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VIDROS SUJOS

Quinta-feira, 29.05.14

Um casal decidiu mudar de casa e de localidade, instalando-se numa novo prédio, onde chegaram ao anoitecer.

Na manhã do dia seguinte, a mulher assomou à janela, olhando para fora, mas sem abrir os vidros. Deparou com uma vizinha do prédio em frente, estendendo a roupa numa varanda.

Depois de observar mais atentamente a roupa da vizinha, voltou-se para o marido e disse-lhe:

 - Aquela roupa não está bem lavada. A nossa vizinha, pelos vistos, não sabe lavar roupa. Talvez não use um bom detergente. Quando me encontrar com ela hei-de recomendar-lhe um detergente melhor.

Durante um mês ela continuou a tecer comentários negativos sobre as roupas mal lavadas, não só daquela mas de todas as outras vizinhas.

Dias mais tarde, porém, a mulher olhando, mais uma vez para a roupa das vizinhas, ficou muito espantada. Todas as roupas estavam muito bem lavadas e impecavelmente limpas. Voltando-se para o marido, disse-lhe:

- Até que enfim! As nossas vizinhas já aprenderam a lavar roupa. Vê como estão todas muito limpas! Será que, finalmente, usam um bom detergente?

O marido, sorrindo, disse-lhe:

- Minha querida, fui eu que hoje acordei mais cedo e limpei os vidros da nossa janela.

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publicado por picodavigia2 às 18:25

QUINTA FEIRA DA ESPIGA

Quinta-feira, 29.05.14

O Dia da espiga é celebrado em Portugal na antiga Quinta-feira da Ascensão, pelo que também é conhecido por Quinta-feira da Espiga. Neste dia é tradição as pessoas darem um passeio aos campos, colheendo espigas de vários cereais, flores campestres e raminhos de oliveira e alecrim para formar um ramo, a que se chama de espiga. Segundo a tradição. o ramo deve ser colocado por detrás da porta de entrada de casa, e só deve ser substituído por um novo no dia da espiga do ano seguinte. As várias plantas que compõem a espiga têm um valor simbólico profano e um valor religioso.

A Quinta-feira da Espiga é, de facto, um dia para ser celebrado, fundamentalmente, no campo, entre as sociedades agrícolas, mas, como nas aldeias rurais a desertificação cada vez é maior, actualmente, já poucas são as pessoas que ainda vão ao campo no dia de hoje, abandonando as suas obrigações, para apanhar a espiga, ou o raminho formado com ela, com algumas flores e ramos. Antigamente, de norte a sul do país, o dia de hoje, em que,em tempos idos, liturgicamente, se celebrava a festa da Ascensão, era considerado uma data faustosa, das mais festivas do ano, repleta de cerimónias sagradas e profanas.

A origem gaudiosa deste dia é, contudo, muito anterior à era cristã. Crê-se qu este dia seja um herdeiro directo de rituais gentios, realizados durante séculos, por todo o mundo mediterrâneo, em que grandiosos festivais, de intensos cantares e danças, celebravam a Primavera e consagravam a natureza. Para alguns povos antigos, esta data, tal como todos os momentos de transição, era mágica e de sublime importância. Nela se exortava o eclodir da vida vegetal e animal, após a letargia dos meses frios, e a esperança nas novas colheitas.

A Igreja Católica, à semelhança do que fez com outras festas ancestrais pagãs, cristianizou, mais tarde, esta data, atravessando, assim, os tempos com uma dupla acepção: como Quinta-feira de Ascensão, para os cristãos, assinalando, como o nome indica, a ascensão de Jesus ao Céu, ao fim de 40 dias e como Dia da Espiga, ou Quinta-feira da Espiga, esta traduzindo aspectos e crenças não religiosos, mas exclusivos da esfera agrícola e familiar.

O Dia da Espiga é então o dia em que as pessoas vão ao campo apanhar a espiga, a qual não é apenas um viçoso ramo de várias plantas - cuja composição, número e significado de cada uma, varia de região para região –, guardado durante um ano, mas é também um poderoso e multifacetado amuleto, que é pendurado, por norma, na parede da cozinha ou da sala, para trazer a abundância, a alegria, a saúde e a sorte. Em muitas terras, quando faz trovoada, por exemplo, arde-se à lareira um dos pés do ramo da espiga para afastar a tormenta.

