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MARIANA ANDRADE

Domingo, 24.11.13

Mariana Belmira de Andrade nasceu nas Velas, ilha de S. Jorge, em 31 de Dezembro de 1844, tendo falecido naquela vila jorgense em 17 de Fevereiro de 1921. Mariana de Andrade é considerada uma poetisa da geração realista. Recebeu a educação própria de uma rapariga do seu tempo da média burguesia de província - instrução primária, línguas, uns rudimentos de música - e forrageou, por si mesma, o lastro literário que completou a sua formação intelectual. Possuía um carácter indómito e pouco sociável e assumia-se andrófoba e refractária ao casamento. Não deixou, porém, de casar, ainda que só aos 34 anos, suportando por muito pouco tempo o que ela chamava a «treva do himeneu». O seu génio insubmisso levou-a, com efeito, a separar-se do marido antes de concluído um ano de vida em comum, logo a seguir ao nascimento do primeiro filho. Uma vez liberta dos laços matrimoniais, habilitou-se então ao Magistério Primário e dedicou-se, daí em diante, ao ensino das primeiras letras. Sentiu «bafejar-lhe a fronte / o fogo da inspiração» sob o signo do Romantismo, mas rimou os primeiros «devaneios» poéticos já sem sacrificar a Eros, por o «orgulho de mulher» lhe tornar defeso o prazer do amor e não achar «o homem assunto digno de verso». Mais tarde encontraria melhor ou mais propícia inspiração, ao afinar a lira pelo diapasão da poesia de combate. Passou, então, a apostrofar o trono e o altar em alexandrinos acerbados de paixão iconoclasta e a exaltar, no mesmo tom, o proletariado, o «escravo do trabalho», que, sobre o ombro, qual «Atlas portentoso», erguia a «mole formidável» do futuro. Por fim, em consequência do atentado que vitimou o rei D. Carlos e o príncipe D. Luís Filipe, abjurou as suas ideias revolucionárias e reconciliou-se com a igreja católica. Publicou duas colectâneas poéticas: Fantasias e A Sibila e alguns extractos de um romance intitulado A Esfinge, espécie de autobiografia romanceada, no jornal A Ilha Graciosa.

 

Dados retirados do CCA – Cultura Açores

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publicado por picodavigia2 às 23:05

AOS SALTOS NAS ILHAS

Domingo, 24.11.13

Ontem, numa viagem entre o Pico e o Porto, andei aos saltos de ilha para ilha, fui forçado, a uma paragem, devidamente programada, na ilha de São Miguel, onde pernoitei.

Na realidade, quem visita os Açores, vindo da Europa ou da América, está forçado a esta espécie de “saltos” de ilha para ilha, a fim de chegar ao destino pretendido. Na vinda, do Porto para os Açores, há quinze dias, os “saltos” que tive de efectuar para chegar ao Pico, ainda foram mais numerosos, embora menos demorados. Saindo do Porto num Boing da SATA, que até confundira com o charter da mesma companhia que seguia para São Petersburgo com os jogadores do Futebol club do Porto, depressa se iniciaram os saltos - São Miguel, Terceira, Pico, este, com a especificidade de se efectuar por cima de São Jorge. Curiosamente esta ilha, juntamente com a Graciosa, não beneficiam de voos oriundos do Faial ou do Pico. Assim, quem viajar entre o Faial e uma ou outra destas ilhas terá que o fazer também aos “saltos” sobre outras ilhas, nomeadamente sobre a Terceira. Mas como, quer a Graciosa, quer São Jorge estão, geograficamente, mais perto do Faial, sendo a Terceira mais afasta, exigindo, por isso, um percurso aéreo mais longo, quem viaja do Faial para a Graciosa paga menos do que se viajar para a Terceira. Sendo assim há que aproveitar e pelos vistos já houve quem, pretendendo ir para a Terceira comprou bilhete para a Graciosa. Ao fazer a programada escala na Terceira, mandou às urtigas o seu estatuto de passageiro de trânsito, abandonou o aeroporto, pois apenas levava bagagem de mão e fixou-se na Terceira, durante o tempo que quis e entendeu..

