PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
CAMPAINHAS DE BADALO
Era assim que se chamavam, na Fajã Grande os chocalos,ou seja, uma espécie de cilindros de lata ou metal, achatados, compridos e ocos, geralmente de metal, com uma extremidade aberta e outra fechada, tendo preso no seu interior um badalo de metal. Quando abanados, o badalo ao bater nas bordas da extreemidade aberta. produzem um som, tanto mais forte quanto o tamanho do cilindro e a qualidade do material de que são feitos.
Na Fajã Grande, as vacas, sobretudo as leiteiras, eram ornamentadas com campainhas, penduradas ao pescoço por um estrape. Umas campainhas eram em forma de sino, outras de meia laranja, mas todas feitas de metal sonante, com uma boa têmpera, produzindo, assim, sons harmónicos, harmoniosos e diversificados que, por vezes, identificavam os próprios donos do gado. Por isso e para além do efeito estético, as campsainhas serviam, em muitos casos, para identificar a própria rês. Quando as vacas eram levadas para o mato, no Verão, as campainhas eram-lhes retiradas do pescoço, sendo substituidas pelos chocalhos, caracterizados pelo seu som abrutalhado e pouco harmónico mas forte e, consequentemente, capaz de se uvir a uma considerável distância. As razões desta troca eram, fundamentalmente, duas. A primeira porque nas relvas do mato havia muitos valados e grotões a abarrotar de silvas e queirós que proporcionavam a que os estrapes se rompessem e as campainhas se perdessem. A segunda, porque tendo o chocalho ou campainha de badalo um som muito forte, era mais fácil aos donos dos animais identificar onde se encontravam em dias de brumas densas e de nevoeiros cerrados ou de procurar quando se encontravam caídos nalgum grotão.
Quer as campainhas quer os chocalhos eram mandados fazer ou comprados nas Lajes, embora a maioroia fosse uma espécie de bem de família que se ia transmitindo de geração em geração.