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IGUALDADE E DIFERENÇAS

Terça-feira, 14.01.14

“O sonho da igualdade só cresce no terreno do respeito pelas diferenças.”

 Augusto Cury

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publicado por picodavigia2 às 23:34

TIA JACINTA

Terça-feira, 14.01.14

Eu nasci na Ribeira Grande, ilha de São Miguel, no início da década de trinta do século passado. Nasci numa sexta-feira e tanto gemi, chorei, gritei e berrei, que sendo a casa dos meus pais situada ao lado da igreja, até o senhor padre-cura se admirou e espantou de tão grande escarcéu. Cresci e calcorreei caminhos, atalhos e veredas, pezinho descalço, saca de serapilheira a tiracolo, na demanda da escola. Ainda criança, fui, várias vezes, a Vila Franca, com a minha avó, santa e bondosa velhinha que, temendo ser assaltada por ladrões, ao atravessar a ilha, levava sempre consigo a tranca da porta da sala, feita de marmeleiro rijo. Ladrão que lhe aparecesse pela frente era desancado debaixo a cima, mas, nos momentos de tréguas, eu aproveitava para, na brincadeira, me escanchar em cima da tranca, imaginando que ela era meu cavalo de verdade. Vila Franca, à altura, era terra próspera, produtiva e rica de toda a espécie de animais, sobretudo galinhas, patos, porcos e até macacos, estes trazidos da África por soldados da marinha, em barcos que ali ancoravam, de vez em quando.

Cresci e namorei a moça mais bonita da minha rua. Mas de tão bonita que era muitos outros rapazes por ela também se apaixonaram. Foi grande a confusão, por isso decidi ir casar às Capelas. A mulher com quem casei não era tão bonita como a primeira mas era bela de modos e costumes e tinha um coração de ouro. Essa a razão por que recebi parabéns pelo casamento que fiz, por parte de muitos parentes, amigos e conhecidos Até uns primos que viviam bem distantes, numa das Fajãs de São Jorge, me enviaram um telegrama de felicitações.

Mas a minha vida em São Miguel não me agradava, sobretudo depois da minha sogra se desentender comigo. Ela que até parecia uma raia, foi morar para a Lomba da Maia, mas tinha-me tanta reixa que resolveu ir fazer queixa de mim ao tribunal da Povoação. A todos chamava canalha e antes que mo chamasse a mim, decidi, no final da década de quarenta, vir morar para Lisboa. A guerra havia terminado, mas deixara marcas terríveis na vida, nos costumes e sobretudo na economia da cidade.

Ora, certo dia, necessitando eu, urgentemente, de uns calções, não os encontrei à venda em toda a cidade de Lisboa e, pior do que isso, não havia quem os fizesse. Soube então que em Sintra, havia uma sábia e experiente costureira, conhecida pela “Tia Jacinta” que era mui hábil na manufacturação dos ditos cujos. Desloquei de Lisboa a Sintra, a casa da famosa “Tia Jacinta”, na mira de lhe encomendar uns calções. Medidas tiradas, preço acertado e marcada a data em que eu havia voltar a Sintra, regressei a Lisboa e, na data combinada, voltei a Sintra. Recebi o embrulhinho contendo os calções e paguei.

Qual não foi o meu espanto quando, ao regressar a casa, ao vesti-los verifiquei, que eram completamente fechados à frente, sem braguilha ou qualquer outro tipo de abertura. Furioso, regressei a Sintra, reclamando junto da tia Jacinta que era inadmissível que me tivesse feito uns calções, esquecendo-se de uma abertura, à frente, para as minhas “precisões”:

Resposta imediata da experiente e douta Tia Jacinta, que pelos vistos até costurava calções e outras indumentárias para o Marechal Carmona e para outras altas figuras da sociedade lisbonense da época:

- Ai, menine! Caredo! Qu’ingnorância a sua! Ei nã m’esqueci d’abertura ninhua. Vê-se logue que o menine veie duis Açores há pouque tempe! Antão o menine ainda nã sabe c’aqui, a moda agora é ui sinhores de Lisboa fazerim as suas precisães mesme incoirinho.

Só então percebi que afinal a tia Jacinta também era natural dos Açores e, a julgar pelo seu falar, muito provavelmente, seria da ilha das Flores. E regressei, feliz com os meus calções, prometendo à tia Jacinta que, a partir de agora, em todas as minhas “precisões” havia de seguir, sempre e com rigor, o exemplo dos senhores de Lisboa.