No entanto, estes “saltos” entre as ilhas tem as suas vantagens. Primeiro em termos paisagísticos permitem aos passageiros observar paisagens de uma beleza rara e inconfundível, das quais ressalta o quadro natural e telúrico da imponente montanha do Pico, plantado sobre um almofadado tapete de nuvens. Lá do alto, muito acima das nuvens, na viagem de São Miguel para a Terceira, pouco depois de se abandonar a ilha do Arcanjo, vê-se com uma nitidez invejável, aquele triângulo de lava, lá bem espetado sobre o esbranquiçado das nuvens. Uma outra vantagem que este saltitar de ilha para ilha nos oferece é o de nos permitir ir saboreando, delirantemente, os perfumes e sobretudo os sabores que emanam e se evaporam de cada ilha, como o anás com a morcela ou os variados licores de São Miguel, o bolo lêvedo e a doçaria variada da mesma ilha, a alcatra e os torresmos da Terceira, a linguiça e os inhames do Faial, o feijão assado e as queijadas da Graciosa, o queijo de São Jorge, o caldo de peixe e a molha de carne do Pico, mesmo que não se chegue a sair do aeroporto. Depois há os recuerdos e as lembranças, os acepipes e as bugigangas, as bebidas e os doces que se vendem nos aeroportos, o encontro com um ou outro amigo e, sobretudo, a simpatia contagiante dos ilhéus.

Ontem, ao entrar no táxi, entre o aeroporto e o hotel, o taxista, imediatamente, após fechar a porta, deu o pontapé de saída a um diálogo amigo e simpático, indagando sobre a viagem, a origem do voo, o estado do tempo…

- Do Pico! – Exclamou, entusiasmadíssimo. – É a melhor e a mais bonita ilha dos Açores!

Claro! E esclareceu de imediato que era natural do Pico e, para cúmulo, com raízes profundas em São Caetano.

 

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publicado por picodavigia2 às 22:25

O VELHO AMBICIOSO

Domingo, 24.11.13

CONTO TRADICIONAL

 

Um Velho tinha um filho muito trabalhador. Não podendo ganhar a vida como desejava em sua terra, o rapaz despediu-se do pai e seguiu viagem para longe a fim de trabalhar.

A princípio mandava notícias e dinheiro mas depois deixou de escrever e o velho julgava-o morto.

Anos depois, numa tarde, chegou à casa do velho um homem e pediu abrigo por uma noite. Durante a ceia conversou pouco e deitou-se logo para dormir. O velho desconfiando que o desconhecido trazia muito dinheiro, dentro de uma mala, resolveu matá-lo.

Pensou muito mas acabou cedendo à ambição e à tentação, assassinando o hóspede. De seguida, para que ninguém descobrisse o seu crime, enterrou-o no quintal da sua casa. Voltou para a sala e abriu a mala do morto. Encontrou ali as provas de que se tratava do próprio filho, agora rico, e que vinha fazer-lhe uma surpresa.

Cheio de horror, foi entregar-se à justiça e morreu na prisão, carregado de remorsos.

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publicado por picodavigia2 às 21:13

NUNCA VOLTAM

Domingo, 24.11.13

"Há três coisas que nunca voltam atrás: a flecha lançada, a palavra pronunciada e a oportunidade perdida"

(Provérbio Chinês)

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publicado por picodavigia2 às 15:14

CORTEJO ETNOGRÁFICO NAS LAJES DO PICO

Domingo, 24.11.13

Embora escrito no final de Agosto do ano transacto e publicado mo meu blogue “Pico da Vigia, em 1 de Setembro, não resisto a divulgar aqui o seguinte texto:

Integrando o vasto, ambicioso e variado programa da Semana dos Baleeiros e da Festa da Senhora de Lurdes, realizou-se, no passado dia 27 de Agosto de 1011, nas Lajes do Pico, um aliciante e primoroso cortejo etnográfico.

Ao longo de quase duas horas, desfilaram pelas principais artérias daquela “Vila Baleeira” picoense, cerca de uma dezena de carros alegóricos, representando as seis freguesias do concelho e alguns lugares que integram as mesmas, cujos motivos ornamentais recordavam a vida, os costumes, os trabalhos e até alguns momentos de lazer das gentes do Pico, em tempos idos e que, apesar de não muito longínquos, começam a perder-se na memória das gerações actuais.

