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O TRADE

Terça-feira, 08.04.14

Trade era a forma como se designava o trado ou a verruma na Fajã Grande, na década de cinquenta. Tratava-se de um instrumento de madeira, metal e aço, com o cabo de tal forma quebrado em u, ou uma espécie de manivela, permitindo, assim, que fosse possível segurá-lo com uma mão na maçaneta superior, impingindo-lhe a força adequada e rodá-lo com a parte quebrada, de maneira que, a broca de aço, da parte inferior, em forma de espiral e com a extremidade inferior pontiaguda, perfurasse qualquer superfície, nomeadamente a madeira, a fim de lhe prender um parafuso ou prego. Assim, ao girar, o trade conseguia perfurar a madeira, a terra, ou até outras superfícies mais duras, fazendo um buraquinho, geralmente, de grande e imediata utilidade. Embora presente entre as ferramentas de qualquer carpinteiro, o trade era, na realidade, um utensilio doméstico de grande utilidade, por isso existia um exemplar em cada casa. Na realidade, o dia-a-dia, nesses tempos recuados, exigia muitas vezes um buraco aqui outro acola, ora para aparafusar o moinho do café ou para encastoar um uma prateleira, ora para encravar um suporte numa porta, uma taramela num palheiro ou uma asa num balde de madeira, ou, até para abrir um buraco num temão para lhe encravar a chavelha mais atrás, tornando-o mais curto, sem o cortar.

O velho trade, utensílio de grande utilidade, hoje é peça de museu, porquanto, desde há muito, foi substituído pelos modernos berbequins, black & deckers e muitas outras eléctricas e electrónicas máquinas de furar e perfurar.

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publicado por picodavigia2 às 13:26

AS FESTAS RELIGIOSAS EM PONTA DELGADA

Terça-feira, 08.04.14

Eram várias as festas que, ao longo do ano, na década de cinquenta, se realizavam na igreja Matriz de Ponta Delgada. Em Dezembro e para além do Natal, realizava uma grande festa em honra da Imaculada Conceição. Precedida de um novenário preparatório, a festa tinha o seu epicentro no dia oito, com missa solene, cantada e à tarde uma procissão em que seguia, pelas ruas de Ponta Delgada, uma imagem da Virgem que me fazia lembrar a da Senhora da Saúde, existente na igreja da Fajã.

Em Janeiro, também com grande pompa e circunstância que se realizava a festa do padroeiro, o glorioso mártir São Sebastião. A Semana Santa, por sua vez, era celebrada ao pormenor, com todas as cerimónias, ritos e procissões, com destaque para a procissão de Ramos, o lava-pés, as Endoenças e a procissão do Senhor Morto. Nós, os seminaristas das ilhas, como estávamos de férias, participávamos em todas as celebrações, a que se associavam muitos sacerdotes residentes na cidade.

Mas a mais aliciante de todas as procissões, realizada por altura da Páscoa era a Procissão aos Enfermos. As ruas cobriam-se com tapetes multicolores e enfeitavam-se as janelas com colchas desde da Avenida Marginal até à rua da Arquinha, passando pelas do Amorim, Contador, Passal, Santana, Margarida Chaves e muitas outras, até regressar à Matriz. O Senhor, sob a espécie do pão, era conduzido pelo pároco e acólitos, debaixo do pálio, acompanhado de muito clero, dos seminaristas e de muito povo, visitando os doentes e acamados, a quem era distribuída a comunhão.

Para além destas festas realizadas na paróquia a que pertencíamos, ainda participávamos na grandiosa festa do Senhor Santo Cristo, incontestavelmente a maior festividade celebrada nos Açores. Participávamos nas procissões da mudança da imagem e na do dia da festa, esta com um giro gigantesco e dávamos passeios pelo campo de São Francisco e pela Avenida, vendo e observando as barracas e os vendedores ambulantes. Simplesmente como o dinheiro era pouco ou quase nenhum, apenas consegui comprar uns pequenos objectos de barro da Lagoa que guardei para levar e oferecer a meus irmãos nas férias que já se aproximavam.

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publicado por picodavigia2 às 09:16





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