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MOMENTO MÁGICO

Segunda-feira, 21.04.14

Amanheceu! Um bando de gaivotas

Em bailados de cio. Doces lamentos…

Esvaídos em magma, eivados de tisna,

Que as marés branqueiam. Há suco verde,

 

Limos encharcados, no cais deserto.

Que importa se da terra, se do mar?

Porque as ondas não param de sorrir,

De os embalar em seu manto d’espuma.

 

Há um rio de silêncio. Alguns barcos

Ainda dormem. A faina é incerta!

De onde sopra o vento? Não se sabe…

 

Mas quando o Sol, no seu trono, rasga o véu,

O mar é um espelho renascido

E o cais um reboliço de esperança.

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publicado por picodavigia2 às 14:21

ATALHOS E RETALHOS

Segunda-feira, 21.04.14

Ontem foi dia de Páscoa. Decidi alterar o rumo da minha caminhada diária, pelas ruas circundantes da jovem urbe paredense. Optei pelo campo, atravessando os campos e vinhedos de Mouriz às fronteiras de Vila Cova de Carros. Contrariamente às previsões metereólogas, amanhã surgiu esplendorosa, iluminada por um sol, delirantemente, contagiante e enternecedor, convidativo e, generosamente, acolhedor.

Optei, nos espaços em que isso foi possível, caminhar por atalhos solitários, isolados, térreos e de piso irregular mas ladeados de campos verdejantes, de vinhedos promissores, regatos generosos e florestas assombradas. Dos campos pejados de forrageiras, erva, batatas, favas e cebolinho emanava um perfume adocicado, fresco e taumaturgo. Sabia a maré cheia de verdura e de encanto. Os vinhedos eram berçários florescentes dos cachos bebés, a definirem-se ainda em formas enigmáticas. Os regatos simulavam um murmúrio alegre, distinto e nobre, entrecortado apenas pelo canto cicioso dos pássaros e o esvoaçar atrevido das borboletas. Um açude calmo e prateado a silenciar o murmúrio sulcado pelas águas espumosas das quebradas.

Neste idílio primaveril, verde, sorridente, cativante, velhos solares, com portões brasonados, encimados por cruzes e botaréus, a ruírem e a desmoronarem-se, sozinhos, amordaçados, escuros e tímidos. Num abandono total e oblíquo, à espera do fim. Retalhos desfeitos de um passado enigmático

Sob a sombra ternurenta de uma árvore, enquanto ao longe ribombavam os foguetes do compasso, um homem, indiferente ao eminente desmoronar-se dos solares, lia o jornal.

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publicado por picodavigia2 às 14:19

CAMPEÕES NACIONAIS

Segunda-feira, 21.04.14

Top de Clubes Campeões Nacionais de Portugal:

  1. Sport Lisboa e Benfica                                                      33        títulos
  2. Futebol Clube do Porto,                                                     27          »
  3. Sporting Clube de Portugal,                                               18          »
  4. Club Futebol Os Belenenses                                              01          »
  5. Boavista Futebol Clube,                                                      01          »

 

Lista de Campeões Nacionais por anos:

 

1934/35 F. C. Porto

1935/36 Benfica

1936/37 Benfica

1937/38 Benfica

1938/39 F. C. Porto

1939/40 F. C. Porto

1940/41 Sporting

1941/42 Benfica

1942/43 Benfica

1943/44 Sporting

1944/45 Benfica

1945/46 Belenenses

1946/47 Sporting

1947/48 Sporting

1948/49 Sporting

1949/50 Benfica

1950/51 Sporting

1951/52 Sporting

1952/53 Sporting

1953/54 Sporting

1954/55 Benfica

1955/56 F. C. Porto

1956/57 Benfica

1957/58 Sporting

1958/59 F. C. Porto

1959/60 Benfica

1960/61 Benfica

1961/62 Sporting

1962/63 Benfica

1963/64 Benfica

1964/65 Benfica

1965/66 Sporting

1966/67 Benfica

1967/68 Benfica

1968/69 Benfica

1969/70 Sporting

1970/71 Benfica

1971/72 Benfica

1972/73 Benfica

1973/74 Sporting

1974/75 Benfica

1975/76 Benfica

1976/77 Benfica

1977/78 F. C. Porto

1978/79 F. C. Porto

1979/80 Sporting

1980/81 Benfica

1981/82 Sporting

1982/83 Benfica

1983/84 Benfica

1984/85 F. C. Porto

1985/86 F. C. Porto

1986/87 Benfica

1987/88 F. C. Porto

1988/89 Benfica

1989/90 F. C. Porto

1990/91 Benfica

1991/92 F. C. Porto

1992/93 F. C. Porto

1993/94 Benfica

1994/95 F. C. Porto

1995/96 F. C. Porto

1996/97 F. C. Porto

1997/98 F. C. Porto

1998/99 F. C. Porto

1999/00 Sporting

2000/01 Boavista

2001/02 Sporting

2002/03 F.C. Porto

2003/04 F.C. Porto

2004/05 Benfica

2005/06 F.C. Porto

2006/07 F.C. Porto

2007/08 F.C. Porto

2008/09 F.C. Porto

2009/10 Benfica

2010/11 F.C. Porto

2011/12 F.C. Porto

2012/13 F.C. Porto

2013/14 Benfica

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publicado por picodavigia2 às 09:35

ANIVERSÁRIO

Segunda-feira, 21.04.14

(UM POEMA DE FERNANDO PESSOA)

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu era feliz e ninguém estava morto.

Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há séculos,

E a alegria de todos, e a minha, estava certa com uma religião qualquer.

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos,

Eu tinha a grande saúde de não perceber coisa nenhuma,

De ser inteligente para entre a família,

E de não ter as esperanças que os outros tinham por mim.

Quando vim a ter esperanças, já não sabia ter esperanças.

Quando vim a olhar para a vida, perdera o sentido da vida.

 

Sim, o que fui de suposto a mim-mesmo,

O que fui de coração e parentesco.

O que fui de serões de meia-província,

O que fui de amarem-me e eu ser menino,

O que fui - ai, meu Deus! O que só hoje sei que fui...

A que distância!...

(Nem o acho...)

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!

 

O que eu sou hoje é como a humidade no corredor do fim da casa,

Pondo grelado nas paredes...

O que eu sou hoje (e a casa dos que me amaram treme através das minhas

lágrimas),

O que eu sou hoje é terem vendido a casa,

É terem morrido todos,

É estar eu sobrevivente a mim-mesmo como um fósforo frio...

 

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

Que meu amor, como uma pessoa, esse tempo!

Desejo físico da alma de se encontrar ali outra vez,

Por uma viagem metafísica e carnal,

Com uma dualidade de eu para mim...

Comer o passado como pão de fome, sem tempo de manteiga nos dentes!

 

Vejo tudo outra vez com uma nitidez que me cega para o que há aqui...

A mesa posta com mais lugares, com melhores desenhos na loiça, com mais copos,

O aparador com muitas coisas - doces, frutas o resto na sombra debaixo do alçado —,

As tias velhas, os primos diferentes, e tudo era por minha causa,

No tempo em que festejavam o dia dos meus anos...

 

Pára, meu coração!

Não penses! Deixa o pensar na cabeça!

Ó meu Deus, meu Deus, meu Deus!

Hoje já não faço anos.

Duro.

Somam-se-me dias.

Serei velho quando o for.

Mais nada.

Raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!...

 

O tempo em que festejavam o dia dos meus anos!...

 

Fernando Pessoa

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publicado por picodavigia2 às 09:06

ORIGINAL E CÓPIA

Segunda-feira, 21.04.14

"Todos nós nascemos originais e morremos cópias"

Carl J. Jung

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publicado por picodavigia2 às 06:50

A VELHA DO CORVO

Segunda-feira, 21.04.14

Em tempos que já lá vão, na Fajã Grande e creio que em toda a ilha das Flores, para justificar a chegada dos recém-nascidos e com o objectivo de prolongar até à idade adulta a inocência das criancinhas, ocultando-lhes todo o processo reprodutivo e ginecológico inerentes à maternidade, dizia-se que os meninos vinham do Corvo, trazidos por uma Velha, numa cestinha muito enfeitadinha. Ao chegar à freguesia, vindo não se sabia como, mas de forma miraculosa, a Velha do Corvo colocava a cestinha na soleira da porta da casa, por ela escolhida, conforme muito bem queria e entendia. Batia à porta, a alertar os donos para a encomendinha e zarpava novamente em direcção à ilha vizinha, em alta velocidade, sem que ninguém lhe pusesse a vista em cima. Uma atrevida, esta velha!

Ora faz hoje precisamente sessenta e oito anos que a dita Velha resolveu mais uma vez empreender uma viagem mágica do Corvo às Flores, trazendo consigo, na sua cestinha, desta feita, um menino. E de que se havia de lembrar a dita Velha? Não sei se por capricho ou por esquisitice, o diabo da Velha decidiu-se por levá-lo à Fajã Grande, depositando-o ali para os lados da Assomada, precisamente numa casa, à esquerda de quem descia aquela rua, logo a seguir ao Poço onde as vacas bebiam água, poisando-o, suave e carinhosamente, fora da porta da sala. A Velha abalou sem que ninguém a visse, mas o menino lá ficou… Embora já tendo três filhotes, os donos da casa, ao que parece, não se importaram e até terão ficado muito felizes e contentes com a visita da Velha e criaram o rebento, que ela ali depositara, com muito amor e carinho.

Diz, quem o viu na altura, que era um menino muito bonito, alvo da neve e tinha olhos azuis e cabelos castanhos, tal e qual a um menino que vinha descrito no livro de leitura da 1ª classe, donde a Velha, ao que parece, terá tirado cópia do pequerrucho e que, por mera coincidência, também, se chamava “Carlitos”.

Obrigado, Velha!...

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publicado por picodavigia2 às 00:04





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