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O BRUXEDO DAS FEITICEIRAS (DIÁRIO DE TI’ANTONHO)

Sexta-feira, 21.11.14

Esta estória passou-se com um tio do meu avô que me a contou, era eu aina uma criança. Aos anos que isto foi, meu Deus!

Contava ele que numa certa noite de verão a sua mulher estava com muito calor e não conseguia dormir. Como estava muito bom tempo e a noite muito fresca, ela veio sentar-se à janela da sua casa, a fim de se refrescar um pouco para depois se deitar e conseguir adormecer. Já devia ser alta noite, mas ela como não tinha relógio não sabia as horas. Não se via viva alma, na rua. De repente, ela viu três mulheres que se aproximaram da janela onde estava sem que ela as conhecesse pois tinham véus a cobrir-lhes o rosto. Ao princípio, ao ver os três vultos, julgou que fossem vizinhas que voltassem de fazer serão em casa de alguma amiga ou familiar, pois naquele tempo era costume fazer-se serão em casa uns dos outros. Pensou que talvez para não apanharem frio traziam os lenços puxados para cima do rosto. Mas não as conheceu e elas, ao aproximarem-se da janela, disseram:

— Se não fosse o mastrunço, a arruda e o limoeiro, não havia ninguém vivo neste mundo!

— E porquê raparigas?

E então elas responderam:

— Se soubesses, calavas o bico, para sempre.

E contava meu tio, com os olhos raiados de lágrimas que a mulher não durou muito tempo. Passados poucos dias começou a definhar, a definhar de dia para dia, a ficar doente e morreu. As pessoas diziam que tinha sido por causa daquelas três feiticeiras que lhe fizeram bruxedo.

 

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publicado por picodavigia2 às 09:33

PARTIDA

Sexta-feira, 21.11.14

Deixa ficar comigo o sol de Agosto

E espreme numa taça estilhaçada,

O sumo duma flor, a seiva, o mosto,

O perfume de cada madrugada.

 

Acende a luz do mar, grava teu rosto,

Na espuma cristalina, esbranquiçada.

Cerceia minha dor, este desgosto,

Esta mágoa infinita e malfadada.

 

Depois podes partir... Mas eu te aviso:

Cada flor nascerá sem um sorriso,

Neste rio desfeito e de espuma.

 

A esperança há-de sumir-se, uma a uma,

E a raiva, a dor, a morte, a vida em suma,

Farão sentir o fim do Paraíso.

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publicado por picodavigia2 às 07:41





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