eu não estou a ouvi-lo. Pode falar um pouco mais alto.

- É muito estranho – disse-lhe o padre e, elevando a voz, perguntou novamente: – Eu estou a perguntar-te se sabes quem roubou a fruta na minha horta?

- Não ouço nada! – Respondeu, de novo, o sacristão

. Isto é mesmo muito estranho - disse padre. – És a única pessoa que, ajoelhada desse lado não ouve as minhas perguntas.

- Realmente é muito estranho, - concluiu o sacristão - até parecem coisas do diabo, mas realmente deste lado não se ouve nada, mesmo nada do que o senhor padre pergunta.

- Eu não acredito – disse o padre.

- Ai não, não acredita? Então venha para este lado que eu vou para aí, para ver se é verdade ou não.

O padre querendo ter a certeza de que o sacristão estava a falar verdade resolveu mudar de sítio. Quando estavam já os dois nos lugares trocados, perguntou-lhe o sacristão:

- Quem é que anda a meter-se com a mulher do sacristão?

- O quê? – Perguntou o padre.

- Quem é que anda a meter-se com a minha mulher? – Repetiu o sacristão.

- Tens toda a razão! Realmente deste lado não se ouve nada – respondeu o padre.”

E por hoje é tudo.

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publicado por picodavigia2 às 23:52

UMA BOA NOTÍCIA PARA O PICO

Segunda-feira, 18.11.13

Finalmente aconteceu! Ao que parece, já se efectuou, no aeroporto do Pico, o primeiro abastecimento a um avião da TAP. No passado domingo, dia 24 de Julho de 2011, o A-320, Luís de Freitas Branco, procedente de Lisboa e ainda com escala prevista pelo aeroporto das Lajes terá sido reabastecido no aeroporto do Pico por um auto-tanque ali existente desde há alguns meses. Na véspera, a título experimental, já teria sido reabastecida uma aeronave da SATA, a circular entre as ilhas. Recorde-se que desde há algum tempo que a Associação Comercial e Industrial da Ilha do Pico, fundamentando-se na esperança de em breve ser inaugurado o abastecimento de aeronaves com JET A1 no aeroporto do Pico, reclamava junto do Governo Regional Açoriano mais ligações directas semanais entre Lisboa-Pico, alegando que só em 2010 tinham sido transportados 11.114 passageiros de e para o Pico.

Embora não tendo sido anunciada nos órgãos de comunicação social, talvez porque não houve uma inauguração à altura do evento, nem sequer o site da Rádio Pico o referiu, talvez porque mais preocupada com o “Escaravelho no Pico”, a notícia foi apenas divulgada em alguns blogues relacionados com a ilha Montanha, nomeadamente a “Escrita em Dia” de José Gabriel Ávila e “Bassalto Negro” de Palpereira.

A ser verdade, dado que os blogues referidos são dignos de crédito e o provam com fotos, o facto de a partir de agora haver possibilidade de os aviões se abastecerem no aeroporto picoense, será a altura de algo de muito de importante e significativo se alterar para os passageiros que viajam para o Pico, assim como os que partem daquela ilha com destino ao continente, dado que surge a esperança de que, a partir de agora, algo mude substancialmente nos voos entre o continente e a segunda maior ilha açoriana. Por um lado as viagens Lisboa-Pico-Lisboa, até agora, limitavam-se a um voo por semana, aos sábados, alegando-se que isso se devia ao facto de qualquer voo da TAP com destino ao Pico tivesse necessariamente que passar pela Terceira, a fim de se abastecer, uma vez que era de todo impossível fazê-lo no aeroporto do Pico. Como isso agora já não acontecerá, decerto que se irá alargar o número de voos semanais para o Pico, até porque dias há em que existem dois voos oriundos de Lisboa com destino ao Faial, mas repletos de passageiros com termo de viagem no Pico. Além disso, muitos outros passageiros que têm a ilha Montanha como destino, fazem escala por São Miguel ou pela Terceira e, por vezes, até pelas duas ilhas. Tudo isto significa perdas demasiadas de tempo, gastos excessivos e aumenta significativamente o preço das passagens, devido ao excesso das taxas de mais um ou dois aeroportos. Além disso, as ligações Pico-Porto estão totalmente esquecidas. Assim, quem do Pico pretende viajar para o norte do país apenas tem duas péssimas alternativas para o fazer: ou viaja pelo Faial fazendo a ligação com o Porto em São Miguel ou na Terceira ou viaja do Pico para S. Miguel, só que, neste caso, apenas poderá sair do Pico às 18,30, sendo que o voo de Ponta Delgada para o Porto parte meia hora antes, pelo que necessariamente terá que pernoitar em Ponta Delgada e aguardar o voo do dia seguinte. Claro que há ainda a hipótese de se fazer escala por Lisboa, tendo, neste caso, que ir ao terminal um, para de seguida dar um passeio de autocarro, dentro do aeroporto, até ao terminal dois e então, de seguida, apanhar, o avião para o Porto.

