PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
VALENTIA
Há muitos, muitos anos, houve um rei muito rico, senhor de grandes palácios e muita fortuna mas que vivia sozinho mais a rainha, sua esposa, não tendo filhos a quem deixar os seus bens, nem um sucessor que lhe herdasse o trono.
Mas o desejo dos monarcas de terem um filho era muito grande. Tanto rezaram, tanto suplicaram e tanto pediram a Deus que, passado algum tempo, nasceu-lhes uma menina. O rei tratou logo de ir ver ao livro do Destino qual seria a sorte da menina, e viu o seguinte: Que ao fim de doze anos ela seria metida numa torre sem porta ou janela, dispondo, apenas, de uma pequena e estreita gateira por onde a princesa só aceitaria os alimentos. Mas ainda mais descortinou o monarca relativamente à menina: ao cabo de sete anos a carne que lhe dessem para comer não havia de não ter osso nenhum.
Ao fim de sete anos o rei foi convidado para ir a um jantar mas deixou recomendado às suas aias que, quando mandassem a comida para princesa, lhe não levassem carne com osso. Mas as aias, infelizmente, descuidaram-se e aconteceu o pior. A carne que levaram à princesa tinha um osso.
Todos os dias andava por ali um duque, disfarçado, vestido com trajos de mulher, conversando e falando com a menina pela gateira. No dia do jantar em que lhe foi, inadvertidamente, servida carne com um osso, a princesa aproveitou-o e fez com ele um martelo, com o qual esborralhou um lado da gateira, ficando esta tão larga que a princesa já podia sair por ela e fugir da torre, onde estava presa. Quando veio o duque conversar com ela, disse-lhe:
- O meu cativeiro vai terminar antes do tempo previsto, por causa do osso do jantar. Quero sair já daqui.
O duque ajudou-a a sair pela gateira e fugiram os dois. Na fuga, porém, atravessaram um rio que mais ninguém sabia como passar e ficaram escondidos, durante dois anos, numa gruta de pedra, ali por perto, muito segura e escondida, sem ninguém os ver. Algum tempo depois a princesa teve um menino. Passaram mais rês anos e o menino ainda estava por baptizar, por isso foi preciso voltar a atravessar o rio, para irem à igreja mais próxima dali, baptizá-lo. O duque, primeiro, atravessou o menino para a outra margem, e quando vinha para buscar a mãe, escorregou numa alpondra e desapareceu pelo rio abaixo, ficando a mãe numa margem e o menino na outra.
A princesa começou a chorar muito, cuidando que iria perder o seu filho, pois não conseguia atravessar o rio para se encontrar com ele. Mas, o menino, do outro lado, vendo a aflição da mãe, tentou acalmá-la dizendo-lhe:
— Não se preocupe, minha mãe. Sou eu quem vou atravessar o rio.
— Não faças isso, filho! – Implorou a mãe. - Podes cair e o rio levar-te! - E dobrou ainda mais o choro. Mas o menino atravessou o rio com sucesso e veio buscar a mãe para que ela o atravessasse também. Então a mãe levou-o a uma igreja onde pediu para que fosse baptizado, e quis se chamasse José, Matador dos Bichos. Depois foram andando pelo povoado, até chegarem a uma casa com um postigo meio aberto. O menino meteu o braço, abriu a porta como se fosse sua, e entrou com a mãe. Não encontrara ninguém lá dentro, mas também não encontraram que comer. O menino decidiu ir pedir. Por coincidência, sem o saber, foi pedir ao palácio do rei, onde lhe deram muito dinheiro e comida. A mãe ficou muito admirada, mas temendo que lá o conhecessem, pediu-lhe para não voltar àquele palácio. O rapaz assim o fez. No entanto cresceu e, com o dinheiro das esmolas, comprou uma espingarda e começou a apanhar caça que ia levar de presente ao palácio do rei. Indo um dia para a caça lá para uns matos distantes e obscuros, avistou umas casas com aspecto estranho e medonho. Como ara muito destemido e cheio de ânimo, aproximou-se entrou e viu sete homens deitados a dormir, lá dentro. Não teve ele mais que fazer senão pegar numa machadinha que ali viu, e com ela foi picando os pescoços dos sete homens, cada um por sua vez. Depois, cuidando que estava sozinho, correu todos os quartos e chegou a um em que estava o quadrilheiro-mor, que era um gigante, que lhe perguntou:
— Que fazes por aqui, franguinho de vintém?
