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O LUGAR DO BATEL

Quinta-feira, 09.01.14

O Batel era um dos mais interessantes lugares da Fajã Grande. É que para além de ter um exuberante e enigmático nome, era um sítio de uma beleza rara, donde se usufruía de uma vista admirável, com terrenos de excelente qualidade e, sobretudo, porque o caminho que o atravessava era ladeado por altíssimas paredes construídas com enormes e pesadíssimos calhaus que lhe davam uma imponência rara e uma monumentalidade ímpar.

Situado bem no centro da freguesia, ligeiramente afastado das últimas casas da Fontinha e próximo da Rocha, a ele se tinha acesso pelo Alagoeiro, uma vez que se localizava a Sul deste último lugar, com a Fonte Cima a separá-los. Assim o Batel fazia fronteira a Norte com a Ribeira e a Fonte Cima, a Sul com a Silveirinha, a Oeste com a Bandeja e a Oeste com a Rocha, embora com o pequeno e estreito lugar da Figueira entrincheirado pelo meio. Esta proximidade da Rocha, alta, pedregosa, abrupta e aprumada, terá, em tempos idos originado a que por ali rolassem muitas pedras, algumas de grandes dimensões e que, ao cair, atingissem tal velocidade que ultrapassavam a estreita faixa da Figueira e, possivelmente, vindo parar naquele lugar. Assim os primeiros povoadores e nossos antepassados terão encontrado aquele sítio pejado de grandes pedras e enormíssimos calhaus, mas, apercebendo-se de que ali havia terrenos muito férteis, decidiram-se por “arrumar” todos aqueles gigantescos pedregulhos, para assim usufruírem da excelência e riqueza produtiva daqueles campos. As pedras mais pequenas foram fáceis de arrumar, construindo com elas maroiços, uns transformados em veredas outros em botaréus que sustinham os socalcos feitos naqueles aclives, a fim de mais facilmente os agricultarem, enquanto com as maiores edificaram as altíssimas e robustas paredes que ladeiam o caminho. Por essa razão naquele sítio, o caminho, formando uma ladeira, conhecida pela ladeira do Batel, sobretudo à esquerda de quem o subia de norte para sul, portanto do lado da rocha, possui paredes excessivamente altas, pejadas de enormíssimos calhaus, muito provavelmente caídos da rocha e que ali só poderão ter sido colocadas com máquinas que hoje se desconhecem, constituindo, o seu levantamento e colocação no alto, uma espécie de mistério ainda hoje difícil de decifrar. A imponência, a monumentalidade, a beleza e sobretudo o facto de revelarem claramente a força e a garra dos nossos antepassados, são impressionantes, pelo que exigem que aquelas emblemáticas paredes, únicas na freguesia e até na ilha, sejam conservadas para sempre, talvez mesmo estudadas e consideradas como um testemunho, um património que não deve ser abandonado nem muito menos destruído.

O Batel, na parte mais a norte, também designado por Batel de Baixo, era sítio de terras de milho, de batata-doce e de trevo para o gado, todas elas muito férteis e produtivas. Na parte superior e mais alta, também chamado Batel de Cima, predominavam, sobretudo, pastagens de excelente qualidade e que os seus donos, por vezes “vedavam” a fim de as utilizar, exclusivamente, para as vacas de leiteiras.

É estranho este topónimo, uma vez que a palavra “batel” não tem outro significado, utilizando-se, na língua portuguesa, apenas para designar uma embarcação de pequenas dimensões. Mas ali nunca existiram, nem nunca se utilizaram embarcações de espécie alguma. A hipótese mais provável e justificativa de tão estranho nome, é a de que tendo aquele lugar uma excelente vista sobre o mar, fazendo com que dali, facilmente, se pudessem observar as embarcações ou os batéis que navegavam no oceano e assim, o lugar passasse a ser referido como um lugar bom para ver batéis ou o lugar do Batel. Outra hipótese menos bem provável é a de que muitos dos terrenos daquele local em forma de socalcos, com as paredes e botaréus que os sustentavam, tinha a forma ou semelhança de barcos ou batéis, passando assim a ser o lugar onde havia batéis ou o lugar do Batel. Uma terceira hipótese é a de alguém com um homónimo ter dado nome ao lugar, mas esta parece ser muito pouco razoável, uma vez que aquela palavra parece nunca terá sido utilizada como nome ou apelido.

Na parte mais alta da ladeira e à esquerda de quem a descia, havia um “descansadouro”, no enfiamento duma canada que dava para a Bandeja. Como o descansadouro fora construído num alto, dele sim, podia-se desfrutar de uma das mais belas vistas sobre uma parte da Fajã, da Ponta encafuada debaixo da Rocha e do mar.

