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DANÇA DO MAR

Domingo, 09.11.14

Eu quero voltar ao mar,

P’ra apanhar uma sereia,

Dançar com ela na praia,

Em noites de Lua Cheia.

 

Eu quero voltar ao mar

P’ra apanhar uma ganhoa,

Colocar-lhe um laço ao peito,

Na cabeça uma coroa.

 

Eu quero voltar ao mar

P´ra apanhar uma onda mansa,

E ser levado por ela

Na aragem da bonança.

 

Eu quero voltar ao mar

P’ra apanhar a maresia,

Saltar baixios e escolhos

Em gesta de fantasia.

 

Eu quero voltar ao mar

(Foi no mar que eu nasci)

Apenas p’ra lhe dizer:

- Não posso viver sem ti.

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publicado por picodavigia2 às 18:30

MÃO MORTA

Sábado, 08.11.14

“Mão Morta” era uma brincadeira que se fazia com muita frequência às crianças, quando ainda de colo. No entanto, crianças mais crescidas faziam esta brincadeira umas com as outras. A brincadeira consistia em mandar relaxar uma das mãos da criança, para lhe pegar no bracito ara lhe bater com a mão, levemente, na cara dizendo a seguinte aravia: Mão Morta, mão morta. Vai bater à tua porta.

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publicado por picodavigia2 às 21:36

O SUEVO

Sábado, 08.11.14

O suevo era uma espécie de pequeno destorcedor, aplicado a meio das correntes que prendiam os animais, a fim de que elas não se enrolassem, encolhessem e os animais se magoassem.

Esta palavra, como muitas outras utilizadas Fajã Grande e na ilha da Flores, não existe na língua portuguesa com este significado e creio que não era utlizada nas outras ilhas açorianas, com exceção do Corvo, ilha onde a linguagem tinha muito de próximo com a das Flores.

O suevo, no entanto, era um objeto de grande utilidade na Fajã Grande, sobretudo no que à pecuária dizia respeito. Durante os meses da primavera, era costume na Fajã Grande retirar as vacas dos palheiros e levá-las para os campos onde havia forrageiras, nomeadamente, trevo, erva-da-casta, ou alcacel ou até favas. Nestes campos os animais eram amarrados pela mão esquerda por uma corrente metálica, presa na outra extremidade a uma enorme estaca de ferro, enterrada na terra ser trilhada, com um maço de madeira. Com os movimentos bruscos e contínuos dos animais estas correntes enrolavam-se e as vacas corriam risco de se estatelarem no chão. Para evitar que tal acontecesse eram colocados nas correntes os suevos, a partir de dois terços das mesmas, contados do lado da estaca.

O suevo era constituído por duas peças de ferro ou de outro metal. Uma em forma de triângulo, com o furo na base, no qual estava metida e rodava a segunda peça. Esta era simplesmente um prego ou um pedaço de ferro em feitio de prego que, enfiado no buraco do triângulo, rodava, impedindo assim que acorrente enrolasse e a outra extremidade, devidamente preparada, prendia na corrente. A parte oposta ao furo, por sua vez, através de uma argola, prendia-se na parte da corrente que ficava próxima da mão do animal.

No caso das vacas, assim como as correntes, os suevos tinham que ser muito fortes e, por isso, geralmente, eram comprados num ferreiro das Lajes. Mas no caso de outros animais presos em correntes, como as ovelhas, as galinhas chocas ou até os cães, que eram presos por uma simples corda ou por uma corrente mais fraca, os suevos eram feitos por quem deles precisava. E era fácil fazê-los. Bastava um pedaço de arco de caneca ou tira de lata a que se dava a forma de triângulo. Depois era só durar-lhe a base, enfiar o prego e torcer-lhe a ponta e o suevo estava feito. E que bem eu alguns se faziam.

Consta que nalgumas ilhas açorianas e noutras localidades se usavam suevos nas cordas de algumas embarcações.

 

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publicado por picodavigia2 às 19:19

O CULTO DOS MORTOS

Sexta-feira, 07.11.14

Assim como a religião, também o culto dos mortos teve e continua a ter um lugar de relevo em todas as civilizações e é, talvez, um dos fenómenos mais estranhos, interessantes e diversificados da História. Uma reflexão e um estudo profundo da evolução do pensamento e dos costumes das várias civilizações ao longo dos séculos, desde as épocas mais remotas até aos nossos dias, permite-nos conhecer as ideias, os sentimentos, as emoções, os rituais e as celebrações do homem sobre o mistério da sua própria morte, assim como os mitos que criou sobre a mesma.