— Mesmo sendo franguinho de vintém não tenho medo de ti.
O gigante atira-lhe uma forte paulada, mas o menino agarrou-se-lhe ao cabelo e traçou-lhe o pescoço. Viu, então, guardadas naquele quarto, muitas riquezas. Era um tesouro que o gigante armazenara com os roubos que os sete homens faziam. O rapaz voltou para casa e contou à mãe o que se tinha passado, pedindo-lhe para irem para lá viver. A mãe não aceitou e ordenou-lhe que fosse dar parte ao rei, do que tinha acontecido, pois toda aquela fortuna deveria ter sido roubada ao rei por aqueles bandidos. Ora o rei, desde há muito preocupado por não conseguir prender aqueles ladrões, ficou pasmado com a valentia do pequeno, que sozinho tinha conseguido o que o seu exército todo não conseguia. Por isso perguntou-lhe:
— Quem és tu?
— Eu, senhor, sou filho de uma princesa, que fugiu com um duque, de uma torre em que estava fechada desde que nascera.
E como ia contando o que acontecera a ele e aos pais, o rei, de imediato, o interrompeu dizendo:
— Pelo que percebo, tu meu neto. Onde está tua mãe?
— Senhor, está numa pobre cabana de palha.
O rei mandou-a buscar a filha, para ela vir para o palácio, onde houve muita alegria e uma grande festa. O menino pediu ao avô para ir com os seus homens às tais casas dos ladrões buscar as riquezas que lá vira e que afinal lhe pertencia, pois lhe tinha sido roubada. Foi assim que o rei, para além de reencontrar a filha e conhecer o neto , voltou a possuir todas as riquezas que lhe tinham sido roubadas.
Ficaram todos a viver no palácio e, por morte do rei foi o menino, já feito homem, que lhe sucedeu no governo do reino. e lá está vivendo muito bem.
(Baseado em lendas medievais)
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VOLUPTUOSO
MENU 43 – “VOLUPTUOSO”
ENTRADA
Cebola, feijão-verde e pimentos salteados em azeite e alho, acamados sobre bolacha cream-craker e barrados com mel.
Tirinhas de meloa acamadas barradas com queijo fresco.
PRATO
Churrasco de bife de peru e salsichas de soja, com laranja azeda e ervas aromáticas
Arroz de ervilhas de quebrar com alho e orégãos.
SOBREMESA
Nêspera e Gelatina de Morango.
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Preparação da Entrada: Perfumar seis colheres de chá de azeite, em lume brando com rodelas de alho. Retirar o alho, alourar a bolacha no azeite e, de seguida, partir tirinhas ou pedacinhos cebola, feijão-verde e pimentos (verde, vermelho e amarelo) e salteá-los no azeite que sobrou. Partir a meloa e barrá-la com o crene do queijo.
Preparação do Prato – Aparar o bife de peru, cortá-lo muito fino e temperá-lo com alho, algumas horas antes. Grelhar o bife e a salsicha regando-o com sumo de laranja azeda. Arroz pelo processo tradicional. Empratar e servir
Preparação das Sobremesas – Confecção tradicional.
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EDUCAÇÃO
“Em Educação sabe-se quem e o que se “semeia”, no entanto, dificilmente se conhecem quais e quantos os frutos a colher! (…) Em Educação, tudo é devir, qualquer efeito tem de ser encarado como positivo! Em Educação, não se podem esperar sucessos imediatos! Em Educação, a apreciação dos resultados é uma tentação, porém são os processos que devem merecer a nossa devida atenção! Não há Educação sem Esperança! O passado já foi bom, o presente está melhor e o futuro será óptimo!”
Manuel Francisco Aguiar