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VITÓRIAS E DERROTAS

Domingo, 16.02.14

"O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas. O que as derrotas têm de bom é que também não são."

 José Saramago

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publicado por picodavigia2 às 21:56

O CONCELHO DE PAREDES

Domingo, 16.02.14

O Concelho de Paredes situa-se na região do Vale do Sousa e é constituído por 24 freguesias, fazendo fronteiras, a norte com os concelhos de Lousada e Paços de Ferreira, a oeste com o de Valongo, a sul com o de Gondomar e a este com o de Penafiel.

Testemunhos arqueológicos demonstram que há mais de 5000 anos o homem escolheu o território do actual concelho de Paredes, para habitar. Sabe-se, hoje que a sedentarização de povos nesta zona perdurou ao longo dos séculos, sendo que, os povos que por aqui passaram ou aqui se fixaram e foram deixando inúmeros e variados vestígios da sua presença, muito deles ainda hoje guardados em museus ou representados nos falares, nos usos, nos costumes e nos utensílios das gentes que ainda hoje habitam os povoados e aldeias da região.

No caso dos Romanos, chegaram à Península Ibérica durante o século II a. C. e o seu interesse na expansão do Império e a busca de riqueza conduziram-nos às jazidas auríferas de Castromil e das Banjas (Sobreira), onde a intensiva exploração do ouro ficou visível nos numerosos poços, galerias e cortas, alguns deles, ainda hoje existentes

O actual Município de Paredes assenta no antigo Julgado de Aguiar de Sousa, com origem nos primórdios da nacionalidade, que se apresentava como um espaço político, judicial e administrativo independente, exercendo domínio sob um vasto território, composto por 48 freguesias. A partir dos finais do século XVI, porém, as funções de Aguiar de Sousa como cabeça de Julgado, transitam para o lugar das Paredes, situado na freguesia de Castelões de Cepeda, junto à estrada que ligava Porto – Vila Real, com Cadeia e Casa de Audiências.

Fruto da presença de importantes famílias nobres, desde a Idade Média, nas terras deste Julgado, entre as quais o mais importante foi Egas Moniz, aio do primeiro rei de Portugal, surge a fundação de quatro mosteiros e a formação dos respectivos Coutos, bem como a delimitação de Honras com inúmeros privilégios que lhe eram associados. Esta situação permitiu que, durante a crise liberal, com as reformas administrativas de Mouzinho da Silveira, Baltar, Louredo e Sobrosa ascendessem à categoria de concelho, sendo extintos alguns anos mais tarde e integrando-se no de Paredes, o qual foi criado, como consequência da reorganização administrativa de Passos Manuel. Este concelho, inicialmente, era constituído por 23 freguesias, sendo que, em 1855, foi criada a nova freguesia de Recarei, a partir de vários lugares da freguesia da Sobreira, passando a corresponder às 24 freguesias actuais.

O crescente desenvolvimento do concelho levou D. Maria II a conceder-lhe o alvará régio, que o elevava à categoria de Vila, em 1844. A dirigir os rumos do Concelho de Paredes surgiu uma figura ímpar na sua história, que ficou conhecida pelo epíteto de “Rei de Paredes”, José Guilherme Pacheco, que foi presidente da câmara de 1864-1871 e durante parte do ano de 1878. Na linha política de Fontes Pereira de Melo, o conselheiro José Guilherme, procurou promover o progresso de concelho, no campo das acessibilidades, transportes, comunicações e educação. Paredes prestou-lhe justa e devida homenagem, dando o seu nome ao mais importante largo da cidade, fronteiriço ao actual edifício da Câmara Municipal, colocando no centro do mesmo uma estátua.  

Ao longo dos tempos, as gentes de Paredes foram-se dedicando às artes do mobiliário que evoluíram de forma significativa ajustando-se, hoje, às novas tecnologias e métodos de fabrico de acordo com os gostos e exigências do “modus-vivendi”. O concelho ocupa lugar de destaque no que à produção de móveis em Portugal diz respeito.

O florescimento económico do concelho, deve-se, em grande parte, à disponibilidade de capitais, trazido pelos emigrantes dos brasileiros nos finais do século XIX e inicio do século XX, regressaram à região, contribuindo, assim, directa e indirectamente, para o desenvolvimento da indústria mobiliária, quer pelo investimento directo nalgumas fábricas, quer pelas encomendas de mobiliário feitas por esses brasileiros, quer ainda pelo mobiliário que trouxeram do Brasil e que inspirou os marceneiros locais. A relação tradição/modernidade desta da arte de trabalhar a madeira nas suas diferentes vertentes sustentam um produto turístico-cultural denominado “Rota dos Móveis”.

