PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
ABANDONO
Orvalho matutino derramado,
Na intempérie de um estro adormecido,
Reflexo de um deserto esquecido
Sobre cinzas e areias. Desolado!
Orvalho ténue, desfeito, caído,
De destino cruel desembainhado
Em sôfrego lamento assinalado
Em estranho pensar sempre envolvido.
Tu és talvez alguém que se perdeu
Que na ânsia de encontrar, nunca encontrou
Na certeza de dar, nunca se deu.
Tu és talvez alguém que à dor se converteu,
Que nos laços da morte se embalou
E distante de mim sempre viveu…
Angra 1976
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SÂO JORGE
“Ainda andava de calções e as sandálias eram de sola de pneu, feitas cá na ilha e São Jorge já me fascinava, quiçá, prendendo-me. (…) Agarrei-me à ilha por opção e consciência!
Em S. Jorge fascina-me a ilha: - quão pequeninos somos numa fajã, olhando a encosta! E quão fortes nos sentimos quando ao percorrer o “dorso do dragão” olhamos, altivos, o mar lá longe aos nossos pés!...
Na ilha o tempo e o espaço são mensuráveis pela palavra “vou lá fora” (…)
Fascina-me o nome. Dificilmente se encontraria outro mais apropriado! Sim. A imponência da ilha pede meças a qualquer destemido guerreiro e, aqui, nela, o dragão está apenas adormecido, não vencido. (…)
Mas a ilha não pode, nem deve, ser apenas bela e majestosa ou possuir um nome imponente: necessita de progresso e desenvolvimento. (…)
Julgamos que S. Jorge – a ilha e o povo – necessitam e merecem mais aproximação e maior desenvolvimento.”
Frederico Maciel
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A POPULAÇÃO DAS FLORES EM FINAIS DO SEC XVII
Na segunda metade do século XVII, como era de esperar, a população das duas ilhas do grupo ocidental açoriano, cresceu, significativamente. Segundo refere Frei Diogo Chagas “No Corvo era tanta a gente que, por volta de 1645, já ali não cabia”. Também nessa altura existiam nas Flores alguns lugares povoados, como as Fajãs, a Lomba e os Cedros, com povo suficiente para serem elevadas a freguesias e paróquias. Mas Frei Diogo das Chagas esclarece que “o conde de Santa Cruz, comendador das duas ilhas e senhor dos dízimos, não pretendia abdicar de parte dessas rendas e dos redízimos criando igrejas e provendo-as de párocos e curas”, pelo que não as elevava a paróquias nem a freguesias.
Pedro da Silveira calculou a população das Flores, por essa altura, em 4000 pessoas, um número muito próximo do revelado no último censos. Outros afirmam que seria de menos, talvez mesmo abaixo das 3.500 pessoas
Por sua vez o Padre Cordeiro, embora de forma confusa, afirma no capítulo II da História Insulana que a população das Flores seria a seguinte, distribuída pelos diversos povoados da ilha: Santa Cruz - mais de 200 fogos, Cedros - mais ou menos 300 vizinhos, São Pedro de Ponta Delgada- 180 fogos, Ponta Ruiva - alguns moradores, Vila das Lajens - muito mais de 300 fogos, Lomba - quase 50 fogos, Fajãs - 80 fogos. Contudo, no capítulo XI, parece esclarecer a confusão e, trocando fogos por vizinhos, apresenta estes dados: Santa Cruz - passa de 200 vizinhos, Lajens - mais de 300 vizinhos, Lomba 50 vizinhos, São Pedro de Ponta Delgada 150 vizinhos, Ponta Ruiva 30 vizinhos, Cedros 30 vizinhos, Caveira - menos que a anterior.
No domínio civil, administrativo ou eclesiástico, as ilhas do grupo ocidental estavam sujeitas às mesmas regras que vigoravam para as outras ilhas. O grupo ocidental constituiu uma donataria quando pertenceu ao duque de Bragança pela carta régia de Janeiro de 1453,
NB – Dados retirados da Wikipédia