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publicado por picodavigia2 às 22:04

VENDAVAIS E CICLONES DE OUTUBRO

Quinta-feira, 09.01.14

As ilhas açorianas foram mais uma vez, durante este mês de Outubro, assoladas por vendavais, tempestades e ciclones, com destaque para o que afectou algumas delas, no passado dia quatro –  o Nadine. Embora prevista, a sua passagem, sobretudo pelas ilhas do grupo central, deixou algumas marcas destruidoras e o temporal que provocou, assustou de sobremaneira, durante a noite de três para quatro, muitos dos moradores daquelas ilhas, nomeadamente na parte Sul do Pico. Não satisfeito com os estragos e prejuízos da sua primeira passagem, o famigerado Nadine, havia de ameaçar as ilhas, com uma segunda passagem, embora menos aterrorizante e mais restrita.

Acontece, porém, que a história dos Açores está repleta de referências a tempestades e vendavais deste género, desde os mais remotos tempos do seu povoamento, conforme refere Gaspar Frutuoso, em Saudades da Terra, onde enumera várias catástrofes naturais, relacionadas com o estado do tempo, acontecidas entre os séculos XV e XVIII. Às mesmas ou a outras intempéries faz referência António Cordeiro na Historia Insulana. Por isso mesmo vendavais, tempestades, furacões e ciclones não são e nunca foram novidade nos Açores. Ainda em anos recentes, haviam chegado outros, alguns deles também deixando pesadas marcas nalgumas ilhas, como o Charley, o Tânia, o Bonnie e o Gordon, este de tal maneira e com tal exagero anunciado que, durante a sua passagem muitas pessoas se fecharam em casa, outras pregaram as portas e as janelas e algumas até sofreram ataques de pânico prematuros.

Mas o maior ciclone de que há memória nos Açores, verificou-se no dia 4 de Outubro de 1946, por curiosidade, precisamente sessenta e seis anos antes da passagem da actual passagem do Nadine, acontecida no passado dia quatro. Tratou-se de um ciclone de grande força e intensidade e que assolou, de forma muito particular, a parte Sul da ilha do Pico. Na freguesia de São Caetano fez-se sentir com uma intensidade medonha, uma força aterradora, uma extraordinária violência. Ainda hoje, pessoas existem naquela freguesia picoense que lembram, com respeito e temor, aquela hecatombe que, embora não tendo provocado mortes, os prejuízos materiais foram enormes e de tal ordem que, inclusivamente, forçaram uma alteração significativa no desenho geográfico da freguesia. Muitas casas ficaram danificadas, as adegas, na altura localizadas na orla marítima, numa faixa compreendida entre o Porto e o lugar dos Coxos, foram totalmente destruídas, assim como a casa dos botes e outras ramadas de guardar barcos que ali também se localizavam. Essa a razão por que na sua reconstrução, a maioria das adegas foram edificadas bem mais longe do mar. Conta-se ainda que três mulheres que por ali transitavam teriam sido salvas como que milagrosamente. Noutras localidades da ilha do Pico, nomeadamente em São Mateus e nas Lajes, assim em muitas ilhas do arquipélago, os estragos também se fizeram sentir, havendo notícia de que o grande hangar do Aeroporto de Santa Maria, aberto a voos, dois anos antes, foi parcialmente destruído. Sabe-se também que se afundaram alguns batelões e lanchas de pesca e que terão encalhado alguns iates, sendo que o mar, nos dias seguintes, surgiu repleto de destroços das embarcações naufragadas.

Crê-se que os Açores, nos últimos cem anos, em que já existem registos fiáveis de tais catástrofes, tenham sido assolados pela passagem de cerca de trinta e três ciclones ou  tempestades tropicais, sendo algumas de enorme violência, provocando graves prejuízos, sem, no entanto, nunca haver referências a mortes.

Se a estas intempéries acrescentarmos as crises sísmicas, as pestes e os anos de seca prolongada, entende-se melhor a força gigantesca deste povo que, pese embora seja permanentemente fustigado por tão frequentes e desoladoras atrocidades da natureza, conseguiu sobreviver, defendendo, reconstruindo e recuperando os seus bens, os seus haveres e sobretudo o seu património arquitectónico.

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publicado por picodavigia2 às 20:38

A ROMEIRA

Quinta-feira, 09.01.14

No Seminário Menor de Ponta Delgada, onde estudei durante dois anos, o traje obrigatório para os alunos, quando em passeio, era fato preto e gravata da mesma cor com camisa branca. No de Angra, onde estudavam os alunos entre o terceiro e o décimo segundo ano, era obrigatório o uso da batina. Assim, durante as minhas férias do segundo para o terceiro ano, uma das tarefas com que me havia de preocupar, durante as mesmas, passadas habitualmente na Fajã Grande, foi a de mandar fazer uma batina e a respectiva romeira, que, juntamente com o chapéu, devia acompanhar a sotaina durante os passeios, pela cidade de Angra e arredores.