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publicado por picodavigia2 às 20:32

REPERTÓRIO DO ORFEÃO DO SEMINÁRIO NAS DÉCADAS DE 50/60

Terça-feira, 14.01.14

Todos os anos, de modo especial nas décadas de 50/60 e anteriores, o Seminário de Angra ensaiava e preparava o seu Orfeão, a fim de apresentar e realizar um sarau musical, por altura da festa de São Tomás de Aquino. Ao longo dos vários anos, durante aquelas décadas muitas obras musicais de uma beleza extraordinária e de grandiosidade monumental fizeram parte do repertório daquele Orfeão, o qual atraía uma numerosa plateia ao salão de festas do Seminário, pese embora, o espectáculo fosse transmitido em directo pelo Rádio Club de Angra

O saudoso maestro Emílio Porto, elaborou, com a sua memória e a minha modesta ajuda, uma lista de algumas das obras musicais que o Orfeão do Seminário, cantou naquelas duas décadas, no sarau musical em honra do Dr Angélico e que foram as seguintes:

  • Hino do Seminário que abria a sessão
  • Oremus Pro Pontifice - de Licinio Refice.
  • Joana d'Arc - triptico de Frederico Caudana;
  • Ave Maria - de Franz Shubert;
  • Serenata - de Franz Schubert;
  • Os Sinos de Mafra – Arranjo Dr Edmundo Oliveira e letra Mons Machado Lourenço
  • Fé, Esperança, Caridade - tripito de Rossini;
  • Coros dos Escravos - de Richard Wagner;
  • Coro dos Hebresu da Ópera Nabucodozor - de J. Verdi;
  • Coro final da ópera Ernani  - de J. Verdi;
  • Marcha triunfal da ópera Aida - de J. Verdi;
  • Coro dos soldados - de Charles Gounod;
  • Halleluia - de Haendel;
  • Num país estrangeiro - de Gounod;
  • Danças Polowetzianas" -  Borodine
  • Jesus, alegria dos homens - J.S. Bach;
  • Serenata Açoriana - de Raposo Marques e Antero de Quental;
  • Balada - de Edmundo Oliveira e Bernardo Maciel;
  • Bateram Trindades – Tomás de Borba
  • A Gôndola – J.L. Rodrigues
  • Magnificat - de J.S. Bach
  • A Virgem Mãe dos Anjos
  • “Espirituais Negros”.

E muitos outros.

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publicado por picodavigia2 às 18:09

APELIDOS USADOS NA FAJÃ GRANDE NOS SÉCULOS XVIII E XIX

Terça-feira, 14.01.14

AÇO, João Rodrigues           

ANINA*,  António José de Freitas

BALAIO*, José Coelho       

BARRICAS, Manuel Valadão

BATOCO*, António de Freitas

BONECO, Manuel Rodrigues

BORREGO, Manuel Joaquim

BOSECA, Maria de Freitas

BOTACO, António de Freitas

CABEÇA, Manuel Freitas (Ponta)

CAIXEIRA*, Ana de Freitas

CAIXEIRO*, João de Freitas

CALISTRA, Francisco de Fraga*

CALSSADO, António Rodrigues (Ponta)

CAMARÃO, António George

CAMARINHO, António George

CAPÃO, José Inácio (Quada)

CAPITÃOZINHO, Manuel Caetano

CASCADO, Manuel Lourenço (Ponta)

CAVALA*, Manuel Freitas

CAZADINHO, António de Freitas

CHABAÇO, António Fraga (Ponta)

CHABOCO, Manuel Fraga (Ponta),

COELHINHO*, José

CUELHEIRO, Joseph de Freitas

DESALMADO*, António Caetano

ENRILHADO, Caetano Pimentel

FANFARRÃO, João Coelho

FANHA, António Coelho

FARELO, António Coelho

FENA, Francisco Valadão

FERREIRO, José de Freitas

FOINHA, António Coelho

GALHA, Francisco Fraga

GALO, José António

GATO*, José Fraga

GRANDE, Manuel Rodrigues

LAGOS, António de Freitas

LARÉ, Maria

MAGRO, João de Fraga

MANGAS, Domingos de Freitas

MIL HOMENS, João de Freitas

MOURATO, Francisco

PADRE*, Manuel Rodrigues

PADRE*, Manuel Rodrigues (Ponta)

PANÃO, António Rodrigues

PANOA, Bárbara Pimentel

PASTORA, Maria Pimentel

PATO, Francisco Freitas

PEDASSO, Francisco Furtado (Ponta)

PEIXE, António de Freitas

PEIXINHO, Francisco

PENEIREIRA, Catarina de Freitas

PENEIREIRO, Manuel de Freitas (Ponta)

PEQUENO, Francisco Freitas (Ponta)

PINGELHO, Francisco Valadão

PINTADA, Maria

PINTADO, João Furtado

PREGUISSA, Isabel (Ponta)

PREZO, Manuel de Freitas

RATA, Margarida de Freitas

RATINHO, João Pimentel

RATO, João Pimentel

REI, António de Freitas

SACO, Caetano de Freitas

SAILÉ, José de Freitas

SILOQUE, Leonardo José

TAMBOR, Maria Antónia

TORTO, António de Freitas

TRÉ, Manuel Furtado

TURCA, Maria Rosa

XIBANTE, Manuel Inácio

XOCHA, Manuel Furtado

 

Fonte – Gomes, Francisco A. N. Pimentel, A Ilha das Flores (Da Descoberta à actualidade)

NB – Os apelidos indicados com * ainda se utilizavam na década de cinquenta.

