PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
ESTRANHOS BARRIS
Corria o ano de 1884. Vinte e três anos antes, uma das canoas baleeiras então existente na Fajã Grande caçara, pela primeira vez, uma baleia na ilha das Flores, a qual rendeu 80 barris de azeite vendidos para o Faial, Por essa altura, terminara a construção da Casa do Espírito Santo de Baixo e, mais importante do que tudo isso, o lugar da Fajã Grande, juntamente com os lugares da Ponta e da Cuada, fora elevado a paróquia e a freguesia.
Numa manhã escura e enevoada de Março desse ano, a freguesia foi alarmada por um acontecimento estranho. Uma enorme quantidade de barris de petróleo, durante a noite, havia dado à costa, enxurrando toda a zona do Canto do Areal, desde a Poça das Salemas até à Rocha do Pico. Inicialmente intrigada e sem saber o que fazer, a população depressa se apercebeu de que, muito provavelmente, se tratava dos despojos de um navio naufragado e que possivelmente se havia afundado, deixando, ao sabor das ondas, uma parte da sua carga. Algumas pessoas muniram-se de vasilhame diverso, no qual recolheram todo o petróleo que puderam, enquanto outras, sem sucesso, tentavam levar os barris cheios para as suas casas. Cedo porém chegaram as autoridades, incluindo a guarda costeira, nomeadamente os militares dos fortes do Estaleiro e do Vale do Linho, impedindo que continuassem a recolher mais petróleo. Os barris foram guardados e levados para Santa Cruz, sendo leiloados.
Quatro anos antes, ou seja em 1880, no mês de Junho, já haviam aparecido nos baixios da Fajã, alguns barris semelhantes, mas em pequena quantidade, não sendo possível trazê-los para terra. Mas nessa altura, porém, foram retirados do mar muitos paus de pinho, alguns dos quais foram guardados pelos homens que os retiraram do mar. sendo posteriormente usados na construção de algumas habitações.