Acredita-se que o culto dos mortos tenha sido anterior ao da adoração da divindade, talvez mesmo tenha sido o primeiro que originou o segundo, isto é, foi o homem que celebrando a memória dos seus mortos, pela primeira vez, teve a ideia ou o sentimento do sobrenatural e do divino, acreditando em algo que transcendesse a própria morte.

As civilizações indo-europeias, ainda antes do aparecimento dos primeiros filósofos, na cidade de Mileto, na Ásia Menor, foram pioneiras da crença na existência duma outra vida para além da vida terrena, considerando que a morte não consistia na decomposição do ser humano, mas sim na sua transformação para uma outra vida, convicções que muitas outras religiões, entre as quais o cristianismo, consagraram nos seus ensinamentos, através dos tempos

Também os gregos e os romanos, apesar dos seus princípios e costumes, acreditavam numa segunda existência humana, cuidando que a alma iria passar essa segunda vida na terra, junto dos vivos, mas num lugar diferente, chamado Inferno. Exemplo claro disto é a visita de Ulisses, na sua viagem de regresso após a guerra Tróia, aos Infernos, onde encontra a mãe e outras pessoas que já haviam falecido, mas com quem ele fala e convive. Os gregos, no entanto, acreditavam que nesta segunda existência, a alma continuava unida ao corpo, pois este não se desfazia por completo, apenas se transformava, após a morte. Todas estas crenças originaram ritos fúnebres muito diversificados, os quais, de alguma forma também mostram claramente que os povos que os celebravam, acreditavam que o falecido sobrevivesse depois da morte, e, por isso, enterravam junto com o morto, roupas, vasos, armas, vinho, comida, até mesmo sacrificavam escravos e cavalos para servi-lo na sepultura, como o haviam feito durante sua vida terrena. Os gregos tapavam os olhos dos mortos com duas moedas com que pagariam ao barqueiro a viagem que fariam entre o mundo dos vivos e o dos mortos.

De todas estas crenças dos gregos e de outros povos primitivos surgiu a necessidade de sepultar os mortos, porque a alma sem uma sepultura tornava-se perversa, aparecia aos vivos, atormentava-os e provocava-lhe doenças. Mas não bastava apenas enterrar o corpo, era necessário cumprir alguns rituais e realizar cerimónias fúnebres, evocando as almas e fazendo-as sair, por alguns instantes, do sepulcro. A cerimónia dos mortos, na Grécia Antiga, era uma espécie de comemoração em que as famílias colocavam alimentos sobre o túmulo do seu morto, pronunciavam fórmulas que o convidavam a comer e ninguém os podia tocar pois eram destinadas exclusivamente ao morto.

Como os mortos eram considerados criaturas sagradas, muitos povos antigos veneravam-nos como se fossem deuses e, por isso, diante da sepultura construíam um altar para sacrifícios semelhantes aos que existiam nos templos para oferecer sacrifícios aos deuses.

Os povos da Índia, também homenageavam os seus mortos, fazendo-lhe oferendas, rituais e celebrações diversas em sua memória e, assim como na Grécia, também ofereciam à alma dos mortos alimentos e tratavam-nos como seres divinos, a fim de que as suas almas não fossem atormentadas. Os egípcios também acreditavam na vida para além da morte, mas para permitir o acesso e a continuação nessa vida, era necessário que o corpo estivesse preservado, por isso embalsamavam os seus mortos e construíam túmulos monumentais, chamados pirâmides, mastabas e hipogeus, onde também colocavam roupas, joias, cosméticos e móveis para que o defunto os utilizasse.

Outros povos da antiguidade possuíam crenças estranhas. É o caso dos cultos masdeístas, para quem a terra é sagrada e, por isso, os mortos não podiam ser enterrados por que eram considerados impuros, sendo os cadáveres colocados em torres e em outros lugares altos a fim de serem devorados pelas aves de rapina.

Algumas destas crenças foram adotadas, depois de sobrenaturalizadas, pelo cristianismo, e perduraram ao longo da Idade Média, sendo que, algumas delas se mantiveram até aos nossos dias. Na Fajã Grande das Flores as línguas dos porcos eram oferecidas às almas e no dia de finadas fazia-se uma derrama por toda a freguesia para sufragar as almas dos mortos. Ao mesmo tempo criaram-se alguns mitos como o de um náufrago facínora, atirado ao Poço do Bacalhau, depois da morte, por não merecer sepultura junto dos outros mortos cujos gritos ainda hoje se ouvem.

