PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A CANADA DO PICO AGUDO
A meio do caminho entre a Escada-Mar e a Alagoinha havia um enorme largo, conhecido como Largos dos Paus Brancos. Era precisamente desse largo que partia uma estreita e sinuosa canada, quase em ziguezague, que dava acesso às terras e propriedades do lugar do Pico Agudo. A canada, obviamente, herdara-lhe o nome, sendo conhecida pela Canada do Pico Agudo.
A canada era tão estreita, tão apertada e tão atrofiada que por ela passava apenas um homem de cada vez. Como as propriedades ali existentes eram terras de mato, não passava gado pela mesma e os campos que a ladeavam e para onde ela se encaminhava pouco produziam, pelo que a canada era muito pouco movimentada, exceção à época da ceifa dos fetos e da cana roca, que por ali eram transportados às costas, para depois de colocados e empilhados no largo, serem transportados em corsões até aos palheiros ou casas velhas, onde eram guardados, no caso dos fetos, para cama do gado. O mesmo acontecia com a lenha seca ou com os incensos verdes, embora uns e outros fossem trazidos às costas, até às moradias.
A canada iniciava-se no largo e a ela se tinha acesso subindo dois ou três de degraus. Inicialmente como que dava continuidade ao próprio largo, afunilando-se logo de seguida por entre paredes singelas, em pequenas retas, intercalada com algumas curvas. Aqui e além, as paredes eram substituídas por pequenos portões, tapados com pedras e que permitia acesso às propriedades ali existentes, sendo que por vezes, era necessário atravessar umas para ter acesso às outras.
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AMANHECER VÁCUO
A noite revoltou-se envolta em bruma!
Mas o limiar da manhã - sonsa invernia -
Ressurge, fantasiado de magia...
Expelindo alvoradas, uma a uma.
O mar, o céu, a terra e o vento em suma
Trazem o doce som da maresia.
Se há rastro de tormenta ou lavadia
Do canto das gaivotas nasce espuma.
Quebra o silêncio o Sol a dealbar,
Anunciando que a safra vai seguir.
Fecunda? Já há barcos a partir,
Velas brancas as ondas a rasgar.
Levam sonhos, esperanças e vontade…
…No regresso? Balouçam vacuidade.