Como resultado de todo um processo de desenvolvimento, Paredes é elevado à categoria de cidade em 20 de Junho de 1991, reunindo todos os requisitos exigidos pela lei vigente. O excessivo crescimento demográfico e notável desenvolvimento económico do concelho, convergidos a diferentes freguesias, fizeram que em 2003, as freguesias de Baltar, Cête, Recarei, Sobreira e Vilela fossem elevadas a Vila e as freguesias de Gandra, Lordelo e Rebordosa fossem elevadas à categoria de Cidade.

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publicado por picodavigia2 às 17:40

O CÂNTICO DAS GANHOAS

Domingo, 16.02.14

Anoitece,

Lentamente…

 

Na curva tenebrosa de uma onda

a esvair-se por entre o granito negro das marés

cantam ganhoas,

imaginando que no brilho prateado das estrelas,

há reflexos de sinfonias perdidas.

Mas quando a maré se esvazia por completo,

o cais fica deserto,

porque todas as ganhoas partiram.

Agora, apenas as rochas negras cintilam

com o restolho inebriante da espuma

que escorre ressequida para o mar.

E quando a noite desaba, por completo,

cansada, meditabunda, vazia de desejos

há plenitude de escuridão no firmamento,

porque as ganhoas já não erguem os seus cânticos solenes

como se estivessem em adoração verdadeira.

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publicado por picodavigia2 às 16:22

IR AO MOINHO

Domingo, 16.02.14

Desde o início do seu povoamento que a agricultura, juntamente com a pecuária, é, desde longa data, um dos pilares fundamentais da economia das ilhas açorianas. Na Fajã Grande, como em toda a ilha das Flores.na primeira metade do século passado, cultivava-se sobretudo o milho.

A importância do milho na economia da freguesia acresce do facto de em tempos relativamente recentes, o milho ser frequentemente utilizado como moeda de troca e como meio de pagamento de serviços de vária ordem neste contexto, marcado por uma economia de subsistência Ao longo do ano, quando não havia farinha ou quando a existente estava prestes a chegar ao fim era necessário tirar uma parte do milho que estava guardado nos estaleiros, de maneira a encher uma moenda que seria levada ao moinho. Para tal era necessário tirar do estaleiro uma certa quantidade de milho, o qual, antecipadamente devia ser descascado, caso se tratasse de cambulhões. A retirada destes do estaleiro deveria ser sempre inversa à da sua colocação, de forma a não prejudicar o que lá ficava e apenas na quantidade necessária para encher a respectiva moenda, que de imediato seria levada ao moinho.

Na Fajã Grande havia quatro moinhos todos na Ribeira das Casas, dois pertencentes a tio Manuel Luís, um ao Manuel Dawling e o Moinho do Engenho, que teve vários proprietários, acabando, mais tarde, por ser abandonado. A Ponta tinha os seus moinhos e as pessoas da Cuada iam moer o seu milho à Fajãzinha, por lhes ficar mais perto. Competia a cada agricultor ou a um membro da sua família levar a sua própria moenda ao moinho, tarefa geralmente atribuída às raparigas, as quais aproveitavam a ida para por em dia a conversa com os namorados. Na ocasião em que se entregava a moenda era combinado com o moleiro o dia em que estaria pronta. Ao moleiro competia apenas moer o milho, pagando-se ele próprio do seu trabalho através de uma “maquia” de farinha que retirava de cada uma das moendas. Como geralmente não a utilizava para uso pessoal, dado que ele próprio também tinha as suas terras de milho, vendia-a compensando assim todo o trabalho que tinha e as horas que passava no moinho, onde geralmente pernoitava, pois a substituição de cada moenda era manual.

Os moinhos na Fajã Grande, como aliás em toda a ilha das Flores eram movidos a água, por isso eram construídos junto das ribeiras donde se desviava a água para um rego ou levada, que corria na direcção do moinho. A água encanada no respectivo rego corria no mesmo com maior pressão, saía do rego e projectava-se contra uma enorme roda dentada cujo movimento comunicava a toda a restante engrenagem que acabava por movimentar a mó. Na Fajã Grande os moinhos ficavam situados junto da Ribeira das Casas e deles, actualmente, apenas restam ruínas.