Ora em toda a ilha das Flores só havia um alfaiate que sabia fazer batinas. Morava em Santa Cruz, tinha a alfaiataria ali mesmo em cima do cais de embarque mas não era muito hábil na confecção de batinas, revelando pouca experiência e limitada competência. Os sacerdotes na ilha não eram muitos e, como viviam ali totalmente isolados dos poderes diocesanos e das fiscalizações da cúria, a maioria trajava aquela veste talar apenas nas cerimónias e celebrações litúrgicas, poupando-as muito, pelo que, o alfaiate, poucos proventos conseguia e ainda menos se exercitava na sua confecção. Mas como não podia apresentar-me no Seminário sem batina, lá fui encomendá-la, juntamente com a romeira. Estranhamente o homem nunca fizera uma romeira, nem sabia do que se tratava.

Bem lhe expliquei o que era e a função que tinha, mas o homem continuava sem perceber patavina. Disse-lhe, então, que era uma espécie de gola grande de um casaco, mas solta e separada da batina, por cima da qual se colocava, prendendo-a à frente com um colchete. Que sim senhor! Que estivesse descansado que me havia de fazer uma romeira às direitas.

Tiradas as medidas e acertado o preço, combinou-se a data para fazer a prova da batina que a romeira disso não precisava.

No dia de vapor, antes de embarcar, passei por lá, paguei, recebi o embrulho com ambas as peças e meti-o na mala sem o abrir.

Cheguei ao Seminário, ansioso pelo primeiro dia de passeio, para estrear a minha nova indumentária clerical. Finalmente, esse dia chegou. Vesti a batina que me assentava a matar e, todo vaidoso, coloquei a romeira por cima e ao redor do pescoço, como mandavam as normas. Como dentro de casa era um pouco escuro, ninguém se apercebeu de nada, mas quando chegamos à rua, foi o bom e o bonito. Logo ao assomar à porta de saída alguém se deu conta do seu formato inédito, estranho e ridículo. Um gozo tremendo e uma risada total! Um coro de zombaria durante todo o passeio. É que a romeira que eu com tanto esmero havia colocado sobre os ombros, não era nada mais nem nada menos do que uma gola de casaco de senhora, cujo modelo, o alfaiate havia retirado de um catálogo da especialidade. Que vergonha eu passei e de que gozo fui alvo! E para mágoa minha tive que andar com ela até que uma costureira da cidade, apesar de cheia de serviço no início do ano, lá teve tempo e disponibilidade para me fazer uma romeira de verdade.

 

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publicado por picodavigia2 às 16:27

BOM ANO

Quinta-feira, 09.01.14

“Anos bons e tão bons anos,

Deus nos dê de melhorados.

Tudo isto passou Cristo,

Perdoai nossos pecados.

 

A senhora Mariquinhas,

Assentada na cadeira.,

Parece um botão de rosa

Apanhado na roseira.”

 

Era assim que grupos de “monços piquenos”, nos quais eu me incluía, cantavam, neste dia, na década de cinquenta, percorrendo as ruas da Fajã Grande, fora da porta de cada casa  - excepto nas que estavam de luto e com as cortinas corridas a indicá-lo – na mira de receber dez ou vinte centavos, comer um figo passado ou beber um pouquinho do “chichi” do Menino Jesus. O produto final do dinheiro conseguido era, no fim do dia, contado e divido equitativamente por todos os membros do grupo.

 

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publicado por picodavigia2 às 15:07

O SISTEMA EDUCATIVO PORTUGUÈS

Quinta-feira, 09.01.14

O Sistema Educativo Português, cuja implementação e progresso implica uma organização de estruturas adequadas e acções diversificadas, deverá reger-se, segundo a LBSE, por princípios organizativos fundamentais, dos quais se destacam os seguintes:

a) Todos os portugueses têm direito à educação e à cultura. Daqui se conclui, logicamente, que "a Escola é para todos", o que na realidade é verdade. Todos somos iguais, mas também todos somos diferentes, dado que o ser humano é único, uno, individuo e irrepetível, embora dotado duma personalidade com características próprias e limitações ou potencialidades diferentes. Pelo que, uma instituição que protagonize os interesses de todos, não pode assumir-se como abrangente e simultânea de todos. Tem, pelo contrário, que tornar-se mais flexível e menos universal. Isto quer dizer que "Escola para todos" não é exactamente o mesmo que "Todos para a mesma escola", o que acarreta consequências que ainda não foram analisadas. "Escola para todos", quer dizer, precisamente ao contrário, isto é, que todos têm direito a um Sistema Educativo adequado, que concretize o seu direito à educação e lhe garanta um uma permanente acção formativa orientada para favorecer o desenvolvimento global da personalidade, o que não se consegue "enfiando" todos na mesma escola, atrofiando as personalidades de uns em detrimento das de outros, gerando uma espécie "strugle for life" onde surgem atropelos, violências, segregações e em que uns aniquilam os outros.