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publicado por picodavigia2 às 16:34

O VALE DA VACA

Terça-feira, 14.01.14

O Vale da Vaca era, sob o ponto de vista económico e agrícola, na década de cinquenta, o verdadeiro celeiro da Fajã Grande, se excluirmos os lugares situadas à beira-mar, nomeadamente o Porto, as Furnas e o Areal, onde de facto a produção agrícola era de grande qualidade, pese embora, frequentemente, fossem estiolados com tempestades e salmouras.

Situava-se este fértil e produtivo vale, entre o Cimo da Assomada, que o extremava a norte e o Descansadouro e a Volta de Delgado com os quais fazia fronteira a sul. A poente, o Vale da Vaca era ladeado pelo Pico e, a nascente, pelo Outeiro e pelo Covão. Assim, encastoado entre dois montes, tanto um como o outro protegiam-no dos ventos fustigantes de leste e oeste, das tempestades do nordeste e sobretudo, no caso do Pico, evitava que fosse abalroado por salmouras e ventanias vindas do mar, como eram as Furnas, o Porto e o Areal. Era este enquadramento geográfico e o micro clima excelente de que usufruía que faziam que o Vale da Vaca se tornasse num dos melhores lugares de cultivo agrícola da Fajã Grande.

Muitos lavradores possuíam ali grandes cerrados onde praticavam sucessivas culturas durante o ano: milho, batata doce e branca, trevo, abóboras e legumes de toda a espécie. Ali tudo era semeado com regularidade, tudo nascia com eficiência, tudo se produzia em grande quantidade e tudo crescia com excelente qualidade. Para além dos produtos agrícolas, as terras do Vale da Vaca eram excelentes para a produção de trevo e erva da casta, os quais permitiam a permanência dos bovinos, dias e dias, durante os meses da Primavera, amarrados à estaca. Muitos agricultores reservavam exclusivamente para as vacas leiteiras as forrageiras ali produzidas. Muito provavelmente terá sido essa a razão por que este lugar se chamou Vale da Vaca, pese embora, muitas vezes, fosse designado simplesmente por Vale, o que também era sinónimo da sua excelência produtiva relativamente a outros vales ou lugares da freguesia. Além disso o Vale da Vaca era um lugar de beleza rara e dele disfrutava-se de uma vista como que “quebrada” de uma parte da Fajã, tendo como fundo oceano imenso e azulado, com o Monchique bem encravado no meio. Ladeado por encostas verdejantes, onde se encastoavam belgas solarengas, floridas no verão e aureoladas no inverno, o Vale da Vaca simulava, sobre o chão, uma espécie de enorme tapete axadrezado pelas paredes assimétricas dos campos, onde ressaltavam os perfumes do milho, das couves, do trevo e do restolho, sobrevoado por melros, tentilhões e lavandeiras a esgaravatar tudo, na mira de pitança, reflectindo sobre a terra húmida e escura o silêncio profundo das encostas que o ladeavam e o misticismo incongruente dos murmúrios do vento e da chuva.

No final da década de cinquenta, o Vale da Vaca foi esfaqueado e cortado a meio, devido à construção do troço da estrada que ligava o Porto da Fajã à Ribeira do Ferreiro e Ladeira do Pessegueiro. Este acontecimento, que alterou bastante a vida e os costumes dos fajãgrandense, por um lado trouxe alguns benefícios aos donos dos terrenos ali situados, mas por outro dividiu muitas propriedades e desfez parcialmente algumas. No entanto, o acesso à maioria das propriedades que, anteriormente, se fazia, na maioria dos casos, por canadas, atalhos ou maroiços que ligavam ao caminho circundante ao Covão passou a ser bastante mais acessível. Outrora até propriedades ali havia que para se ter acesso era necessário passar por outras. Depois da construção da estrada, o acesso à maioria passou a ser mais fácil, mais acessível e mais rápido, por que feito através da própria estrada que o ligava à Assomada e ao resto da freguesia.

Ultimamente, alguns destes cerrados, nomeadamente os que se localizavam a norte, isto é, mais próximo do Cimo da Assomada, foram vendidos para construção de moradias, fazendo com que aquele vale fértil, verde, belo, produtivo e protegido de ventos e salmouras, aos poucos, se fosse descaracterizando. Muitas outras terras foram abandonadas.