Não obstante as variações locais, de um modo geral, o ramo de espiga é composto por pés de trigo e de outros cereais, como centeio, cevada ou aveia, de oliveira, videira, papoilas, malmequeres ou outras flores campestres. E a simbologia de cada planta, comumente aceite, é a seguinte: o trigo representa o pão; o malmequer o ouro e a prata; a papoila o amor e vida; a oliveira o azeite e a paz; a videira o vinho e a alegria; e o alecrim a saúde e a força.

Além destas associações basilares ao pão e ao azeite, a espiga surge também conotada com o leite, com as proibições do trabalho e ainda com o poder da Hora, isto é, com o período de tempo que decorre entre o meio-dia e a uma hora da tarde, tomando mesmo, nalguns sítios do país a designação de Dia da Hora. Nas localidades em que assim é entendida esta quinta-feira, acredita-se que neste período do dia se manifestam os mais sagrados e encantatórios poderes da data e nas igrejas realiza-se um serviço religioso de Adoração, após o qual toca o sino. Diz a voz popular que nessa hora “as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha, o pão não leveda e até as folhas se cruzam” .

 

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publicado por picodavigia2 às 13:41

A CANADA DA FAJÃ DAS FAIAS

Quinta-feira, 29.05.14

Abrupta, erma, esconsa e ladeada de um denso arvoredo era a Canada da Fajã das Faias, lá para os lados de Cuada e do Vale Fundo, paredes meias com a Ribeira Grande. Esta íngreme canada ligava o Caminho que se iniciava na Cuada, se prolongava pelo Vale Fundo até aos Lavadouros àquele curioso, pitorescos e quase mítico lugar que era a Fajã das Faias, situado mais a Sul da Fajã Grande, a fazer fronteira com a Ribeira Grande e a Fajãzinha. Curioso era o facto de a faia, como árvore, ser sempre tratada pelo vocábulo popular faeira, o que estranhamente não acontecia, nem com o nome lugar nem com o da referida canada. O lugar chamava-se Fajã das Faias e não Fajã das Faeiras. Fenómeno estranho este, cuja explicação é difícil de se encontrar.  

A Cana da Fajã das Faias, no entanto, permitia um acesso aquele lugar, embora difícil de percorrer. Para além de íngreme e estreita era muito pedregosa, sendo impossível nela transitarem animais. Apenas homens e cães. Muito provavelmente, hoje, já terá desaparecido da memória de muitos dos que, outrora, a calcorrearam. Encavalitada nos contrafortes do Tufo da Cuada, mesmo ali debruçado sobre a Ribeira Grande, a canada obrigava quem ali fosse demandar o que quer que fosse, do pouco que as terras davam, a carrega-lo às costas: lenha, feitos, cana roca, incensos e faias, muitas faias, pois foram estas, ali em grande abundância, muito provavelmente, a dar nome ao lugar.

Para se ter acesso àquele lugar ermo e exíguo, percorrendo a canada, depois de se atravessar a Cuada e ultrapassar a última casa, um pouco antes do Vale Fundo e a seguir ao Calhau do Tufo, virava-se à direita e entrava-se na dita cuja, o único acesso às propriedades ali existentes. Do outro lado, a Ribeira Grande era obstáculo intransponível e, naturalmente, só serviria os habitantes da Fajãzinha. Mas esses ali não tinham propriedades. No entanto, para se chegar a algumas propriedades, era necessário atravessar outras, que lhe deviam caminho, através de trilhos, atalhos ou até saltando paredes.

Assim com o lugar a que dava acesso e de que tinha o nome, a canada Fajã das Faias permanece como uma vereda mítica e adormecida, hoje perdida, não apenas no espaço mas também e sobretudo no tempo e talvez mesmo na memória de muitos dos que, nos longínquos anos cinquenta, por ali passavam, na apanha de incensos para o gado, de lenha para o lume ou a ceifar os fetos e a cana roca que proliferavam entre aquele denso e luxuriante arvoredo.

Lugar misterioso, pois sobre ele se contavam algumas lendas, como a da origem do nome Cricri.

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publicado por picodavigia2 às 10:14

ERGUE-TE CORAÇÃO

Quinta-feira, 29.05.14

(POEMA DE COELHO DE SOUSA)

 

“Ergue-te coração

para que as mãos

não fiquem no chão

e os olhos

sejam estrelas

que não haja escolhos

nos caminhos delas.

 

Contigo,

ninguém deixará de ser pastor

ou anjo amigo

no colo da manhã

do grande dia-amor.”

 

Coelho de Sousa

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publicado por picodavigia2 às 00:30





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