b) O Estado deve promover a democratização do ensino. Isto significa que o poder instituído deve proporcionar a todos igualdade de oportunidades, porque todos somos diferentes, mas todos temos direito a assumir essa diferença e a procurar as concretizações e vivências da nossa própria existência.

c) Tem que imperar o princípio da liberdade de aprender e de ensinar. O que nem sempre se verifica, em Portugal, inclusivamente no acesso ao ensino universitário. Nem sempre se pode escolher a escola, o curso ou sequer, ter uma palavra em relação ao programa de cada disciplina. As próprias iniciativas de debate ou diálogo e posterior escolha são, geralmente, cerceadas. É o eterno argumento de que o aluno não tem capacidade e maturidade a decidir ou sequer a cooperar.

d) O Sistema Educativo deve corresponder às necessidades resultantes da realidade social. Consequentemente, deve conduzir ao desenvolvimento da mesma, construindo cidadãos dotados dos seguintes valores: liberdade, responsabilidade, autonomia, solidariedade e dimensão humana do trabalho. Teoricamente maravilhoso!... Trata-se, no entanto, duma parrésia, obstaculizada pela prática quotidiana escolar. Como é que uma criança, entrando às 8.30 horas para a escola, de pois de andar algum tempo a pé, umas vezes, molhada, com pesadíssima pasta a tiracolo, outras dias carregada com um saco de Educação Física, participando em brigas e estroinices próprias da idade, entrando numa sala fria, esconsa e mal cheirosa, que possui como único material didáctico  um quadro húmido, onde se não pode escrever ou ler o que lá está escrito, ouvindo o professor falar disto e daquilo, sem grande interesse, que já puxou pelo casaco do colega três vezes, ouviu um valente raspanete porque se esqueceu do livro ou de fazer os trabalhos de casa, desenvolve a sua liberdade, responsabilidade, autonomia, solidariedade ou, o que ainda é mais difícil, sentir a dimensão humana do trabalho? Como é que, neste condicionalismo, a criança desenvolve o espírito democrático e pluralista, o respeito pelos outros, o diálogo, a tolerância e se pode empenhar na transformação da sociedade? Felizmente há cada vez menos situações destas.

e) A educação deve promover o desenvolvimento do espírito democrático e pluralista, Deve promover o respeito pelos outros, pelas suas ideias e, consequentemente, o diálogo, a troca de opiniões, formando cidadãos capazes de julgarem com espírito crítico e criativo o meio social, sendo capazes de colaborar na sua transformação. Como é que isto se atinge? Cada professor assume condução dos meninos, durante uma hora ou duas. Eles estão caladinhos e atentos e no fim, ou sabem ou não sabem nada. Se sabem ficamos felizes e ufanamo-nos, se não sabem, o que é mais frequente, lamentamos, barafustamos, porque não têm bases, nem pre-requisitos, nem preparação, porque não sabem Português, etc., etc. Algum professor já se interrogou ou se lamentou porque os seus alunos não possuem valores democráticos como a tolerância, o pluralismo, o diálogo, a formação de juízos crítico e empenhamento em alterar a ordem social? Ou já estabeleceu estratégias conducentes a tais objectivos ou instrumentos de avaliação para as mesmas?

NB - Texto escrito em 2003

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publicado por picodavigia2 às 14:29

PALAVRAS, DITOS E EXPRESSÕES UTILIZADOS NA FAJÃ GRANDE (VII)

Quinta-feira, 09.01.14

Aqui se transcrevem mais algumas palavras, ditos ou expressões utilizadas na Fajã na década de cinquenta, sendo a maioria citada apenas de memória.

 

Abrigada – Lugar, geralmente junto a uma parede alta, onde se evitava a chuva, o vento ou o mau tempo.

Acaçapar-se – Baixar-se para se esconder melhor ou para que mais alguém caiba num determinado sítio.

Afoguear – Fazer lume sobre todo o lar com as linguiças por cima, enroladas num pau para as secar.

Ancinho – Utensílio em igual ao sacho, mas com dentes como um garfo, destinado a semear o trevo ou a erva da casta, depois de espalhados no terreno, entre o milho.

Arrear a pôia – Evacuar, defecar.

Atoleimado – Tolo.

Bensinado – Educado, correcto.

Cabeças – Mordomos ou homens responsáveis pela festa do Espírito Santo e do Fio.

Cerrado – Grande terreno agrícola.

Cramulhano – Pessoa tola e mal intencionada. Vaca velha.

Dar as couves – Dizia-se de um animal fraco e cansado que já não conseguia trabalhar mais.