Era o princípio do fim de um éden agrícola, de uma pérola agrária, o dealbar do encerramento daquele que foi desde sempre um dos verdadeiros celeiros agrícolas da Fajã Grande.

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publicado por picodavigia2 às 15:21

A LENDA DA ATLÂNTIDA

Terça-feira, 14.01.14

Conta uma lenda que há muito tempo, no local onde actualmente se situam as ilhas açorianas, terá existido um grande continente, chamado Atlântida. Situava-se no meio de um grande oceano que, por isso mesmo, se chamou Atlântico.

Segundo a lenda, a Atlântida era uma espécie de paraíso, onde existiam belas e exóticas paisagens, tinha um clima suave e bonançoso, e era povoada de florestas de árvores gigantescas e frondosas, intercaladas com extensas e férteis planícies. Os animais eram dóceis mas fortes, mas nem havia animais ferozes. A Atlântida possuía grandes e bonitas cidades, mas os pequenos e humildes povoados também eram belos e atractivos. Os seus habitantes chamavam-se atlantes, eram sábios, inteligentes, sóbrios, bondosos e senhores de uma civilização muito avançada. Nas cidades mais importantes da Atlântida havia grandes e sumptuosos palácios e belos e magníficos templos, uns e outros cobertos de marfim e ornamentados com ouro e outros metais preciosos. Em todas as cidades havia belos jardins, bonitas praças, fontanários, ginásios, estádios, estradas, aquedutos e pontes. Tudo isto estava à disposição de toda a população. A Atlântida era um continente próspero, rico e abundante. Tudo isto fazia com que entre os atlantes, para além de viverem felizes, prosperassem nas artes e nas ciências. Eram muitos os artistas, os músicos, os escritores, os profetas e os sábios.

Mas os atlantes não podiam viver completamente tranquilos, pois não estavam sozinhos no mundo. Ao seu lado e para lá das portas de Hércules, no Mediterrâneo, viviam outros povos que invejavam a sua paz, a sua tranquilidade e, sobretudo, a sua riqueza. Por isso apesar de prezarem a paz, os atlantes nunca deixaram de praticar as artes da guerra, apenas com a intenção de se defenderem, já que vários povos, movidos pela inveja, cobiçando a sua riqueza, tentavam conquistar a Atlântida. Mas as vitórias obtidas contra os invasores foram tão grandiosas que, infelizmente, despertaram o orgulho, a cobiça, o ódio, a ambição e a vontade de passarem eles próprios ao contra ataque. Assim, os atlantes, já não lutavam para se defenderem mas sim para conquistar outras terras, aumentar o seu império. E o poderoso exército atlante preparou-se para a guerra e aos poucos foi conquistando grande parte do mundo conhecido de então, dominando vários povos e várias ilhas do Mediterrâneo, uma grande parte da Europa Atlântica e o Norte de África. Os seus corações até ali puros e sem mácula foram endurecendo como as suas armas. Enquanto perdiam a inocência, nascia, entre eles, o orgulho, a vaidade, o luxo desnecessário, a corrupção e o desrespeito para com os deuses e para com os outros povos, seus semelhantes. Posídon, o maior de entre todos os deuses, convocou então os outros deuses para julgar os atlantes, tendo decidido aplicar-lhes um castigo exemplar. Como consequência a Atlântida foi assolada por terríveis catástrofes e enormes calamidades e cataclismos.

As terras da Atlântida tremeram violentamente, o dia transformou-se noite, e de seguida emergiu do seio da Terra um fogo terrível que queimou florestas, arrasou os campos cultivados e destrui casas, palácios, templos e outros edifícios. O mar inundou a terra com ondas gigantes, engolindo pequenos povoados e grandes cidades. Em pouco tempo a Atlântida desaparecia para sempre. No entanto, as suas grandes e altas montanhas não foram completamente cobertas pelas águas. Os altos cumes ficaram acima da superfície do mar, dando origem, às nove ilhas dos Açores.

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publicado por picodavigia2 às 13:42

MARIA PAMPILHOSA

Terça-feira, 14.01.14

Quando eu era criança, entre muitas outras, ouvia contar a “estória” da Maria Pampilhosa. Rezava assim:

Maria vivia numa pequena freguesia mas, contrariamente à maioria das mulheres da terra que andavam mal vestidas e eram pouco elegantes, sobretudo devido às canseiras e trabalhos domésticos e agrícolas em que se envolviam diariamente, era muito elegante, vestia, habitualmente, roupas novas, modernas e muito caras o que a tornava muito arrogante e vaidosa.

Certo dia decidiu deslocar-se à igreja para assistir à missa. Vestiu-se, penteou-se, pintou-se e perfumou-se, apresentando-se à porta do templo muito limpa e asseada, cheia de arrogância e vaidade.