Os trabalhos agrícolas, nomeadamente o do cultivo do milho, da sua recolha e guarda nas “burras”, o debulhar das maçarocas, o levar a moenda ao moinho, a farinha moída e o bolo cozido no forno, foram temas de alguns dos carros, embora abordados de formas diferentes e sobre aspectos díspares. Outros carros preferiram tratar o trabalho de antanho relacionado com a criação de gado, o seu tratamento, a ordenha e o fabrico do queijo. Alguns carros, porém, ficaram-se pelas festas, como por exemplo a do casamento, enquanto outros recordaram os jogos de antanho, nos quais se incluíam os serões, durante os quais se jogava à sueca, se bailava a chamarrita, mas também durante os quis se trabalhava, quer na descasca do milho, quer no cardar e fiar da lã, ou até no fabrico de capachos com a própria folha do milho. Todos os carros, porém, estavam interessantemente ornamentados com produtos da ilha, nomeadamente com as belas flores de roca, revelando muita dedicação, apurada sensibilidade e acentuado bom gosto.

Um dos carros, precisamente o que abria o cortejo, no entanto, chamava mais a atenção, quer dos habitantes da vila, debruçados às varandas e janelas de suas casas, quer de muitos forasteiros perfilados pelos passeios e ruas da vila. Citando o blogue “Alto dos Cedros” do Emílio Porto “Com efeito, e logo no início, apareceu um dos quadros mais belos de quantos tem vindo às Lajes por estas festas, e este ano, verdade se diga, que foram todos bons”, tratava-se de um carro preparado e apresentado pela freguesia da Ribeirinha, que representava um quadro da vida daquele que foi um dos maiores vultos da cultura picoense e um dos mais altos dignitários da igreja açoriana – D. José Vieira Alvernaz, Arcebispo Metropolitano de Goa, Patriarca das Índias e Primaz do Oriente, recordando, assim, o 25º aniversário da sua morte. Natural da freguesia da Ribeirinha da ilha do Pico, formado na Escola Primária da Piedade, no Seminário de Angra e na Universidade Gregoriana de Roma, José Vieira Alvernaz, foi um dos grandes vultos da cultura açoriana, tornou-se num alto dignitário da igreja católica, recebendo a admiração das gentes da freguesia que o viu nascer, de quem se orgulham e que agora lhe prestou esta singela mas expressiva e digna homenagem.

Um facto a realçar neste cortejo e digno de nota foi a atitude do senhor presidente da Câmara das Lajes do Pico. É que normalmente, em ocasiões semelhantes, os presidentes de câmara e demais autoridades sentam-se num baldaquino simplesmente para “ver passar” o cortejo. Pois o edil lajense, dando um excelente exemplo de trabalho, dedicação e, até, de humildade, decidiu tirar a gravata, arregaçar as mangas e meter-se ao trabalho, andando por entre os carros, orientando, ajudando, apoiando a fim de que tudo corresse da melhor forma, como de facto aconteceu.

Outro aspecto muito interessante e algo inovador foi o do estabelecimento de comunicação entre os que desfilavam e público, criando-se ondas de empatia e comunicabilidade bem expressas na distribuição de pedacinhos de bolo e queijo e de outras vitualhas aos espectadores espalhados ao longo das ruas.

Pena que as freguesias dos outros dois concelhos da ilha não se tivessem associado a tão bela manifestação dos valores culturais, das tradições e costumes do Pico, o que, por certo, teria tornado este cortejo mais rico, mais belo e, quiçá, mais completo e abrangente.

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publicado por picodavigia2 às 15:06

ESMOLA MATEUS

Domingo, 24.11.13

“Esmola, Mateus,

Primeiro aos teus.”

 

Este era um adágio ou dito antigo muito utlizado outrora na Fajã Grande, com o qual se pretendia lembrar a quem quer que fosse que, nisto de fazer bem ou ajudar os outros, se deve sempre dar prioridade aos nossos familiares.

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publicado por picodavigia2 às 13:52

A POPULAÇÃODO PORTO

Domingo, 24.11.13

Finalmente, chegámos ao último grupo de casas, lá do fundo da Via dÁgua, ou seja, no Porto e já bem pertinho do mar. Antes, porém, impõem-se integrar neste último grupo, uma família que morava mais acima, junto à casa de João Inácio. Tratava-se também duma mãe solteira, a Luísa Vieira, que vivia juntamente com a filha, a Maria Fagundes e eram ambas excelentes pessoas e muito simpáticas.