Desarrematado – Pessoa incompetente, sem habilidade ou sem capacidade de fazer algo

Eira-má – Um dos vários nomes do Diabo.

Engorladeiras – Pequenas peças de lata, em forma de funil com que se enchiam as linguiças.

Fandaine – Divertimento, brincadeira.

Fazer que não – Negar, desconhecer.

Ficar a ver navios – Ficar sem algo que se desejava ter, por culpa própria ou descuido.

Galantinho – Pessoa bonita, bem constituída

Gorits à pírola – Expressão utilizada para dizer que nada mais a fazer, que algo desapareceu e é impossível voltar a encontrar.

Graxa – Banha de porco.

Mangão – Prato típico feito à base de batata esmagada, cebola e banha de porco.

Mapa – Esfregão.

Mum perfeitinho – Criança bonita e saudável.

Nabistoire - Nome ou apelido atribuído aos habitantes do Corvo.

Naião – Maricas.

Nelgada – Palmada no rabo.

Ora cheta – Aborrecimento.

Papão Feio – Personagem mítica para assustar as crianças.

Papeles -  Papéis. Documentos que provavam a cidadania americana de pais cujos filhos, na década de cinquenta se serviam para emigrar.

Podão – Pessoa que falha, que não tem sucesso, sobretudo em jogos.

Poço do gado – Bebedouro para bovinos.

Saber andar sem ninguém diante – Executar bem um trabalho ou actividade.

Saco de capucho – Saco dobrado num dos lados, colocado na cabeça para proteger da chuva.

Salgadeira – Talha de barro onde se guardava a carne de porco salgada

Soibe – Soube.

T’esconjuro – A culpa é tua, condeno-te.

Tomate de Capucho – Fisális.

Uma grandeza – Muito, grande quantidade.

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publicado por picodavigia2 às 14:11

MONTE LÍRIO

Quinta-feira, 09.01.14

apenas

a neve

te cobre

e

o silêncio

te purifica

- Monte Lírio!

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publicado por picodavigia2 às 11:58

DIÁLOGO DOS MEDOS

Quinta-feira, 09.01.14

Filho: - Pai, a noite está tão escura, não vejo nada! Não devíamos continuar, devíamos voltar para trás.

Pai: - E teus irmãos em casa sozinhos, sem saber de nós, preocupados, pensando que nos perdemos…

Filho; - Ó pai, mas está tão escuro!... Não vejo nada!... Vamos voltar para trás!

Pai: - Verás que daqui a pouco os teus olhos se vão habituar à escuridão. E a Lua não tardará a aparecer. Isto é luar de Agosto!

Filho: - Ó pai!... Mas eu tenho medo, muito medo.

Filho: - Medo de quê?

Filho: - Das almas do outro mundo.

Pi- Qual almas do outro mundo, qual carapuça. As almas do outro mundo não fazem mal a ninguém. Os que morrem nunca mais voltam! As almas que ainda andam neste mundo, essas sim, é que, muitas vezes, fazem mal umas às outras.

Filho:- Mas dizem que no mato, de noite, aparecem muitas coisas.

Pai: - Aparecem tantas coisas de noite como de dia, isto é, não aparece nada. A noite é igual ao dia, só com uma pequena diferença: é que é escura, não se vê, a não ser que haja Lua, mas, mesmo assim, nunca é tão clara como o dia. E é por isso que as pessoas têm medo.

Filho:- Ó pai, mas dizem que nos Terreiros, de noite, aparece um padre e um cão com uma cesta na boca e dentro da cesta leva a chave do sacrário.

Pai: - Minhocas, minhocas na cabeça, é o que as pessoas têm.

Filho: - E no largo da Cancelinha? Dizem que aparece lá uma mesa posta, com comida em cima…

Pai: - Também essa mesa nunca eu a vi, e com muita pena minha, porque às vezes passo lá com fome e aproveitava para comer.

Filho: - Não brinque, pai. Por que é tão anamudo, pai? Porque é que não tem medo de nada?

Pai: - Vou contar-te uma estória, mas uma estória verdadeira. Uma vez, quando eu era rapaz, ia para o Areal, já era de noite. Ao passar na Furna das Mexideiras, ouvi uma barulheira enorme. Fiquei assustadíssimo, tive muito medo e voltei para casa a correr cheio de medo. Meu pai perguntou-me o que tinha. Contei-lhe o que se tinha passado e ele disse-me que eu tinha que lá ir ver o que era, se não nunca mais lá passava, com medo. Como eu não queria ir sozinho, obrigou-me a ir com ele lá, para ver o que era. Dizia ele que se havia barulho, alguém o fazia.

Filho: - E foste, pai?

Pai: - Fui, claro, juntamente com ele.

Filho: - E viram alguma coisa?

