PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
PALAVRAS, EXPRESSÕES E DITOS UTILIZADOS NA FAJÃ GRANDE (XVII)
Abantesma – Pessoa desajeitada e bruta.
À boca do forno – Em frente `porta do forno quando este está aceso.. As mulheres ficavam muito quentes quando estavam à boca do forno,
Acabado – Envelhecido, doente.
Achado – Objeto encontrado no mar: garrafa, fardo de borracha, boias, bolas de vidro, etc.
Babosão – Pessoa que diz asneiras.
Bijagodes – Simplório. Pessoa sem importância.
Bordejar – Passear de barco junto à costa.
Calafate – Forma de amarrar o lenço com as pontas atadas atrás da cabeça, a fim de não deixar cair cabelos quando se amassava o pão ou o bolo.
Cambrela – Queda., trambolhão.
Caneca da merda – Recipiente de madeira guardado na retrete e destinado a receber as fezes humanas.
Canela fina – Canela em pó, moída.
Desinçar – Arrancar ervas daninhas de entre as plantações
Dia Forrado – Dia coberto de denso nevoeiro.
Esprim – Mola.
Estrambólico – Fora do normal, extravagante.
Fisgote – Ferro pontiagudo para apanhar polvos.
Focho – Pequeno pedaço do ramo de uma árvore. Pequeno pau..
Fuderente – Depreciativo de criança. Pessoa fraca e com pouco valor.
Gadelha – Cabelo comprido.
Ganhoa – Gaivota.
Gueste – Grande festa.
Injarroba (botas de) – Borracha (Botas de borracha).
Mal amanhado – Desajeitado. Mal feito.
Mamulão – Grande inchaço.
Marquinhas – Diminutivo de Maria, atribuído a mulheres de mais idade.
Marrã – Porca.
Marvalha – Cisco de madeira que entra nos olhos. Ripa de madeira.
Matéria – Pus amarelado das feridas
Mecha – Fósforo.
Meio dia rachado ou está rachando meio dia – Meio dia em ponto.
Ovelhas (do mar) – Espuma branca das ondas do mar quando este está crispado, (Na Fajã Grande, junto ao mar, havia um local chamado Rolinho das Ovelhas.
Paspanão – Grande parvo.
Raite – Passeio.
Rezingar – Chorar sem razão, barafustar sob a forma de choro.
Sirigaita – Rapariga pequena e desavergonhada.
Ter bico doce – Ser muito guloso.
Testos – Pratos de metal sonante que os foliões usam para acompanhar o tambor.
Toitiço – Cabeça.
Trouxa – Pessoa desajeitada.
Uma Niquinha - Muito pouco.
Uma pisquinha – Pouco, quase nada
Autoria e outros dados (tags, etc)
EDUARDO BRUM
Eduardo Jorge da Silva Brum nasceu em Rabo de Peixe, ilha de S. Miguel, em 10 de Setembro de 1954. Estudou no Seminário de Angra durante nove anos, mas desistiu do sacerdócio e abandonou aquela instituição em 1974. Estudou algum tempo na Faculdade de Direito de Lisboa, participando na agitação política da época, integrado num grupo do MRPP.
Emigrou para os Estados Unidos da América, onde viveu na Nova Inglaterra durante cinco anos. Aí começou a escrever, primeiro, poesia e depois ficção, usando o pseudónimo de Vital Furão. Regressou a Portugal em 1980 vivendo em Lisboa, voltando à Universidade, mas desistiu de viver na capital e em 1989 regressou a Ponta Delgada, decidido a fundar uma empresa de publicidade. Abraçou o jornalismo, fundou um jornal, o Jornal de Ponta Delgada, mais tarde transformado em Jornal de S. Miguel e depois ainda em Expresso das Nove. É hoje, certamente, o mais conhecido jornalista açoriano, praticando um jornalismo de investigação e de crítica. É um crítico impiedoso da sociedade, dos meios literários e um defensor acérrimo das minorias e das marginalidades.
A sua poesia, que abandonou, é essencialmente experimentalista e de combate e a sua ficção, a que se dedica cada vez mais, segue a mesma linha, tendo como tema o homem, a liberdade e as difíceis relações entre as pessoas.
As principais obras literárias são: Viviana o Princípio das Coisas, O Beijo, Sem Coração e Amor Com Sapatos.
Dados retirados do CCA – Cultura Açores