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OUSADO

Domingo, 18.05.14

M 42 – “OUSADO”

ENTRADA

Acepipes de rodelas de pepino forrados com mortadela de peru e recheados com creme de queijo fresco e pepino

e encimados com tiras de pimento vermelho e verde e outros verdes sobrepostos

 

PRATO

Tranche de pescada assado no forno com puré de batata

 encimado por rodelas de cenoura  

e brócolos gratinados.

 

SOBREMESA

 

Fruta e gelatina de pêssego.

 

Preparação da Entrada: Cortar o pepino às rodelas, retirar a casca e o interior. Forrar o fundo com pedacinhos de mortadela e rechear com uma mistura do pepino, creme de queijo fresco e temperos. Sobrepor tiras de pimento e folhas de salsa.

 

Preparação do Prato – Preparar a tranche e coloca-la numa travessa, temperando-a com alho, azeite, cebola, vinho, tiras de pimentos, pimenta e alecrim. Cozer os brócolos e gratiná-los com creme de queijo fresco. Fazer o puré e empratar.

 

Preparação da Sobremesa - Confecção tradicional.

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publicado por picodavigia2 às 14:53

O NAUFRÁGIO DO GREFFIN

Domingo, 18.05.14

Amanhecia, desassossegado e intranquilo, o dia 26 de Fevereiro de 1866. Uma manhã invernosa e o mar a parecer que queria comer gente, de tão bravo que estavaA maioria dos habitantes da nova paróquia da Fajã Grande, como que ainda comemorava a euforia da sua elevação a paróquia e a freguesia, separando-se, definitivamente, da paróquia da Senhora do Remédios e da freguesia da Fajãzinha, por alvará do bispo de Angra, D. Frei Estêvão de Jesus Maria, datado de 20 de Junho de 1861.

Alvoroçados com silvos estridentes de uma embarcação em apuros, os habitantes levantara-se, sobressaltados e correram em direcção ao mar. Lá para os lados do Areal, entre a ponta da Coalheira e o Redondo, como se previra, estava naufragada uma embarcação. Tratava-se de um patacho de nome Greffin, um barco à vela, de dois mastros, sendo, a vela de proa redonda e a de ré do tipo latina, muito utilizado agora nas viagens de transporte de produtos e mercadorias entre a América e a Europa e que começara a ser utilizado no final do século XVI, altura em que foram construídos os primeiros exemplares. Com um deslocamento variando entre 40 e 100 toneladas, o patacho era utilizado para o transporte de cargas e mercadorias. Fora utilizado, principalmente, pela Armada Espanhola, nos séculos XV, XVI, XVII e XVIIII, como navio de guerra, para a protecção e monitoramento dos territórios do império espanhol no exterior. Pelo seu pouco peso e elevada velocidade de movimento foi utilizado, também, por piratas espanhóis e holandeses para atacar os navios comerciais.

Agora um exemplar, com capacidade para transportar cerca de 98 toneladas, estava ali a terminar os seus dias. Ligava a América à Europa carregado de fardos de algodão.

Com a ajuda da população local, que foram lançando de terra, cordas, cabos, pranchas e tabuões, todos os tripulantes se salvaram, assim como grande parte do carregamento, não havendo feridos.

Durante alguns dias os tripulantes foram alojados em várias casas da freguesia, sendo depois enviados para Santa Cruz, onde aguardaram embarque para a Inglaterra. O algodão recuperado foi vendido na ilha das Flores a 450 reis o quilo.

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publicado por picodavigia2 às 14:50

SUICÍDIO DE SONHOS

Domingo, 18.05.14

Desde pequenina que Josefina queria ser professora. Sonhava com uma vida futura, digna e nobre mas, também, calma e tranquila. Ter um marido que a amasse, filhos que educasse e visse crescer. Construir uma casa com um pequeno jardim, onde pudesse ter um cão e um gato e, sobretudo, flores, muitas flores. Depois, com os filhos já crescidos, viajar, viajar muito.

Sonho legítimo, o da Josefina...

Os anos, porém, foram passando, vácuos e céleres. Josefina foi crescendo e o seu sonho, aos poucos, foi-se desfazendo entre dificuldades e limitações, esfumando entre esperas e incertezas, desconcertando-se entre ilusões e quimeras.