Pai: - Vimos muitos cães. Tinham matado um carneiro, nesse dia, e atirado a cabeça para o baldio. Os cães apanharam-na, levaram-na para dentro da furna e, como todos a queriam comer, ladravam muito, faziam uma grande algazarra. Era esse barulho que fazia eco na furna. Era assustador! Mas era uma coisa deste mundo, tão natural. Foi assim que eu perdi o medo. Nunca mais acreditei em nada dessas tolices que contam por aí. Se não tivesse lá ido, nunca mais lá passava com medo… Ainda hoje havia de ter medo. E contava o que ouvira a toda a gente e todos haviam de ficar com medo… Tu também não deves acreditar nessas tolices.

Filho: - Mas há quem conte tantas coisas. Há pessoas que ouvem barulhos estranhos. Pai, não está a ouvir agora? Tenho tanto medo, pai. Parece que está alguém a gemer, ali.

Pai: - É um boi que está a berrar. Estás a ver aquela mancha escura. É um boi. Viu-nos passar e, como é de noite, julga que é o dono e começou a berrar. Como vês, é tudo natural, é tudo deste mundo. Não tens que ter medo de nada nem de coisa nenhuma do outro mundo. O outro mundo não existe, o nosso medo é que o inventa. É preciso é ter cuidado com algumas pessoas e coisas deste mundo… Essas, às vezes, é que nos fazem muito mal…

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publicado por picodavigia2 às 10:55

APANHAR O MILHO (DIÁRIO DE TI'ANTONHO)

Quinta-feira, 09.01.14

Quinta-feira, 18 de Setembro de 1946

“Está a aproximar-se o tempo de apanhar o milho. Pelo menos o que foi semeado nas terras e serrados junto do mar, que nas outras ainda nem sequer foi desfolhado. Antigamente, quando eu era criança, esta época era uma altura de grande festa e alegria, uma época do ano muito agradável e muito bonita, não só a apanhar o milho, mas também e, sobretudo, o encambulhá-lo e descascar as maçarocas mais verdoengas, o pendurar os cambulhões de milho nos estaleiros ou ainda moer, nos moinhos de mão, as maçarocas que, como se dizia, ainda vertiam e cuja farinha servia para fazer as papas saborosas papas grossas. Ainda hoje a minha Maria as faz e são uma delícia. Pena serem feitas apenas por esta altura do ano.

Os dias de apanhar o milho, antigamente, eram autênticos e verdadeiros dias de trabalho mas também de festa, em casa da maioria dos lavradores. Quando as maçarocas já estavam bem maduros, marcava-se o dia da apanha, para não coincidir com os marcados pelos amigos e familiares, pois todos se ajudavam uns aos outros. Depois procedia-se à apanha das maçarocas, retirando-as dos milheiros e enchendo-as em cestos bem “acaculados”, que depois eram colocados sobre as paredes e, posteriormente acarretado para os corsões puxados pelas vacas. Esse dia era um dia de festa e um dia muito especial. Homens, mulheres e crianças, todos se dedicavam à apanha das maçarocas, ao encher dos cestos e carregá-los às costas para os corsões. Estes eram forrados no fundo com milheiros da própria terra e era-lhes colocado ao redor uma sebe feita de vimes. Uma vez cheios, os corsões eram conduzidos a casa e o milho despejado na cozinha ou na sala. Como geralmente vinha muita gente de fora ajudar, a dona da casa mais uma ou outra mulher ficavam em casa a fazer o jantar que nesse dia era melhorado, e, às vezes, depois de preparado era levado até ao cerrado onde se colhia o milho e as pessoas estavam a trabalhar.

 Era da parte da tarde que geralmente se começava a encambulhar e a descascar as maçarocas, a não ser que o cerrado fosse muito grande ou o dono decidisse apanhar o milho de duas ou mais terras no mesmo dia. Neste caso, aproveitava-se o serão, o que tinha a vantagem de ter muita mais gente a ajudar. Esses serões ainda tornavam a festa ainda mais animada. Cantava-se e geralmente serviam-se uns biscoitinhos com genebra ou aguardente de cinco estrelas. Quando o milho era encambulhado de noite, para o pendurar no estaleiro acendiam-se lanternas e era também muito divertido. Mas muitos não gostavam de pendurar o milho de noite, pois diziam que “o que se faz de noite aparece mal de dia”. Penduravam-no dia seguinte.

Uma parte do milho era descascado, fazendo-se com ele também cambulhões que eram dependuradas geralmente nos tirantes dos quartos de dormir, da sala ou da cozinha para aí se conservarem melhor e até secarem. As maçarocas mais verdoengas descascavam-se, debulhavam-se para depois se moerem os grãos nos moinhos de mão e fazer as papas grossas.

No meu tempo ainda havia muitos lavradores que semeavam e cultivavam o trigo e, por isso não tinham milho ou se o tinham era em pequena quantidade.”