Há dias, desembarcando no aeroporto da Horta, por impossibilidade de o fazer no da ilha do Pico, na viagem de táxi, com destino à Horta a fim de apanhar a lancha, desabafava em voz alta, lamentando os incómodos e os gastos que tudo isto tudo isto causa aos picoenses. O taxista, atento às minhas lamúrias, de imediato ripostou:

- Deixe estar, deixe estar. Se começa a haver mais voos para o Pico, estamos lixados. Dão-nos cabo do negócio. O mesmo acontecerá se construírem um grande hospital no Pico. São as viagens do aeroporto para a cidade e da lancha para o hospital que nos aguentam o negócio.

Texto publicado em 29/07/11, no antigo blog “Pico da Vigia”

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publicado por picodavigia2 às 21:06

A FESTA DA SENHORA DO CARMO DA PONTA

Segunda-feira, 18.11.13

Era em meados de Julho que se realizava a festa da Senhora do Carmo, na Ponta, de cuja ermida era a Padroeira. Era a primeira festa de Verão da ilha das Flores. Aliás era costume, na altura, dizer-se que as festas de Verão, nas Flores, começavam e terminavam na Fajã Grande: em Julho com a Senhora do Carmo e em Setembro com a Senhora da Saúde. Antigamente a festa era celebrada no dia dezasseis de Julho, data em que, segundo a tradição carmelita, Nossa Senhora apareceu a S. Simão Stock e lhe entregou o escapulário. Mais tarde porém e para que um maior número de fiéis pudesse demandar a Ponta e participar na homenagem à Virgem do Carmo, a festa passou a celebrar-se num dos últimos domingos de Julho.

Para além do tríduo de preparação, de duas missas no dia (a da comunhão e a da festa), desta festividade, em honra de Nossa Senhora do Carmo, também fazia parte uma grandiosa procissão pela principal artéria da Ponta e ainda um arraial no Outeiro, num largo que existia frente ao adro e à Casa de Espírito Santo. Vinham padres e forasteiros de toda a ilha e a procissão incorporava as várias imagens existentes na ermida da Ponta, guiões, o Santo Lenho e muitos fiéis, alguns dos quais descalços e de escapulário ao peito, em cumprimento de promessas feitas para obter a protecção, as graças e bênçãos da Virgem.

Mas o que mais caracterizava esta festa era a cerimónia da imposição escapulário da Senhora do Carmo, a quem o solicitasse e que se realizava geralmente antes da missa da festa. O escapulário era constituído por duas pequenas tiras de pano castanho, presas uma à outra com dois elásticos que devíamos colocar ao pescoço de forma visível apenas no dia da festa e nos restantes dias por debaixo da roupa, uma tira sobre o peito e a outra nas costas. Isto no caso de se aderir apenas à ordem menor, porque mulheres havia que aderindo à ordem maior, teriam que andar vestidas com um vestido castanho sobre o qual usavam o escapulário, também imposto numa cerimónia ainda mais solene. Neste caso, as tiras, também de cor castanha, eram muito maiores cobrindo-lhes o corpo quase por completo como se fosse um avental ou uma bata aberta nos lados. Na Ponta havia muitas mulheres assim vestidas permanentemente, fruto de promessas que haviam feito.