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publicado por picodavigia2 às 21:29

O INSUCESSO

Quinta-feira, 06.11.14

"O insucesso é apenas uma oportunidade para recomeçar de novo com mais inteligência."

Henry Ford

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publicado por picodavigia2 às 09:17

AMIGOS

Quinta-feira, 06.11.14

O pai do Júlio, António Fernandes, era o maior amigo do senhor Resende, um lisboeta que, evadido da capital, há muito se fixara na ilha das Flores, com residência permanente, primeiro em Santa Cruz e agora em Ponta Delgada, na companhia duma antiga empregada, Ana Madruga, que, depois da morte da consorte, adotara como companheira. Muito doente dos rins, acicatado por dores fortíssimas, fora operar-se a Ponta Delgada regressando às Flores, permanecendo, no entanto, em prolongadaem convalescença.

Logo que António Fernandes soube que o amigo voltara de São Miguel, no Carvalho de Março, apressou-se a visitá-lo, atravessando a ilha de lés-a-lés, levando consigo um dos filhos mais novos, o Júlio que os mais andavam na safra da ceifa dos fetos.

António Fernandes e o filho foram recebidos à porta, por Dona Ana, a quem cumprimentaram, já dentro de casa:

- Como está Dona Ana? Dá-se licença?

- Façam favor. Entre, entre. Como está, Senhor António? Ah! E traz um menino consigo!

Mal os ouviu, Resendes, tentando levantar-se, gritou de lá de dentro:

- Ó home essa! É preciso bater à porta e pedir licença? Esta casa é tua, António!... – De seguida abraçando o amigo - Então como estás, homem?

- Como vai essa saúde, Resendes?

- Já esteve pior, muito pior, mas ainda não está bem. Esta viagem no Carvalho custou-me muito, quase me matou. E da Fazenda Santa Cruz para aqui, como não há estradas, nem carros… Olha, tive que vir de palanca. Esta terra não progride. Nunca mais fazem estradas… Admite-se que ainda não haja uma estrada a ligar a freguesia mais importante do concelho de Santa Cruz à vila?! E, como tu sabes melhor do que eu, no concelho das Lajes ainda é pior: quatro das sete freguesias ainda não tem estrada que as ligue à via. Vocês lã na Fajã querem tratar qualquer coisa na vila e têm que ir a pé! Isto não se admite…

Depois de parar um pouco como que para tomar fôlego, retorcendo as pontas do bigode, Resendes prosseguiu

- Bem, mas ainda mal consigo andar, meu amigo. Foi uma operação muito grande! Já me arrependi de ter vindo no último Carvalho! Devia ter ficado mais algum tempo em S. Miguel – e continuando a retorcer as pontas do bigode - Só que se o fizesse teria que lá ficar mais um mês. Não se admite que o navio só venha uma vez por mês às Flores. De duas uma: ou ficava mais um mês em São Miguel, gastando uma fortuna ou vinha-me embora para as Flores, fazendo um grande sacrifício e correndo grandes riscos. Mas vá lá que correu tudo bem e estou a ficar melhor. E voltando-se para o Júlio que permanecia mudo, sentado num canto, encantado com a imponente figura daquele ancião – Então trouxeste um dos pequenos!? E este qual é? É o mais velho? Como estás meu rapaz? Dá cá um abraço.

O pai do Júlio apressou-se a esclarecer:

- Este é o mais novo. – E voltando para o filho – Cumprimenta o Senhor Resendes, um grande amigo de teu pai. – E lá em Ponta Delgada, como foi?

- Ó homem tu também já foste, à faca. Sabes como é… Eles são uns carniceiros! Nos primeiros dias, é esperar, esperar, em casa das Senhoras Arrudas, na rua do Amorim, que é o hotel das Flores e do Corvo. Aquilo está sempre cheio de gente das Flores e do Corvo, uns à espera da faca outros de embarcar para a América. Depois lá consegui a consulta no Dr Horta e Câmara. Felizmente ele marcou logo a operação e internou-me imediatamente no hospital. Olha, ali a Ana é que gostou de estar em casa das Arrudas Ficou a saber a vida de toda a gente e os mexericos de toda a cidade.