A missa já havia começado e a pequenina igreja estava repleta de fiéis. Um pouco atrasada, Maria entrou no templo, precisamente no momento em que o celebrante se voltava para o povo e com as mãos abertas preparava-se para proferir o “Dominus Vobiscum”. No entanto, ao voltar-se e ao vê-la, o sacerdote ficou de tal maneira deslumbrado que, abrindo os braços, em vez da saudação litúrgica proposta no missal, exclamou:

- Lá vem Maria Pampilhosa toda bonita e vaidosa.

Ao que esta retorquiu:

- À minha custa e não à vossa.

O sacristão que era um pobre coitado, sem ter onde cair morto, cuidando que o habitual “Et cum spirito tuo” não teria ali sentido, respondeu:

- E eu por não ter dinheiro do cu me fizeram um candeeiro.

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publicado por picodavigia2 às 12:06

MAIS UM ENCONTRO NO MUCIFAL

Terça-feira, 14.01.14

Mucifal continua a ser aquele recanto ubérrimo encastoado entre o mar e a serra, a balizar a vila de Sintra, a abarrotar de excelentes praias e a demonstrar que a freguesia de Colares não é conhecida somente pelos seus famosos vinhos, pelas suas deliciosas maçãs ou apenas pelos históricos lugares de Almoçageme, Atalaia, Azenhas do Mar, Azóia, Eugaria, Gigarós, Penedo, Praia das Maçãs e Ulgueira, mas tem ali, mesmo ao lado de Nafarros e do rio Galamares, mais um baluarte da sua história, um testemunho da sua existência no espaço e no tempo. Um vale encantado, que o romancista e escritor de viagens inglês, William Beckford, classificou como: «uma origem de perpétuo encantamento». O mar, para além dos inebriantes auspícios com que, à mistura dos respingos de salmoura e do sabor a maresia, o asperge, salpica o Mucifal duma permanente e continua emotividade e metamorfoseia-o em santuário de imponência e quiescente sobriedade. Por sua vez, a serra, paramentada de verde, mas de um verde deslumbrantemente atraente, e coroado com a sombra heráldica de palácios, castelos e conventos, atufa-o de um ousado encanto e encrava-o numa perplexidade, senão benéfica, pelo menos salubre, augusta e deslumbrantemente fascinante.

O Mucifal é uma espécie de íman gigante, que, atiçado ao tempo, gira sobre o remoer de ecos e memórias, transformando-se numa perene e continua incandescência de sentimentos, num santuário de encanto e deslumbramento, num enorme e profundo vale, onde corre lenta e pausadamente um gigantesco, inebriante e inesgotável caudal de memórias e recordações.

O Agostinho e Aldina, a gerarem e a deixarem efluir ali, uma espécie de epicentro de amizade, um turbilhão de sentimentos partilhados, gerado há mais de duas décadas, misturado com o sibilar dos que, embora tendo partido - Raimundo, Artur Pereira, Artur Carvalho – continuam sempre presentes em memória e saudade, como pioneiros e pedras angulares deste rio beneficamente poluído de uma salutar “açoreanidade”, desta espécie de palácio construído com a lava basáltica que trazemos no peito e de que também somos feitos, nunca está terminado porque há sempre um rio de lava que nunca seca, há um perpétuo peregrinar no tempo, um caminho sempre aberto e disposto a receber, abraçar e acarinhar, mais um que, “de iure e de facto”, se candidata à deliciosa ousadia de encontrar aquele abraço há tanto tempo perdido, aquele rosário de memórias há tanto tempo procurado, aquele memorial de recordações há tanto tempo esquecido. Desta feita personificado no Ângelo Valadão.

Os que a primeira vez ali chegam, partem a sorrir, aureolados com o desejo de voltar e transformam-se numa espécie de arautos do fruitivo, do encantador e do inesquecível. Um hino de glorificação e um salmo de agradecimento ao esforço, à boa vontade e hospitalidade do Agostinho e da esposa que ontem, mais uma vez, juntaram ali, na sua casa, no Mucifal em mais um desses históricos, notáveis e inesquecíveis encontros, um punhado de “Senhores”, que para além de degustar a excelência dos manjares confeccionados pela perícia pantagruélica da Aldina e de usufruir da picoense competência enólica do Simas e da amplitude da sua garrafeira, cantaram, recordaram, dialogaram e conviveram: o Manuel Nóia e Artur Goulart aportados à Santa Casa em 1947, o Agostinho Quental e o Antonino Ávila, em 1950, o Luís Medeiros e o Agostinho Simas de 1952, o Olegário Paz em 1954, o Andrade Moniz e o Mário Carmo em 1955, o Carlos Sousa e Carlos Fagundes em 1958, o Ângelo Valadão em 1961, e ainda o Bartolomeu Dutra e o José Paulo Machado, estes bem mais novos. A acompanhar, a maioria, as esposas, sempres revestidas de uma graciosidade gratificante, duma simpatia excedente e duma dedicação extraordinária, também elas já habituadas a partilhar músicas e memórias. Outros, de longe a rebentar de saudade, a arder em desejos de ali estarem, transmitidos em mensagens: o Onésimo e o José Dioclécio…

Depois dos abraços da chegada, da alegria do reencontro e do saborear do almoço é o transvasar da inesgotável torrente de músicas e memórias.

