PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
DA CORDOARIA A PONTA DELGADA
Por volta da uma da madrugada, nestas noites de Agosto, mesmo quando escuras e húmidas, embora não totalmente despidas de calor, a Cordoaria, na cidade do Porto, batalha-se numa irregularidade invulgar, numa lufa-lufa desusada. Tentam-se angariar viagens à última hora, procuram-se os autocarros dos destinos já traçados, saboreia-se a remanso das esplanadas, ressuscitam-se emoções, envergam-se os mantos da pureza original, passeiam-se noites de aventura e, pelos vistos, até se enrola um ou outro charrito, sem contenção nenhuma.
O meu destino é Lisboa, mais concretamente o aeroporto. Aflige-me a confusão por quanto se agiganta ao mesmo tempo que nela imergimos, atrasando, inquietando, baralhando e confundindo. Tenho horário muito apertado. É impreterível estar no aeroporto por volta das cinco. Mas tudo se complica e o autocarro, para engolir os passageiros, até muda de local, o que acaba por trazer alguns benefícios. Tudo arrumado e arrolado e ala que se faz tarde. A cidade é densa, muito densa de nevoeiro, de tráfego e de pessoas.
A paragem na Feira consubstancia mais um atraso notório, mas injustificável. Faço contas e tudo parece arrepiante. O controlo dos que entram é rigoroso, mas muito barulhento e desusado. Pessoas e mercadorias amontoam-se e enchem, agora, o que sobrava do autocarro, no que a assentos e bagageiras, diz respeito. Depois é circular, circular, circular. A A1 é enorme, esconsa e tétrica. Acresce-se-lhe uma angústia galopante. Umas vezes sente-se um angustiante atraso, enquanto outras, parece que se ganha algum tempo. A chegada à Portela há-de coincidir com as cinco. Tudo parece normalizar-se, até que a famigerada paragem na estação de serviço de Leiria volta piorar tudo e a por o futuro do percurso em causa tudo. “Estamos um pouquinho atrasados – reconhece o motorista. Mas por volta das cinco havemos de lá estar. Lembro-me do benefício que foi não trazer bagagem de porão e fazer o check-in em casa. Na paragem, ainda há quem se dê ao luxo de ultrapassar, sensivelmente, o tempo imposto e demoram, demoram… O homem agora segue numa vigem lenta e vagarosa. Resolve telefonar, vagando, significativamente, a marcha. Ainda irá a outra estação, para dar boleia ao amigo.
Finalmente o aeroporto! O tempo, o controlo e o embarque. Quase quatro horas desde da Cordoaria ao Aeroporto. O embarque é longo e farto, mas rápido. Sobrevoam-se as nuvens, Santa Maria ao longe e aqui ao lado, as vilas plantadas a sul de S. Miguel: Povoação. Vila Franca, Lagoa e por fim Ponta Delgada.