- Credo, que exagero. – Retorquiu Dona Ana, envergonhada. - Mas olha que eu nunca perguntei nada a ninguém. Só ouvia o que me diziam. E olhem que não era pouco! Aquilo é que é pouca vergonha, naquela cidade. São lugares muito grandes. Se aqui já é o que se vê, o que não seria lá. Este mundo está perdido! Até já dizem que é o terceiro segredo de Fátima que vai ser revelado.

- Ó António, fala-me de ti, homem. Que grande desgraça te aconteceu! E eu que não pude ir à Fajã para te dar um abraço. Naquela altura já estava muito doente… Mas conta-me, como foi que ela morreu?

- Foi uma desgraça. Foi uma grande desgraça!

E dona Ana a meter-se na conversa:

- E ela ainda era muito nova, não era Sr António? E é verdade que estava à espera doutro filho? Coitadinha. Deus dê paz à sua alma.

- Ó mulher, ouve e cala-te.

- Tinha 41 e estava à espera de um filho… estava… Sabes como ela era Resendes. Não parava, nem em casa, nem nas terras. Sempre a trabalhar, sempre a arrumar, sempre a mexer. Ajudava-me muito! E agora que a Amélia, a mais velha, já faz muita coisa em casa ela ajudava-me muito nas terras. Era uma mulher de trabalho! Foi tratar dumas galinhas e um sanababicha dum cricri deu-lhe um bicada numa perna, por azar, numa variz. Depois aquilo nunca mais curava… Fui procurar o senhor doutor… Corri a ilha toda atrás dele… Lá mandou que ela fizesse análises… Ela tinha a albumina muito alta, e ele pediu para a internar no hospital da Vila. Levei-a imediatamente, com muito sacrifício, porque ela já não conseguia andar pelo seu pé. Tivemos que subir a rocha dos Bredos com ela às costas, de palanca. Foi terrível! E, para desgraça minha, já não voltou a sair do hospital….

- Esse sanabagana desse doutor é que é o responsável por muitas mortes nesta ilha. Passa a vida a caçar e em jantaradas. Procura-se por toda a ilha e nunca se encontra. E quando se encontra, só sabe receitar leite de cabra. Mas a culpa não é só dele. É deste governo republicano, dos republicanos que desde o regicídio governam este país. Isto não se admite. O governo não olha por nós. Uma ilha com mais de dez mil pessoas tem só um médico e um hospital com meia dúzia de camas! Um hospital que é uma vergonha! A minha sorte foi nem lá entrar. Esta ilha está totalmente abandonada e desprotegida, homem. Isto é uma vergonha!... As pessoas morrem aqui com uma simples dor de cabeça, porque não há um comprimido para lhes dar. E ninguém faz nada para mudar isto! Eu bem falo e protesto, mas ninguém me ouve. Acusam-me de monárquico, como se fosse um crime desejar outra vez um rei para Portugal. E agora António, como é que vais organizar a tua vida, homem?

- Isso é que me preocupa e muito. Mas tenho que me amanhar sozinho. Os dois mais velhos já me ajudam muito, embora um deles ainda ande na escola, na 3ª classe. Mas eu não o tiro da escola por nada deste mundo! Eles a bem dizer já fazem tudo, menos lavrar com o arado de ferro. E a Amélia, a mais velha, foi muito habituada pela mãe na vida da casa. Já faz tudo sozinha. Coze pão no forno, coze bolo, acarta água, arruma a casa, faz a comida e vai lavar à ribeira. Olha até já remenda a roupa. Este é o meu companheiro! Acompanha-me sempre para todos os lados. Mas custa-me muito vê-los penar assim… e depois sempre a lembrarem-se da mãe… Custa muito, custa! Tudo a faz lembrar. Uma mãe faz muita falta numa casa…

- Se faz Antoninho, se faz. – Repetia dona Ana, limpando uma lágrima solitária com a ponta do avental. Olhe perdi a minha já era uma rapariga e a falta que ela me fez… Só Deus e eu o sabemos. Mas o Antoninho é muito novo. Não vai faltar mulher que o queira! Olhe o José da Grota, aqui de Ponta Delgada… Há pouco mais de um mês que a mulher lhe morreu e já anda com a mais velha da Ana do Outeiro. Dizem que nas terras aí para cima é uma vergonha! Louvado seja o Sagrado Coração de Jesus. Para sempre seja louvado.