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publicado por picodavigia2 às 09:47

O JOSÉ AUGUSTO

Quinta-feira, 09.01.14

O José Augusto ou o “José Augusto do Francisco Inácio”, como era vulgarmente conhecido na Fajã Grande, foi, durante um ou dois anos, meu colega de escola, na altura a funcionar na Rua Direita, na Casa do Espírito Santo de Baixo. Mais velho uns anos do que eu, frequentámos o ensino primário em classes diferentes mas, como partilhávamos todos a mesma sala, que neste caso era uma casa, era-nos proporcionada a nós, os mais novos, a oportunidade não apenas de brincar, confraternizar e conviver com os mais velhos mas até de apreciar as suas capacidades de aprendizagem e de observar a performance dos seus percursos escolares e a excelência dos resultados que obtinham. O José Augusto era um aluno muito inteligente, brilhante e aplicado, um dos melhores da escola, aliando à excelência das suas qualidades intelectuais uma bondade excessiva, uma camaradagem contínua e uma amizade abrangente. Era amigo de todos e, alem disso, carinhoso, atento e solidário para com os mais novos.

Fora da escola, sobretudo nas tardes de domingo e dias feriados, tinha também a oportunidade de me juntar e brincar com ele e com muitos outros, uns da minha idade, outros um pouco mais velhos, pela canada do Pico, ao “Pai Velho”, no pátio da Casa do Espírito Santo de Cima ao “Burrinho do Lamé”, na rua Direita à “Pesca à Baleia”, no Outeiro ao “Velhas às Escondidas”, de participar em lutas à pedrada, no Vale do Linho, contra os da Ponta, de tomar banho no Caneiro do Porto, onde aprendíamos a nadar ou ainda de colaborarmos na construção de alguns brinquedos com que nos divertíamos, nomeadamente as célebres “Músicas de Cana”, em cuja construção ele era exímio. Morava na Assomada, numa casa geminada com a do Cabral e era sempre o primeiro, nos domingos entre a Páscoa e o Pentecostes, durante os quais as coroas de Espírito Santo iam à missa, a colocar no seu pátio um altíssimo mastro, onde hasteava uma enorme bandeira branca com o símbolo do Paráclito. Muitos outros, incluindo eu, seguíamos-lhe o exemplo e a maioria das casas da freguesia ornamentavam-se com bandeiras, umas brancas, outras vermelhas, enquanto os foliões da Cuada, acompanhando a coroa e a bandeira, enchiam a Assomada com os seus cânticos: “Ó venha, hoje venha, Senhor venha…” Sobrinho de meu tio Cristiano, por parte da mãe que era irmã da minha tia, encontrava-me também com ele, muitas vezes, em casa do meu tio. Por tudo isso, o José Augusto estabeleceu sempre comigo e talvez ainda mais com meu irmão António, cujas idades eram mais próximas, grande amizade e cumplicidade em termos de jogos e brincadeiras.

O José Augusto cresceu, tornou-se homem, agricultor, pescador, jogador de Futebol do Atlético Clube Fajãgrandense, músico da Filarmónica Senhor da Saúde e cantor a Capela da Paróquia, dedicando-se, ainda, a muitas outras actividades. Finalmente casou e passou a viver, ali à Praça, na casa que outrora fora do seu Tio Antonino. Homem honesto e trabalhador, cidadão honrado e digno, membro activo e participante quer nas vivências quer nas actividades da freguesia e da paróquia, o José Augusto emergiu como uma das importantes figuras da Fajã Grande, contribuindo significativamente para o seu crescimento e desenvolvimento, nas décadas posteriores aos anos cinquenta, em que o conheci e com ele convivi, enquanto criança.

Infelizmente o infortúnio, feroz, violento, fulminante e cruel, havia de o atingir. O José Augusto, ainda muito novo, faleceu vítima de um acidente marítimo, quando se encontrava, juntamente com um familiar, a apanhar lapas no Monchique.

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publicado por picodavigia2 às 09:31