Este encontro, porém, teve o condão de me surpreender com o acesso a um excelente acervo de memórias visuais (fotografias) e escritas que possui o Artur Goulart. Trata-se de um álbum, excelentemente organizado e religiosamente guardado, que contém, para além de grande quantidade de fotos, um manancial de textos, muitos deles, manuscritos e que constituem documentação de grande interesse e meticulosidade.

 Por isso, o Mucifal é sempre assim, um inesgotável mar de ternura, de alegria, de bem-estar, de saudade, de recordações, de acordes musicais e, sobretudo, de amizade. De muita amizade.

 

Texto publicado no Pico da Vigia, em 4 de Novembro de 2012

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publicado por picodavigia2 às 10:45

AS BANANAS

Terça-feira, 14.01.14

Todos os anos, nos fins de Outubro, a garotada da escola era recrutada para acarretar e arrumar a lenha, que, durante o  ano, arderia no lar de padre Mateus.

Depois de carreada por carros de bois, a lenha era serrada, cortada e rachada com serras e machados, manejados por valentes braços, que não se poupavam a esforços, nos domingos à tarde, pois todos acreditavam que, sendo destinada ao pároco, não era pecado trabalhar ao domingo.

Finalmente o arrumo na velha e esconsa loja, por baixo da residência paroquial, era tarefa da garotada, que assim se unia aos adultos, dando cumprimento ao estabelecido no quinto mandamento da Santa Madre Igreja – “Contribuir para as despesas do culto e sustentação do clero, segundo os legítimos usos e costumes e as determinações da Igreja. “

Apesar do esforço que a sua consecução exigia, a tarefa era ardentemente desejada  pela maioria das crianças, porquanto, por um lado, correspondia a um feriado e, por outro,  terminava sempre com um cálice de licor caseiro e uma biscoito ou um figo passado a cada um.

Por isso, quando a Dona Perpétua, anunciou que os rapazes, no dia seguinte, não deviam trazer a sacola, porque iriam arrumar a lenha do senhor abade, apenas o Antunes, o Gameiro e o Tonico se assumiram como objectores de consciência à sacrossanta tarefa.

- O padre que a arrume! – Sentenciou o Antunes.

- Ou que pague a quem lha arrume, porque isto de trabalhar para aquecer não é comigo – acrescentou o Tonico.

- A mim é que não me apanha lá! – Decretou, muito senhor de si, o Gameiro.

D. Perpétua apercebendo-se de tais impropérios, que, em sua beatífica opinião, quase rondavam a heresia e o ateísmo, impôs de forma categórica:

- Se não forem acarretar e arrumar a lenha do Senhor Prior ficam a fazer cópias, ditados e contas de dividir todo o dia. É certinho!... Ai se é!...

Perante tão dramática e indesejada alternativa, a bravata oposição dos três garotos ruiu. E optaram por colaborar, embora contrafeitos, no arrumo da lenha.

O trabalho era supervisionado pelo sacristão, por isso qualquer tentativa de fuga, esquivança, ou menor empenhamento na tarefa era, no mesmo dia, comunicado a D. Perpétua. E esta não perdoava – nunca menos de vinte palmadas com a férula.

Daí que os três presumíveis objectores de consciência desistissem dos seus intentos de sabotagem da tarefa e se empenhassem, da melhor forma, embora contrariados, em arrumar a lenha do reverendo.

Ao cair da noite, quando toda a lenha estava empilhada, a Genoveva, como de costume, apareceu com dois cálices, uma garrafa de licor de ananás, menos de meia e um pratinho de biscoitos, declarando antecipadamente:

- É só um biscoito a cada um! E licor, só meio cálice que é para não fazer mal aos meninos!

O Antunes, o Gameiro e o Tonico, entendendo que aquele pagamento era injusto porque inadequado ao trabalho prestado, sobretudo pelo facto da entidade patronal ser um eclesiástico, resolveram entrar em reivindicações.

“Biscoitos, pelo menos, podiam ser dois, que não fazem mal!”

Os seus protestos, no entanto, de nada serviram e esbarraram com a persistência da Genoveva, que permanecia na sua:

- É só um biscoito a cada um! E nada mais!...

Os três garotos retiraram-se revoltados, jurando que aquilo não podia ficar assim e haviam de vingar-se.