Os moinhos eram construídos em locais de rara beleza, embora tendo o inconveniente do relativo isolamento e da distância face aos núcleos populacionais. Além disso os caminhos de acesso, ao longo da Ribeira das Casas eram íngremes e sinuosos e a moenda tinha que ser carregada às costas ou cabeça. Escolher o moinho a que se devia ir dependia de um conjunto de factores, entre os quais a distância a percorrer e os meios de acesso, as relações de amizade e de parentesco que se tinham com os moleiros, o montante das maquias, a qualidade do serviço, a disponibilidade do moleiro e o atendimento. Mas na Fajã Grande, os moinhos mais procurados eram os do Tio Manuel Luís, que tratava muito bem a sua clientela que era sempre atendida educadamente e muito bem servida.

As pessoas, em tempos de menor procura, esperavam até que a farinha estivesse feita ou regressavam a casa e voltavam ao moinho no dia seguinte ou no dia indicado pelo moleiro. Na Fajã Grande ia.se ao moinho com muita frequência, pelo que os moinhos eram espaços de convívio social de eleição. Por vezes eram autênticas romarias, uns a ir outros a vir, parando e descansando aqui e além. Os moinhos eram importantes locais de convergência, sendo usual o facto de neles ou nas suas imediações se encontrar sempre não apenas que ia ao moinho mas as lavadeiras da Ribeira das Casas, as pessoas que iam ou vinham da Ponta e ainda os que iam trabalhar para as terras ao redor dos próprios moinhos.

Ir ao moinho era fundamental na vida da Fajã Grande. O milho era levado ao moinho em sacas de pano que vinham da América. Competia a cada agricultor ou a um membro da sua família levar a sua própria moenda ao moinho, tarefa geralmente atribuída às raparigas, as quais aproveitavam a ida para por em dia a conversa com os namorados. Na ocasião em que se entregava a moenda era combinado com o moleiro o dia em que estaria pronta.

Ao moleiro competia apenas moer o milho, pagando-se ele próprio do seu trabalho através de uma “maquia” de farinha que retirava de cada uma das moendas. Como geralmente não a utilizava para uso pessoal, dado que ele próprio também tinha as suas terras de milho, vendia-a compensando assim todo o trabalho que tinha e as horas que passava no moinho, onde geralmente pernoitava, pois a substituição de cada moenda era manual.

 

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publicado por picodavigia2 às 15:42

TORRENCIAL

Domingo, 16.02.14

MENU 28 – “TORRENCIAL”

 

 

 ENTRADA

 

Salada de alface, morango, queijo fresco e nozes com molho vinagrete,

acamada em bolachas cream-caker.

 

PRATO

 

Lombo de porco grelhado e borrifado com mel. Arroz de ervilhas de quebrar

 e mortadela de peru recheada

 com queijo de creme fresco e ervas aromáticas

 

SOBREMESA

 

Morangos ao natural e gelatina de ananás.

 

 

******

 

Preparação da Entrada: Lavar e cortar a alface aos pedacinhos, lavar e laminar os morangos às fatias finas, juntar os pedacinhos de queijo fresco e as nozes. Cobrir com molho vinagrete. Para o molho vinagrete juntar 3 colheres de sobremesa de azeite a uma de sumo de limão e outra de mel. Juntar um pouco de sal e bater muito bem. Misturar na salada. Empratar a salada sobre as bolachas cream-caker.

 

Preparação do Prato – Para o arroz, refogar cebola e alho em azeite e juntar as ervilhas e, algum tempo depois o arroz. Acrescentar a água necessária e deixar cozer. Temperar o bife de lombo e grelhá-lo, barrando-o em quente com um pouco de mel. Rechear a mortadela com o queijo e empratar.

 

Preparação da Sobremesa - Confecção tradicional.

 

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publicado por picodavigia2 às 14:24