O escapulário da Ordem do Carmo, que ainda hoje é reconhecido pela Igreja Católica e que todos os Papas do século XX terão usado, foi aprovado em 1226, pelo papa Honório III e embora inicialmente fosse usado apenas pelos frades e freiras da Ordem do Carmelo, mais tarde passou a ser usado pelos fiéis que o desejassem, quer sob a forma de hábito, quer limitando-se apenas às pequenas tiras de pano. Em 1964, o Papa Paulo VI autorizou, em virtude dos incómodos que o seu uso por vezes implicava, que o escapulário pudesse ser substituído por uma simples medalha com uma das faces a ostentar uma imagem de Maria e a outra com uma imagem do Sagrado Coração de Jesus

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publicado por picodavigia2 às 13:21

A POPULAÇÃO DO CAMINHO DE BAIXO

Segunda-feira, 18.11.13

O Caminho de Baixo tinha a vantagem de encurtar a distância entre a Fontinha e a Rua Direita, com a qual comunicavam ente si, ligando a casa do Caixeiro ao Chafariz que ficava junto à Casa de Espírito Santo de Cima, mas era a mais pequenina e a menos populosa artéria da Fajã. Além disso, grande parte da mesma era tão estreita, tão estreita que nem um carro de bois ou corção por ali podiam passar. Apesar de tudo por ela circulavam muitos transeuntes, com o real intuito de atenuar distâncias e, no caso das mulheres, evitar passar à Praça, sempre repleta de homens dispostos a mirar de cima abaixo quem por ali transitasse.

A primeira casa habitada era a do Caixeiro que ficava de costas para a Fontinha, da qual estava separada apenas pelo celebérrimo “Rego de Trás” da Rosaria Sapateira que ali vivia com o sobrinho, hábil pescador e destemido baleeiro. Tia e sobrinho tinham no entanto um modo de ser e de agir que, por vezes, era objecto de brincadeiras e chacotas diversas. Deles também se contavam muitas “estórias”, escaramuças, desavenças ou partidas que se lhes pregavam. Entre outras, contava-se que certo dia, ao zangar-se com a tia, o Caixeiro saiu de casa em direcção ao Porto com a aparente e simulada intenção de se atirar ao mar, gritando em alto e bom som, para espanto de todos: “ Vou deitar-me ao mar! Vou deitar-me ao mar!”. José Mancebo ouviu, aproximou-se e deu-lhe um forte toutição na cabeça, dizendo-lhe:

- Vais-te deitar ao mar, vais! Mas vais caladinho e não o digas a mais ninguém.

O Caixeiro deu meia volta e voltou para casa cabisbaixo.

Ao lado morava o João Barbeiro, casado com a Eva e com um filho, o José Nunes. Para alem dos trabalhos do campo o João Barbeiro tinha, na loja por baixo da casa, uma espécie de pequena oficina onde ia fabricando ou fazendo minúsculas reparações em tudo o que fosse pequenos objectos de ferro, de madeira, etc.

Já na parte mais larga desta ruela, numa casa com dois pisos, implantada entre a Fontinha, da qual ficava acentuadamente desnivelada, e o próprio Caminho de Baixo, morava o Manuel Dawling, a mulher e duas filhas. O piso superior da casa correspondia à habitação propriamente dita, enquanto no inferior ficavam as lojas de arrumo. Mas o acesso principal ao piso superior fazia-se através de uma escada com balcão encostados à fachada principal, a partir do Caminho de Baixo. O Manuel Dawling chegara à Fajã havia muitos anos, vindo, não se sabia bem donde. Tinha olhos e traços asiáticos e falava constantemente nas “Terras Canecas”, região do globo terrestre que nunca ninguém soube ao certo onde se situava, pese embora afirmasse que ficava nas ilhas Filipinas, donde seria natural. Por ali se fixou definitivamente, casou e teve filhos e netos. Era um acérrimo defensor de Estaline e do regime soviético, de quem falava com muita frequência. Para além de também se dedicar à agricultura, ele e as filhas viviam sobretudo da actividade de moleiro, dado que tinham dois moinhos na Ribeira do Cão e um na das Casas.

Finalmente e ao lado da Casa de Espírito Santo de Cima morava a Glória Fagundes com uma irmã mais velha e adoentada. Esta Glória Fagundes não tinha nenhuma actividade e, por isso, se dedicava ao vulgar hábito fajagrandense de quem não tinha que fazer, “andar pelas casas” incentivando, apoiando e, até, consolidando os habituais e tradicionais e tão frequentes mexericos, próprios dos lugares pequenos e isolados.

 

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publicado por picodavigia2 às 09:53

ESTRELINHA

Segunda-feira, 18.11.13

Da janela do meu quarto,

Vejo ao longe uma luzinha,

Será fogueira, miragem,

Ou magia de varinha?

 

Olho melhor e revejo,

Esta trémula luzinha.

Afinal, não era mais,

Do que o brilho duma estrelinha!

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publicado por picodavigia2 às 09:51





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