Ora o padre Mateus tinha junto de casa um pequeno quintal, onde a Genoveva plantava couves, alfaces e outros legumes. Num dos cantos, junto à parede que dava para o caminho, havia uma pequena plantação de bananeiras, das quais pingavam três enormes cachos de bananas, que, dia após dia, iam amadurecendo.

O Gameiro, o mais forte em Matemática, fez as contas:

- Vinte escudos, corresponde a um alqueire de milho e é quanto se paga por um dia de trabalho. É o que deve custar cada cacho. Ora, quantos somos nós?

- Três! - Respondeu o Tonico, de imediato.

- E os cachos? Quantos são?

- Se bem os contei – acrescentou o Tonico – também são três.

- Então, está certíssimo! – Concluiu o Gameiro. – Um para mim, outro para ti e outro para o Antunes. Não podia calhar melhor!...

O Antunes e o Tonico ainda ripostaram:

- E se alguém nos vê?!

- E onde os vamos esconder? É que não comemos as bananas todas num dia!...

- Está tudo programado cá por mim! Esta cabecinha pensa em tudo! – Acrescentou o Gameiro. - A mim ninguém me vê!... A ti só te vêem se quiseres!...

- Mas... o sítio... o sitio para guardar os cachos sem que ninguém os veja? Não comemos as bananas todas num dia!

- Deixem isso comigo! – Respondeu o Gameiro.

O desaparecimento das bananas do quintal de padre Mateus causou grande consternação na freguesia e foi alvo de grandes comentários e de inúmeras suspeitas.

Mas descobrir o ladrão foi, de todo, impossível.

Todos os dias, enquanto as bananas duraram, o Antunes, o Gameiro e o Tonico dirigiam-se para as Aguadas, Rua Nova e depois seguiam para as Furnas Pequenas.

A Maria Bengala, espreitando pela janela, bem se admirava:

- Para onde irão estes três todos os dias? Coisa boa, não andam a urdir!

 

A festa de Cristo-Rei aproximava-se. Dias antes, D. Perpétua impôs autoritariamente:

- De tarde, venham limpinhos e tragam roupinha melhor. Às três horas todos se vão confessar, para comungarem na festa de Cristo-Rei.

O Antunes, o Gameiro e o Tonico entraram em pânico. Olharam-se e embranqueceram. Como é que iam confessar ao padre Mateus, se tinham sido eles os autores do roubo das bananas, sendo elas do próprio abade?

Na hora do intervalo, depois do almoço, ultimaram-se estratégias:

- Cá por mim digo que pequei por desobediência – propôs o Tonico e, perante o espanto do Gameiro, concluiu – Então não há um mandamento da Lei de Deus que manda obedecer a pai, mãe e outros legítimos superiores. Ora minha mãe e a D. Perpétua já me deram ordens para não roubar. Desobedeci-lhes! Foi um pecado! É o que vou confessar...

- Boa! Que rica teoria! Han! – Acrescentou o Gameiro. E virando-se para o Antunes – E tu, também não gamaste nada, pois não?!

- Eu também não! – Concluiu, prontamente, o Gameiro. – O meu pecado foi de gula! Comi bananas a mais... É o que eu vou dizer...

- Ai sim! Sendo assim também não fica o roubo para mim – acrescentou o Antunes.

- Então o que vais dizer? – Interrogaram os outros dois.

- Eu vou dizer que pequei por omissão! Vou dizer que vos vi, aos dois, a roubarem as bananas ao padre e não lhe disse nada.

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publicado por picodavigia2 às 10:02

A CASA DO MANUEL DAWLING

Terça-feira, 14.01.14

Não tanto pelo seu formato, valor histórico ou pelo aspecto ou estrutura interior mas sobretudo pela sua localização e mais ainda pelas suas interessantes e inéditas fachadas exteriores, a casa do velho Dowling era uma das mais emblemáticas da Fajã Grande. Não porque tivesse a imponência e beleza da do Chileno, a altura e os três andares da do Tavares ou a sumptuosidade e a história da de Tio José Luís, mas sobretudo pela originalidade das suas fachadas, nomeadamente da que ficava voltada a noroeste, ou seja para o lado do Monchique e que confrontava com o Caminho de Baixo.

Com uma planta em forma de "U" e com dois pisos, um, o superior, destinado a habitação e um outro, o inferior, destinado a loja de arrumos, a casa do Manuel Dowling caracterizava-se e especificava-se por estar implantada entre duas ruas acentuadamente desniveladas: a Fontinha com o piso do empedrado praticamente paralelo ao telhado e o Caminho de Baixo, situado ao nível da porta a loja. As duas entradas da moradia, quer a da sala quer a da cozinha, podiam fazer-se por uma ou por outra das ruas, uma vez que o pátio que possuía em frente, voltado a sudoeste, comunicava com a Fontinha, através de uma escadaria de degraus de pedra rústica e com o Caminho de Baixo, neste caso atravessando o pátio da Casa de Espírito Santo de Cima que lhe ficava contígua.