DOM JOSÉ VIEIRA ALVERNAZ

Domingo, 16.02.14

O livro de Maria Guiomar Lima “José Vieira Alvernaz” foi publicado pelo IAC e apresentado durante a sessão de encerramento da Semana Cultural e Recreativa da Ribeirinha  do Pico, cabendo a apresentação do mesmo a Emílio Porto. Trata-se de uma obra de grande rigor histórico e de agradável leitura onde se rela a vida de uma das mais altas e destacadas figuras da Igreja Açoriana, D. José Vieira Alvernaz (5-2-1898/13-3-1986). O Patriarca Alvernaz, como também é conhecido, nasceu na Ribeirinha do Pico, (na altura um lugar da Piedade) estudou no liceu de Angra e no Seminário Episcopal, formou-se na Universidade Gregoriana em Roma e no Instituto de Ciências Sociais de Bergamo. Foi fundador do Colégio Sena Freitas em Ponta Delgada, pároco em Santa Luzia e na Praia da Vitória, professor e mais tarde reitor do Seminário de Angra. Dirigiu o boletim da diocese, colaborou assiduamente nos jornais A União e A Pátria, sendo uma figura de destaque na vida social angrense nos anos 1930/40. Nomeado bispo de Cochim em 1941 e mais tarde arcebispo de Goa e Damão, Patriarca das Índias, Primaz do Oriente, foi o último prelado português a ocupar estes cargos. Manteve-se na Índia até Setembro de 1962 mas, para facilitar a nomeação de um bispo goês, deixou Pangim. Voltou aos Açores no início do ano seguinte e viveu em Santa Luzia de uma forma modesta, retirada mas muito próxima da população. Manteve os seus títulos de arcebispo e Patriarca das Índias até à assinatura do Tratado de 31 de Dezembro de 1974 entre Portugal e a União Indiana.

O livro agora publicado é tanto mais interessante, completo e rigoroso, porquanto Maria Guiomar Lima, Licenciada em Psicologia e Ciências da Educação, com larga experiência em jornalismo e investigação histórica e biográfica, também natural da Ribeirinha, viveu em Angra entre 1959 e 1972, conheceu e privou com o D. José durante largos anos.

A obra está divida em seis partes. Na primeira retracta-se a infância e a vida de D. José como aluno em Angra, enquanto na segunda, nos é apresentada a sua vida de estudante em Roma e em Bérgamo. Na terceira parte é-nos apresentado o Dr Alvernaz como professor e Reitor do Seminário, na Angra dos anos trinta, enquanto nas seguintes se descreve a atribulada vida do Bispo, Arcebispo e Patriarca por Cochim, Malabar, Goa e outras paragens da Índia. Finalmente o livro termina com o regresso de D. José aos Açores, descrevendo a sua vida simples e humilde, entre 1963-1968, na sua casa de Santa Luzia, onde, inclusivamente, dava explicações gratuitas aos alunos mais pobres do liceu.

D. José Vieira Alvernaz, a veneranda figura da Igreja missionária, bispo de Cochim, arcebispo de Goa e Damão, Patriarca das índias Orientais, estudou no Seminário de Angra, onde se matriculou em 2 de Novembro de 1909, distinguindo-se como um aluno brilhante. Quando o Seminário encerrou, em 1911, a quando da proclamação da República, continuou os seus estudos no liceu de Angra do Heroísmo. Terminou o Curso de Teologia e ordenou-se presbítero em 1920, seguindo para Roma a fim de frequentar o Pontifício Colégio Português, vindo a doutorar-se na Universidade Gregoriana em filosofia e direito canónico. Matriculou-se, também, no Instituto Católico de Ciências Sociais, de Bérgamo, doutoramento em Ciências Sociais, naquela cidade italiana. Regressado às ilhas dos Açores, paroquiou em Santa Luzia de Angra, por nomeação do então prelado diocesano D. António Augusto de Castro Meireles, foi director do Colégio de Sena Freitas, em Ponta Delgada, onde foi "grande e profícua a sua acção, durante os quatro anos" em que esteve à frente daquele colégio. "Ainda hoje, afirma o Boletim Eclesiástico dos Açores, falam os antigos alunos do colégio, com saudade e reconhecimento, da dedicação, do espírito de sacrifício, dos conselhos acertados do sr. dr. Alvernaz”. No ano de 1930 o bispo D. Guilherme Augusto nomeou-o pároco de Santa Cruz da então vila da Praia da Vitória, onde a sua obra foi "marcada por uma luz brilhante", ali também exercendo as funções da provedoria da Santa Casa da Misericórdia, tendo-se empenhado pela reedificação da igreja de Santo Cristo, que o fogo destruíra. Colaborou activamente na imprensa terceirense, por vezes, com temas polémicos, sendo considerado uma das maiores figuras do jornalismo moderno açoriano. Professor do seminário de Angra, em 1937 foi nomeado reitor deste estabelecimento de ensino. Foi também dirigente da Acção Católica, fazendo conferências e palestras, reuniões e retiros espirituais, orientando reuniões de militantes e de massa, visitando as secções. Foi capelão e director dos serviços sociais da Legião Portuguesa, sendo ampla a sua acção na defesa dos princípios religiosos e morais. Quando falava fazia-o dando exemplo enquanto que, com a palavra "convencia e apontava o caminho da perfeição a seguir. A sua vida foi para os seminaristas o maior incentivo ao cumprimento do dever e à consecução do bem".

