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O FILHO DO JOÃO DO PORTO (DIÁRIO DE TI'ANTONHO)

Quarta-feira, 24.09.14

Meu pai contava que o avô dele lhe contava – imagine-se aos anos que isto aconteceu – que, antigamente, no lugar onde hoje é o barracão da Firma das Lajes, havia uma casa, pequena e pobre, onde morava um homem conhecido pelo João do Porto. A casa, como ainda hoje se pode verificar, ficava tão próxima do mar, que em dias de grandes temporais, quando o mar ficava muito bravo, as ondas quase lhe entravam pela porta dentro. João do Porto era pescador e vivia ali, na companhia de um filho já homem. Nos dias de grandes temporais fechavam-se em casa, pois não tinham nem terras para trabalhar nem gado para tratar, mas nas noites calmas e de lua cheia sentavam-se fora da porta do velho casebre, olhando para o mar, sonhando com a manhã seguinte quando haviam de regressar ao mar, no seu pequeno barco, para mais um dia de faina da pesca.

Certa noite em que ambos, cansados de mais um dia de trabalho, sentados fora da porta, se haviam calado e já dormitavam, pareceu-lhes ouvir, ao longe, o canto de vozes muito harmoniosas que pareciam vir do mar. Ao princípio cuidaram que estavam a sonhar, mas despertando do marasmo em que jaziam, puderam perceber que afinal aquelas belas vozes eram bem reais.

O rapaz, inicialmente bastante assustado, aos poucos começou a entusiasmar-se e perguntou ao pai, se aquilo não seriam vozes de sereias, sobre as quais já ouvira muitas e belas estórias. O pai disse-lhe que, na verdade, podiam ser sereias mas que era preciso ter muito cuidado e fugir delas porque costumavam enfeitiçar os homens com o seu canto e levá-los para o fundo do mar. Mas o rapaz, cada vez mais entusiasmado, quanto mais o pai o avisava, mais sonhava ir ao encontro das sereias.   

Certa noite de lua cheia, em que o luar brilhava mais do que o habitual, não dando ouvidos aos avisos e conselhos do progenitor, o rapaz, sem que o pai se apercebesse, aproximou-se da beira-mar, a fim de ouvir melhor o canto das sereias e, se possível, para as ver. A noite estava muito calma e clara e dava coragem ao jovem pescador, que se escondeu por detrás de um alto penedo do baixio, junto à Poça do Cobre, à espera que as sereias se aproximassem da costa.

As horas, no entanto, foram passando sem que nenhuma sereia aparecesse, pese embora o rapaz continuasse a ouvir, ao longe, as suas vozes e o seu canto. Já de madrugada, cansado da espera, o rapaz adormeceu. Pouco depois, uma onda, enfurecida, subiu as rochas e pegando-lhe, levou-o consigo para o mar alto. Quando acordou viu-se rodeado de belas mulheres que, da cintura para baixo tinham o corpo semelhante ao dos peixes. A sua beleza era tanta, o seu cantar tão suave e os gestos das suas danças tão harmoniosos que impressionaram tanto o rapaz que ele se deixou encantar. Sem sucesso, tentou apanhar uma das sereias. Elas, porém, vendo um homem a tentar agarrá-las, fugiram com ligeireza e mergulharam para o fundo mar. Na confusão da fuga, uma sereia deixou-se apanhar e, medrosa, começou a chorar e a debater-se para se libertar. O rapaz que nadava que nem um peixe, muito a custo, conseguiu aprisiona-la mas, no momento em que lhe pegou ao colo e a abraçou para a trazer para terra, a sereia deixou cair as guelras e como que quebrando o encanto, transformou-se numa linda e bela mulher.

 O jovem não podia acreditar naquilo que os seus olhos viam e, por isso, não a largou mais, trazendo-a consigo para terra. Passado algum tempo, casaram, mas consta que o rapaz morreu pouco depois, afundando-se o barco e desaparecendo para sempre no fundo do mar, para onde regressou também a mulher, que afinal nunca deixara de ser sereia.

Esta a razão por que ainda hoje se diz que, de u ou de outra, as sereias arrastam sempre os homens para o fundo do mar. Razão tinha, pois, o João do Porto, nos conselhos que dava ao filho.

 

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publicado por picodavigia2 às 22:51

TRANSMONTANO

Quarta-feira, 24.09.14

MENU 52 – “TRANSMONTANO”

 

ENTRADA

Bolas de alheira vegetariana acamadas sobre rodelas de pepino grelhadas, salpicadas com tirinhas de alface, embebidas em vinagre balsâmico. Salpicos de creme de queijo fresco e ervas aromáticas, regados com doce de pepino vermelho.

 

PRATO

Feijoada à transmontana com peito de peru e legumes. Migas de brócolos e caldo da feijoada.

 

SOBREMESA

 

Salada de melão, ananás e pêssego, cofitada em mel e vinho do Porto., salpicada com doce de figo e laranja, Gelatina de ananás e suspiro.

 

******

Preparação da Entrada: Retirar o recheio das alheiras, grelhá-lo e formar pequenas bolas. Grelhar as rodelas de pepino e cobri-las com as bolinhas de alheira. Empratar, entrelaçando com pequenos salpicos do creme de queijo e regar com o doce de pepino

Preparação do Prato – Cozer os legumes (cenoura, repolho, nabo e brócolos) com o peito de peru. Esmagar miolo de pão com um raminho de hortelã e cobrir com o caldo a ferver, Juntar os brócolos e reduzir a papa. Refogar cebola e alho e juntar a carne e os legumes picados e os flagelotes. Misturar bem. Grelhar pedacinhos de alho em azeite e juntar a papa para as migas. Empratar o feijão à transmontana ao lado das migas.

Preparação das Sobremesas – Cofitar pedacinhos das frutas em mel e juntar o vinho do Porto. Empratar com a gelatina e os suspiros, regando com o doce.

 

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publicado por picodavigia2 às 13:29





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