O piso superior correspondia à habitação propriamente dita, enquanto o inferior era ocupado por lojas e tinha uma área menor porquanto resultava do aproveitamento do desnível do terreno. O acesso principal ao piso superior fazia-se através de uma escada com um pequeno balcão adossado à fachada principal. A porta de entrada era ladeada por janelas de peito com as ombreiras prolongadas inferiormente de modo a esboçar um avental. Ao nível da loja, junto ao arranque da escada, havia uma pequena porta alinhada pela janela da esquerda. Por sua vez o balcão ligava-se a um patamar que acompanhava a fachada lateral voltada para a Fontinha e onde se localizavam duas portas, separadas da empena do caminho por um estreito vão, formando uma espécie de rego, semelhante ao da vizinha Rosária Sapateira. Era através da escada de pedra tosca e estreita que fazia a ligação deste patamar com a Fontinha.

Era a fachada lateral esquerda, voltada a noroeste que assumia integralmente os dois pisos e era, obviamente a mais fascinante. Nela havia vários vãos com uma distribuição irregular: duas portas no piso térreo, sendo uma delas rematada em arco, sobre as quais havia, ao nível do piso superior uma janela de peito e uma janela de sacada, com a guarda de madeira à face das ombreiras e, mais afastada, uma janela de sacada com varanda saliente cuja guarda em madeira, com recortes e ripado, reproduz uma guarda mais antiga.

O edifício era construído em alvenaria de pedra rebocada e caiada, excepto o soco ou beira superior que era pintada de cinzento assim como todos os beirais, os cunhais, a cornija, a consola da varanda e as molduras dos vãos. A cobertura é do tipo de duas águas em telha de meia-cana tradicional, como era uso e costume na Fajã Grande, com beiral simples e telhão na cumeeira.

Na realidade a casa do Manuel Dowling era, sob o ponto de vista arquitectónico, um dos edifícios mais interessantes e de maior envergadura artística da Fajã Grande.

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publicado por picodavigia2 às 09:30

O COELHO SEM RABO (DIÁRIO DE TI’ANTONHO)

Terça-feira, 14.01.14

Um outro dos contos engraçados que meu pai me contava e que, por sua vez meu avô lhe contava, já lá vão mais de cem anos era o seguinte:

“No tempo em que os animais falavam, um coelho e um gato combinaram dar um passeio, juntos, pelo campo. Enquanto o coelho comia erva verde e fresquinha, o gato, não encontrando nada com que se entreter nem muito menos com que matar a fome, sentou-se e começou a roer o rabo do coelho, deixando-lhe, no fim, apenas um coto. O coelho bem pedia ao gato que lhe restituísse o seu muito estimado rabo:

- Ó gato, dá-me o meu rabo, por favor dá-me o meu rabo.

Ao que o gato retorquiu:

- Só se me deres leite para eu beber. Tu tens a erva para comer e eu não tenho nada com que me possa alimentar.

 O coelho, que o que mais queria era voltar a ter o seu rabo, foi ter com a vaca, que passava por ali perto, pedindo que lhe desse leite, para dar ao gato, para o gato lhe dar rabo.

A vaca disse-lhe que lhe dava o leite se ele lhe arranjasse alguma erva daquela relva, ali ao lado, pois também tinha muita fome.

Foi o coelho ter com a relva do lado e pediu-lhe erva para dar à vaca, para que a vaca desse leite, para o dar o leite ao gato, para que o gato lhe desse o seu rabo.

- Só te dou erva – respondeu a relva - se pedires à chuva para me regar, a fim de que eu possa ficar muito verde, fresquinha e apetitosa.

O coelho foi ter com a chuva e pediu-lhe que regasse a relva, para que ela produzisse erva fresquinha, para alimentar a vaca, para a vaca dar leite, para dar o leite ao gato, para que o gato lhe desse o rabo.

A chuva disse-lhe:

- Só se fores pedir à nuvem que me autorize a cair, a transformar-me em gotas, para poder alimentar a erva.

 Foi ter o coelho ter com a nuvem e pediu-lhe

- Nuvem deixa que a chuva que tens em ti se transforme em gotas, para que as gotas caiam e alimentem a relva, para a relva produza erva fresquinha para alimentar a vaca, para a vaca dar leite, para o leite alimentar o gato, para o gato me dar o rabo.

A nuvem disse-lhe;

- Eu te darei chuva se pedires ao vento que me desfaça para me transformar em gotas.

Mas o vento era muito forte e resolveu soprar com toda a sua força que levou o gato e o coelho pelos ares, ficando o coelho, para sempre, sem o seu elegante rabo.”

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publicado por picodavigia2 às 00:33





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