As restantes famílias a integrar-se neste grupo eram as que moravam nas casas logo a seguir à última curva da Via d´Água. A primeira casa a referir pertencia a Tio Francisco Inácio, homem já de avançada idade mas sempre muito respeitado e tido em grande consideração por todos. Os filhos já haviam casado, excepto o António e o Luís, tendo alguns deles partido para a América. O António frequentara o Seminário de Angra, tendo-se ordenado presbítero em 1943, sendo na altura pároco da freguesia da Praia do Norte, na ilha do Faial. Destino semelhante teve o Luís, o mais novo, na altura, frequentando também o Seminário de Angra, vindo a ordenar-se alguns anos mais tarde, tendo, em seguida, partido para os Estados Unidos, onde se fixou definitivamente. Seguia-se uma casa desabitada, na qual, passados alguns anos, se fixou uma família vinda da Ponta.

Na última travessa da Via d’Água, do lado esquerdo de quem descia, moravam o Cardosinho, o Cristóvão e Tio Malvina.

O Cardosinho vivia numa pequena casa com a mulher e o filho. Era da idade de meu pai e um dos seus grandes amigos. Ajudavam-se bastante um ao outro, acompanhavam-se reciprocamente nas idas e vindas para os campos, dado que, por mera coincidência, tinham algumas terras muito próximas, nomeadamente nas Covas, onde também tinha uma “lagoa” mesmo ao lado da de meu pai e para onde iam ceifar erva, todos os dias, alta madrugada, carregando, depois às costas enormes molhos da dita cuja fresquinha, com muitos agriões à mistura e a escorrer água por todos os lados, que nem as sacas de serapilheira que traziam de capuz os impedia de chegarem a casa alagados que nem pintos. Certo dia meu pai levou-me para um terra de mato que também tinha nas Covas, mesmo bem junto à Rocha. Estávamos no cimo da terra, debaixo da Rocha a apanhar “erva-santa” e a cortar “cana-roca”. De repente, começaram a cair pedras enormes, autênticos calhaus por cima de nós. Assustamo-nos a valer, pensando que ficaríamos ali soterrados. Queríamos fugir, pois víamos a morte pintada de negro e a pairar por cima de nós. O Cardosinho estava cá em baixo na sua lagoa e começou a gritar e a pedir-nos que nos aproximássemos mais e mais da rocha. É que ele, de longe, percebeu que não era ribanceira que caía mas apenas pedras e assim quanto mais perto estivéssemos da rocha menos perigo corríamos. E lá nos safámos, com a orientação do Cardosinho!

Mais dentro ficava o Cristóvão que cedo emigrou juntamente com toda a família, sendo que um dos filhos, o Roberto também fez parte do primitivo elenco de músicos da Senhora da Saúde. Ao lado morava a viúva do Tio Malvina, irmão de meu avô materno e, segundo se dizia, um dos homens mais cultos e sabedores de toda a freguesia. Tio Malvina, dotado de uma inteligência prodigiosa e de uma memória invulgar, trouxera livros e conhecimentos da América, lia muito, pensava ainda mais e reflectia e interrogava-se filosófica e cientificamente muito e por isso falava sobre todos os assuntos cujos conhecimentos dominava. Contava-se que a quando da Aurora Boreal, em 1941, fenómeno celeste inesperado e repentino que criou pânico, terror e medo em toda a população da freguesia, que cuidava tratar-se do fim do mundo e ter chegado o dia do juízo final, Tio Malvina terá sido a única pessoa a sorrir de alegria por ter a possibilidade única de ver e observar tão raro e extraordinário fenómeno da natureza. Ninguém acreditou nele.

Finalmente, no termo da Via d’Água e fim da freguesia, já quase no Porto e bem pertinho do matadouro da Baía d’Água, onde se matava o gado pela festa do Espírito Santo, ficavam duas casas. Uma pertencia ao José de Lima, originário de Santa Maria mas que se fixara e casara na Fajã, vivendo ali com a esposa e dois filhos. Ao lado e na última casa morava o José Tomé, juntamente com a mulher e a filha, numa casa que fora da mãe, Tia Ana Tomé e que alguns anos depois a vendeu, vindo fixar-se na Rua Direita, numa casa geminada com a do Mancebo, ali quase à Praça.

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publicado por picodavigia2 às 10:29

DEPOIS DO CÂNTICO

Domingo, 24.11.13

Quando as nuvens rasgavam os seus véus

E derramavam o seu cântico,

Dolente, mas sublime,

Sobre a aridez

De desertos estéreis,

 

Nem todos batiam palmas…

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publicado por picodavigia2 às 00:04





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