D. José Vieira Alvernaz, foi um espírito culto e muito viajado. A 13 de Agosto de 1941 Pio XII fê-lo bispo de Cochim, havendo decorrido em Lisboa as cerimónias da sua sagração a 1 de Dezembro desse ano, na Basílica dos Mártires, sob a presidência do bispo de Angra D. Guilherme Augusto da Cunha Guimarães, assistido por D. Abílio Augusto Vaz das Neves, bispo de Bragança e Miranda, e D. Manuel Ferreira da Silva, bispo titular de Gurza e superior das Missões Ultramarinas.

Passados dois meses, a 18 de Fevereiro de 1942, D. José chegava à Índia. na companhia do seu secretário Pe. José Joaquim Neves, até então prefeito do seminário de Angra. O bispo de Goa usava a denominação de Arcebispo de Goa e Damão, Primaz do Oriente, Patriarca das Índias Orientais, Arcebispo "ad honorem" de Granganor. Com a independência da Índia extinguiu-se o Padroado Português no Oriente, deixando o governo de Portugal de fazer a apresentação de prelados às dioceses que até ali estiveram subordinadas ao Padroado, entre elas a de Cochim, cujo sólio era nessa altura ocupado por D. José Vieira Alvernaz, que, mercê do destino foi o último prelado português de Cochim.

Como resultado destas ocorrências a Santa Sé nomeou D. José coadjutor com direito a sucessão do arcebispado de Goa e Damão iure successionis. Patriarca das Índias Orientais a 23 de Dezembro de 1950 e arcebispo titular de Anasartha, cuja posse efectivaria em 7 de Abril de 1951. Sucedeu na Sé de Goa quando da renúncia (1953) de D. José da Costa Nunes, outro emérito açoriano a quem viria a ser dado o chapéu cardinalício.

Devido à ocupação de Goa pela União Indiana, D. José Alvernaz viu-se compelido a deixar o território da sua jurisdição, passando aquela arquidiocese a ser governada sede plena a partir de 1966 por um administrador apostólico. No ano de 1946 D. José foi de visita aos Estados Unidos, viagem algo conturbada, porquanto o navio naufragaria nas proximidades do Canal do Suez. Mas ao chegar ao generoso solo americano este bispo missionário foi alvo das maiores homenagens e simpatias, não só por parte da gente portuguesa, mas, viu-se distinguido por personalidades importantes do próprio país. Depois dos acontecimentos políticos na Índia portuguesa, Dom José voltou ao seu recanto açoriano, fixando residência na freguesia de Santa Luzia, retomando os hábitos da vida simples açoriana. E a sua figura missionária de longas barbas alvas é tanto singular a presidir cerimoniais litúrgicos, como em sociedade, ou, quando, recolhidamente, ia às "Mónicas" celebrar a sua missa. Os seus conterrâneos picoenses, nomeadamente os que, como ele, nasceram e viveram na Ribeirinha do Pico, não esqueceram o bispo de Cochin erigindo-lhe um busto de bronze. Os terceirenses também não foram avaros com este prelado cuja veneranda presença lhes é grata, tendo o município angrense, que já o tinha declarado Cidadão Honorário da Cidade de Angra, associando-se ao jubiloso acontecimento das suas Bodas de Ouro sacerdotais para, mais uma vez, prestar homenagem. Faleceu no dia 13 de Março de 1986, na sua residência da Ladeira de Santa Luzia, na cidade de Angra, sendo o seu corpo trasladado, mais tarde, para o seminário, onde ficou em câmara ardente. O féretro passou, na manhã seguinte, à Sé Catedral, onde se realizaram solenes exéquias presididas por D. Aurélio, bispo diocesano, indo o seu corpo a sepultar no cemitério de Nossa Senhora da Conceição, em campa de família. D. José era filho de José Vieira Alvemaz e de D. Perpétua Mariana, e irmão de Monsenhor Manuel Vieira Alvernaz, que foi pároco da igreja do Sagrado Coração em Turlock, na Califómia, Estados Unidos da América do Norte.

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publicado por picodavigia2 às 10:28





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