Chegaram os trinta! O destino, aparentemente, fintara Josefina. Mas inda não era tarde para nenhum dos sonhos em que, serenamente, se embalara, se evaporasse, por completo. A nível profissional, porém, não conseguira completar o décimo segundo, nem, consequentemente, tirar um curso universitário e ser professora. Os pais enfermos de há muito, obstruíam-lhe desejos, cerceavam-lhe vontades. O destino levou-me para outros caminhos. Primeiro foi a caixa de um supermercado da pequena cidade onde vivia e, mais tarde, uma perfumaria de um Centro Comercial, a uns quilómetros de distância.

O mardo e os filhos não chegaram. Nunca se lhe deparara o homem ideal que a amasse e estimasse e que com ele partilhasse a sua aventura sonhadora. Começava a pensar que lhe bastaria o marido e os filhos. Era tempo de abdicar do jardim, do cão, do gato e, até, das flores de que tanto gostava. Um apartamento serviria perfeitamente…

Chegaram os trinta e cinco… tudo mais se enevoou, esfumou e como que desapareceu quando o emprego na perfumaria, onde trabalhava, cessou. Declarada falência, regressou a casa sem emprego… A morte dos pais deixou-a desolada. O desemprego trouxe-lhe consumições.

E voltou a abdicar. Primeiro das viagens com que tanto sonhara e, sobretudo, daquilo que mais desejava e com que mais sonhara: os filhos. Restava-lhe uma pequena parcela do sonho inicial - o marido. Um companheiro e amigo com quem comungasse alegrias, partilhasse desilusões e esquecesse sonhos.

Chegaram os quarenta… E o seu último e talvez mais legítimo sonho desvaneceu-se… O companheiro com que sonhara partilhar a vida, não apareceu. Josefina sentiu-se velha, triste, solitária e, sobretudo, sem os sonhos que não conseguira concretizar!

Uma amiga de longa data bem a reconfortava:

- Nunca é tarde para sonhar e nunca devemos deixar de fazê-lo porque se o deixarmos de fazer a nossa vida pára. A tua vida não pode nunca parar. Ninguém consegue realizar todos os sonhos, mas se desiste nada há-de conseguir.

Nada!

Mas no silêncio das madrugadas perturbantes, em que, entontecida, despertava, Josefina, um dia, escreveu:

 

Era a ti que eu queria

era contigo que eu sonhava.

A ti eu me agarrava

e me prendia,

 

Eram os meus sonhos

que te traziam até mim,

desfazendo a escuridão do meu caminho

anulando os destroços

dos pesadelos em que navegava.

 

Tu eras o eco que ouvia,

a luz que me iluminava.

Caminhávamos, lado a lado, de mãos dadas,

Pelos caminhos que eu delineara.

 

Agora, os meus sonhos são quimeras,

desfeitas, assoladas por temporais,

onde me sinto só.

O silêncio do meu corpo

é o eco da sua ausência definitiva.

 

O suicídio dos meus sonhos

transformou o meu sentir

e rodeou-me de escuridão e medo.

 

Vagueio sozinha num tempo,

sem fim, sem sentido e sem ternura…

O meu corpo, dorido, rodopia

num silêncio, estranho, esquisito,

que quebrou e destruiu, por completo,

a minha inocência de menina

os meus sonhos de adolescente,

os meus desejos de mulher.

 

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publicado por picodavigia2 às 10:43

ANGRA NO FIO DAS PALAVRAS

Domingo, 18.05.14

  «…"Angra", o mais bem conseguido dos dois sonetos que integram a obra (no fio das palavras de Artur Goulart), merece uma atenção especial, tal é a expressividade do jogo conotativo da sua construção. Fiquemo-nos pela primeira quadra. Nesta angra da memória te revejo - angra minusculada sugere que o sujeito lírico revê aquilo que tem guardado na mente, à maneira de uma baía bem protegida; memória dessa Angra que revivo - Angra, agora com maiúscula, a designar a cidade capital da ilha Terceira de que se obtém uma panorâmica junto do obelisco situado na sua zona mais alta conhecido por 'Memória'; cidade atormentada dor - o terramoto destruidor da urbe dera-se não muitos anos antes da escrita do poema; desejo / volúpia de morrer livre e cativo - morrer livre, «Antes morrer livre que em paz sujeito» é divisa do brasão de armas, herança quinhentista inscrita na fortaleza de S. João Baptista incrustada no sobranceiro Monte Brasil. Lembra a variante camoniana duma certa «cativa / que me tem cativo» - chamada Bárbara - «porque nela vivo / é força que viva”.»

Olegário Paz

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publicado por picodavigia2 às 08:54





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