PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
MANUEL JOAQUIM DIAS
Manuel Joaquim Dias nasceu na cidade da Horta, em 21 de Dezembro de1852 e faleceu na mesma cidade. em 21 de Janeiro de 1930. Oriundo de uma família pobre não lhe foi possível frequentar o liceu e, assim, logo que feito exame da 4.ª classe, foi aprender o ofício de barbeiro. Isso não o impediu, porém, de se cultivar.
Autodidacta, adquiriu uma vasta cultura literária, lendo assiduamente os melhores clássicos portugueses: Camões, Filinto, Bocage e Tolentino. Estudou inglês e francês, o que lhe permitiu conhecer as obras de Victor Hugo, Lamartine, Proudhon e Spencer. À força de leituras, acabou por adquirir uma bagagem de conhecimentos verdadeiramente excepcional, sobretudo no campo da Filosofia. Entretanto, conseguiu empregar-se como amanuense na Administração do Concelho da Horta, de que veio a ser secretário.
A sua obra poética está recolhida nos seguintes volumes: Margarida, Apoteose Humana, Telas da Vida e Ao Cair das Sombras.
Romântico, primeiro, evoluiu depois de 1884 para um parnasianismo prosaico, em que, a par com preocupações sociais, frequentemente manifesta pendor para a interpretação filosófica e as divagações científicas. Traduziu Whalt Whitman e nos seus artigos e ensaios filosófico-sociológicos há referências às doutrinas de Marx.
Apoteose Humana é a sua obra de referência, com estrofes modulares, quer sob o ponto de vista conceptual, quer sob o ponto de vista formal. Inspirando-se nas epopeias cíclicas então em voga e crente no positivismo científico, Manuel Joaquim Dias fala, no referido livro, da glorificação do homem triunfando das forças cegas de um destino cego, liberto, enfim, «evolutivamente, do grosseiro determinismo primitivo».
Jornalista, foi redactor de vários semanários, entre os quais O Açoriano e colaborou em muitos jornais e revistas açorianos e de Lisboa.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores
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TALVEZ UM DIA
(PEDRO DA SILVEIRA)
Talvez um dia a minha poesia seja
simples e natural
como um corpo de mulher abrindo-se ao amor.
Poesia simples, sem ódios nem revolta.
Poesia que fale
Só de cousas belas.
...E, liberto talvez do sonho antigo de evadir-me,
não me perturbará mais a presença longínqua
dos transatlânticos passando.
Ai,
Simples e natural
Como uma canção de berço.
(de A Ilha e o Mundo, 1952)