- Ana, tem tento na língua, não comeces…

- Eu não ponho famas nem aleives a ninguém. Só digo o que oiço dizer.

- Dona Ana, com seis filhos para criar, com as terras para trabalhar e o gado para tratar… Não acha que tenho sarna bastante para me coçar?

 

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publicado por picodavigia2 às 01:31

AVENTURAS DE UM FRADE OU O PRIMEIRO NAUFRÁGIO NO CANAL ENTRE O FAIAL E O PICO

Quarta-feira, 05.11.14

Se é lenda ou história, não se sabe ao certo, mas a verdade é que o historiador açoriano Gaspar Frutuoso afirma que o primeiro povoador da ilha do Faial terá sido um frade eremita vindo do Reino. Segundo os relatos do mesmo historiador o frade vivia só, na ilha, apenas com algum gado miúdo, possivelmente, ovelhas, que ali haviam deitado os primeiros povoadores e donos das ilhas, e mais tarde, os próprios moradores da ilha Terceira. Estes davam-se ao luxo de "Somente no Verão iam pessoas da Terceira a suas fazendas e visitar seus gados e comunicavam com este ermitão". Ele apenas comunicava com alguém nessas alturas.

O frade acabaria por desaparecer, ao que se julga, ao fazer a travessia do canal do Faial para ir até à ilha do Pico, numa pequena embarcação revestida de couro e que se afundou. O frade terá morrido no primeiro naufrágio ocorrido no canal, pois não tinha ninguém por perto que o salvasse.

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publicado por picodavigia2 às 10:13

AS BURRECAS

Quarta-feira, 05.11.14

Grande parte do território da Fajã Grande situava-se no chamado Mato da ilha das Flores. Era sobretudo a parte este e as suas vizinhas nordeste e sueste, que abrangiam uma extensa faixa desde a Caldeirinha até à Água Branca e à Burrinha, configurando, grande parte desta fronteira com o concelho de Santa Cruz. Ora o Mato era todo ele ocupado por extensas pastagens, umas pertencentes a particulares, outras denominadas por concelho e que constituíam uma espécie de parcela comunitária, onde pastavam todas as ovelhas da freguesia. Estas pastagens, sobretudo as segundas, eram bastante pobres e inundadas por múltiplos montículos cobertos de musgo ou musgão, semelhantes a ondulações, que lembram as costas de um corcunda, pelo que muito provavelmente a palavra burreca terá aqui a sua origem, uma vez que na língua portuguesa, primitivamente, burreca significava carcunda, conforme se pode ler na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira.

Curiosamente estas ondulações, embora prejudiciais, porquanto ocupam grande parte do terreno e não fornecem nenhum alimento aos animais, são agradáveis à vista, formando uma interessante cobertura do solo, sob a forma de um manto fofo e ondulado. Como eram muito fofas e macias serviam de palco a muitas brincadeiras da criançada.

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publicado por picodavigia2 às 01:01

A ROMARIA DA SENHORA DA SAÚDE

Terça-feira, 04.11.14

No conto «Cenas Triviais» do livro «Pastoraes do Mosteiro», Nunes da Rosa, na altura pároco na freguesia com o mesmo nome e conhecedor profundo dos costumes e tradições do povo da mesma e das dos arredores, naquilo que se pode considerar uma visão idealizada da América, mas que, ao mesmo tempo parece não ser aquele mundo perfeito, com que muitos sonhavam, narra o embarque de um grupo de rapazes da freguesia que abandonam a ilha, na demanda da América, viajando num yatch branco que fez proa à ilha, na procura de água, víveres e braços humanos. Este acontecimento, porquanto significava de emoção para os que partiam e tristeza para os que ficavam, gerou um desusado reboliço na freguesia.

Segundo Nunes da Rosa, os rapazes corriam em direção ao mar, carregando uma mala às costas. De olhos vermelhos, vão ruminando já as mágoas de uma saudade de tudo quanto lhes fica atrás: o trabalho do campo, os animais, as afeições domésticas, os murmúrios das ribeiras, o convívio com os irmãos, os serões, os bailos, o terço rezado em família, os jantares, os convívios e sobretudos as festas. Entre estas, Nunes da Rosa refere a Romaria da Senhora da Saúde, à Fajã Grande, nestes termos: «As romarias à Fajã, a Nossa Senhora da Saúde, pelo tempo das maçãs, com jantares pelo fresco das hortas sobre toalhas alvas de linho, e a abundância de vinho bebido por cangirões de barro, por entre as macieiras, m grupos sadios, uma alegria ruidosa!...»

