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SAVE ENERGY

Segunda-feira, 13.10.14

A embalagem do meu novo chá, da Tetley – Cidreira Infusion – com novo visual, nova embalagem, adquirida numa excelente promoção de lançamento do produto num grande superfície, aqui ao lado, junto às instruções traz- um conselho importantíssimo e em que urge pensar:

“Help save energy remember to only boil as much water as you need.”

Na realidade, com este pequeno pormenor de se medir a água antes de a ferver, para além de poupar eletricidade, como é óbvio, também poupamos água.

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publicado por picodavigia2 às 22:50

O PESCADOR E A SEREIA

Segunda-feira, 13.10.14

(JOSÉ JORGE LETRIA)

 

Um dia, quando o mar estava encapelado e ameaçador, veio uma onda e atirou para terra uma bela sereia de escamas reluzentes na metade inferior do corpo e pele muito branca e macia na metade superior. Fosse como peixe, fosse como mulher, era uma criatura invulgarmente estranha e atraente.

Quando recuperou os sentidos, a sereia descobriu que estava deitada em cima duma rocha, não tendo qualquer forma de regressar ao mar, que era o seu meio natural. Fora dele não teria muito tempo de vida.

Apareceu então na praia um jovem pescador que era pobre e triste e que nem dinheiro tinha para comprar um barco e se aventurar nas águas. Como não podia encher as redes de peixe, andava pelas rochas a apanhar mexilhões e caranguejos. Quando cumpria essa monótona tarefa de todos os dias, levantou ligeiramente a cabeça e viu a bela sereia que o olhava, implorando ajuda.

- Quem és tu e o que fazes aqui? – Quis saber o pescador, entre fascinado e amedrontado com tão inesperada visão.

- Eu sou uma sereia do mar e fui atirada para cima desta rocha por uma onda grande e feia que tinha inveja da minha beleza. (…) Se me puseres depressa dentro da água, eu virei todas as semanas, num dia certo, aqui à praia, para trazer-te ouro e prata. Será essa a recompensa do favor que me vais fazer.

O jovem pescador, que era pobre e tinha irmãos mais novos para sustentar, não pensou duas vezes: pegou na sereia ao colo e lançou-a à água, não sem que antes combinasse o dia o dia e a hora em que ela o visitaria todas as semanas.

Durante anos, a bela sereia cumpriu o que prometera. Sempre que se encontrava na praia com o pescador, entregava-lhe quantidades consideráveis de metais preciosas, que ele ia aplicando em negócios vários. Não foram necessários muitos encontros para que ele pudesse considerar-se um homem rico.

Os anos passaram, e o pescador sentiu no corpo o peso da cidade. Envelhecera. A sereia, porém, mantinha-se inalteravelmente jovem e bela, demonstrando pertencer ao mundo das coisas eternas.

Um dia, o pescador, que já possuía casas, barcos, automóveis e outros bens que lhe dariam para viver regaladamente o tempo de várias vidas, interrogou-se: “Será que eu venho à praia todas as semanas para receber a minha recompensa ou para ver a sereia?” Não tardou a perceber que era a presença da sereia e a sua beleza que o faziam percorrer aquele caminho, fizesse chuva ou sol. Ao ouro e à prata, já pouca atenção dedicava. Se um dia ela desaparecesse, a sua vida deixaria de ter sentido.

Apesar de ter muitas pretendentes, o pescador nunca chegou a casar-se, e no dia em que a sereia, considerando cumprida a sua promessa, deixou de aparecer na praia, sentiu que se apoderava dele uma grande tristeza e que nem toda a riqueza do mundo o voltaria a fazer feliz. Para a recordar mandou erguer sobre a rocha, onde muitos anos antes a encontrara, uma bela estátua de bronze, que ali permaneceria como homenagem à sua beleza.

 

José Jorge Letria, Lendas do Mar e da Terra

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publicado por picodavigia2 às 10:12

A MORTE INESPERADA DO NESTOR

Segunda-feira, 13.10.14

O Nestor foi o melhor jogador de futebol, de sempre, da Fajã Grande e fez parte da equipa de futebol desta freguesia, que, nos anos trinta, deu início à prática do futebol, na mesma. Nessa altura, os jogos realizam-se num campo situado no Estaleiro, entre o Porto e o Calhau Miúdo, num serrado que ali existia e que, posteriormente, foi dividido por “malhões” dado que pertencia a três donos: ao Laureano Cardoso, ao António Barbeiro e ao Chileno. Foi esta equipa, de que o Nestor era, sem sombra de dúvida, o melhor jogador, que efetuou o primeiro jogo oficial de futebol, na freguesia mais ocidental da Europa, sendo a partida disputada contra uma equipa das Lajes, o “Nacional Sport Club”, tendo-se realizado no dia 24 de Julho de 1939, data em que o campo também foi oficialmente inaugurado. O clube se chamava-se “Fajã Grande Sport Clube”, equipando com camisola azul e calção branco, o qual originaria, mais tarde, o Clube da Fajã Grande, que revê o seu apogeu na década de cinquenta.

Este e alguns outros jogos fez o Nestor, defendendo as cores do team fajãgrandense. Dizia, quem ainda o viu jogar, que era o melhor jogador de sempre da Fajã Grande. Um excelente avançado centro e um grande marcador, A tragédia, no entanto, havia de o atingir, tendo o Nestor falecido bastante novo e a sua morte deveu-se a um, perfeitamente, evitável acidente ligado ao próprio futebol. Durante um jogo, disputado já no campo das Furnas, a bola terá ido parar ao mar. Como só havia uma, o jogo parou e coube ao Nestor ir buscá-la, para o que teve que se atirar à água. Era Inverno e esta estava muito fria e o Nestor muito suado. O contacto com a água gelada ter-lhe-á provocado uma constipação, seguida de uma pneumonia e depois uma tuberculose que lhe foi fatal.

A sua morte e o acidente que a provocou foram uma enorme tragédia para a freguesia, sendo presente na memória de todos, sobretudo porque prematura e inesperada, durante décadas.

 

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publicado por picodavigia2 às 09:50





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