BALEIA VIRTUAL

Quinta-feira, 09.01.14

Tarde sombria de Agosto. Homens nas lides dos campos a lavrar, a sachar, a ceifar que a tarde não era de grandes calmarias. Mulheres atafulhadas nas tarefas caseiras, a lavar, a limpar, a amassar e a cozer o pão que era sexta-feira. A rua Direita quase deserta. Quatro crianças preparam uma das suas brincadeiras favoritas – a pesca à baleia, - decalcando nos seus folguedos inócuos e fantasistas, as aventuras, as fadigas e os trabalhos estampados no quotidiano dos adultos. Antes haviam-se deslocado ao Outeiro, na mira de cortar algumas canas, com que construiriam um bote. Primeiro, com fios de espadana, amarraram as duas maiores, uma à outra, em ambas as extremidades. De seguida, cortando as restantes em tiras com tamanhos diferentes mas decrescentemente equiparados em pares, com excepção da maior que era única, e com as extremidades escanadas em bicos côncavos, de forma a encaixarem nas duas primeiras, alargando-as, e dando-lhes uma forma elíptica, a simular a superfície superior do tampo de um bote de baleia. Tudo preparado! Três miúdos ocupam o barco: o mestre à ré, um marinheiro a meio e o trancador à proa. O quarto elemento, o Rodrigues, subindo e encavalitando-se no cimo do chafariz, ali à entrada da Casa de Espírito Santo de Cima, com as mãos fechadas e colocadas nos olhos, a deixar no meio um pequeno orifício, finge segurar uns binóculos, com os quais vigia toda a rua, na mira de descortinar baleia. De repente, avista uma e, simulando com as mãos segurar uma bomba, atira para os ares um jacinto que viera do Outeiro, junto com as canas:

- Fexxt! Puum!

O Câncio, o Júlio e o Greves – os três do bote - sentados na soleira duma das portas da loja do Padre Pimentel, à espera do sinal, iniciam uma tresloucada corrida na direcção da casa de Espírito Santo, onde o adro virara porto, ao mesmo tempo que gritavam:

- Baleia! Baleia! Baleia à vista!

- Vamos arriar! Bote para a água! – Anunciam o Júlio e o Greves, saltando para dentro da embarcação que ali estava varada, aguardando a hora da safra.

Enquanto isto, o Rodrigues, num ápice, abandona a vigia e vem fazer de baleia. É que o número de compinchas era muito reduzido e não se podiam dar ao luxo de manter um elemento do grupo sem fazer nada, sentado lá no alto do chafariz. Depois de encher a boca de água numa das torneiras, desata a correr e vai pôr-se de cócoras, no meio da rua Direita. De vez em quando levanta-se e lança rapidamente jactos de água para o ar, ajoujando-se de imediato, evitando ser arpoado. Era a baleia a profundar nas águas escuras do oceano! Depois, sempre à socapa, repete a cena: boca a abarrotar de água e esguichos convulsivos para o ar. Nova fuga ao arpão…

Os outros, em pé, a segurar as canas, remam e movimentam, velozmente, o bote, na perseguição do cetáceo, na mira, duma baleia virtual.

- Vira-me esse esparrel p´ra direita, mestre. Ali há baleia! – Grita o Júlio para o Câncio que logo acrescenta:

- Já está na direcção! Atira-lhe, agora!

De repente o cetáceo vem à tona, lançando um último esguicho para os ares. Secara-se-lhe a boca… e a torneira ali bem perto. O Greves, atirando o arpão, também ele de cana e amarrado ao bote com fios de espadana entrelaçados uns nos outros, tenta atingir a baleia, mas falha… Nesse momento, atravessando a rua em grande correria, um amigo dos quatro, o Álvaro, em tom de gozo:

- Atira-lhe Greves, atira-lhe, mas nunca lhe acertas. Eu cá é que sou um bom trancador! Nunca falho uma.

O Rodrigues tenta suspender a brincadeira:

- Parem, parem. Agora não vale – e dirigindo-se ao Álvaro - Ó Álvaro, anda brincar connosco. Vem fazer de baleia! Não aguento sozinho a fazer de baleia. – Depois, apontando para o Greves em tom recriminatório: - Ele está sempre a perseguir-me e apanha-me logo. Não consigo vir acima d´água, uma vez que seja, que ele atira-me logo o arpão. Com duas baleias é mais fácil não ser apanhado.

- Hoje, não posso, hoje não posso. – Repetia o Álvaro, esquivando-se. Logo o Júlio em tom de gozo:

- Olha o medricas, vai p’ra casa da avó, p’ra baixo das saias das titias…. Áh! Áh! Áh!

E o Greves, pondo mais água na fervura:

- Olhem! E traz os chinelos. O chinelinho hoje vem de chinelos.

- Vocês falam, falam, mas é “roídos de inveja”. Se soubessem p´ronde eu vou!? Vou para Ponta Delgada e de barco, num barco a sério.

O Júlio ainda acrescentou:

- Vais… Vais… Vais mas é tratar das galinhas da avó…

Foi o Rodrigues que pôs termo às suspeitas;

- Eh pá. Olha que ele vai calçado e com a roupa de domingo. Se calhar é mesmo verdade.

- Pois fiquem sabendo que vou a Ponta Delgada, e vou de barco. Mas num barco a sério. É no S. Pedro, que já está no Cais, à minha espera. Adeus que não posso demorar-me mais.

- Vamos continuar a brincar, - concluía o Câncio. - Com ele não podemos contar hoje. Olhem, vem ali o Chapinha. É do melhor que há para baleia.

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publicado por picodavigia2 às 08:34





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