Os que ficam na ilha, choram…

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publicado por picodavigia2 às 19:10

BOM EMPURRÃO

Terça-feira, 04.11.14

 

Às vezes, a melhor ajuda que conseguimos obter é um bom e firme empurrão."

 

(Joann Thomas)

 

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publicado por picodavigia2 às 14:01

A TERRA DO SOL POENTE

Segunda-feira, 03.11.14

Era uma vez uma terra, uma freguesia se quisermos ser mais precisos, que em tempos idos, apesar de pobre, todos os dias se enchia de Sol, de pessoas e de felicidade. Os seus moradores trabalhavam muito, sachavam, mondavam, cortavam, cavavam e lavravam os campos e tudo crescia, florescia, amadurecia e surgiam belas colheitas, pese embora, por vezes, ventos, tempestades e salmouras as tentassem destruir, pois aquela terra ficava perto do mar e era assolada, frequentemente, por fortes ventanias vindas do norte. Naquela terra, apesar de pobre, humilde e muito sacrificado, o povo vivia em paz, amor e felicidade. O Sol acordava todas as manhãs, surgindo, destemido, lá por detrás dos matos e só se ocultava à tardinha, quando amarelado e fulvo parecia que era engolido pelo horizonte. E os habitantes daquela terra, todos os dias, à tardinha, sentavam-se às portas das suas casas, postavam-se às janelas, acocoravam-se num descansadouro ou desciam até à beira-mar para ver o pôr-do-sol, na terra do Sol Poente.

Um dia, porém, começaram a chegar nuvens escuras àquela terra. Primeiro uma, depois duas e, finalmente, muitas e ainda mais e mais. E o Sol, que era a vida daquela terra, desapareceu, para nunca mais aparecer e, consequentemente, nunca mais se pôr. Nunca mais houve pôr-do-sol na terra do Sol Poente.

Aos poucos, a escuridão, o desalento e a tristeza invadiram aquela terra. Muitos habitantes partiram para terras distantes. Outros, os mais velhos, partiram para a eternidade.

É verdade que chegaram novos habitantes, mas não perceberam, não entenderam e, sobretudo, nunca foram capazes de compreender, sentir, apreciar e viver a beleza, a simplicidade e grandiosidade daquela terra, simplesmente porque nppunca viram o pôr-do-sol, naquela terra do Sol Poente.

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publicado por picodavigia2 às 10:08

O TOUCINHO E O ESPETO

Segunda-feira, 03.11.14

“ Deus dá o toucinho a quem não tem espeto.”

 

Este adágio, muito utlizado na Fajã Grande, parece ser, sem sombra de dúvida, uma espécie de tradução ou de adaptação de um outro muito conhecido e citado em todo o país; “Deus dá nozes a quem não tem dentes.”, com o qual se pretende demonstrar que a natureza, por vezes, é pródiga, porquanto protege, apoia ou enche de bens aqueles que não precisam e que deles não podem usufruir. Era também isso que se pretendia demonstrar, na Fajã Grande, ao referir o adágio do toucinho e do espeto. Na verdade, a muitas pessoas são proporcionados bens, condições de vida, talvez até dons e alegrias, de que não sabem usufruir e, consequentemente, desperdiçando-os. Esta adaptação daquele adágio, na Fajã Grande, prende.se, muito naturalmente com o facto do porco e, consequentemente o toucinho, como que fazer parte da alimentação quotidiana, revelando-se um alimento precioso. Sendo assim, é fácil compreender-se o seu sentido e a intenção com que era usado. Na realidade com ele queria significar-se que muitas vezes se desperdiçam as boas oportunidades que a vida nos proporciona. Há quem as não as aproveite, apesar de serem proporcionadas, enquanto outros as aproveitariam se elas lhe fossem disponibilizadas.

Curioso é o facto de se relacionar o espeto com o toucinho, talvez para o assar. Mas na Fajã Grande não se usava espeto para assar toucinho Este era simplesmente cozido ou frito sob a forma de torresmos. Por sua vez o espeto era usado para assar maçarocas, no forno ou num brasido, quando estas ainda restavam verdes, isto é quando vertiam leite.

É, pois, estranha esta referência feita ao espeto utilizado para assar o toucinho, porquanto na Fajã Grande não era costume assar-se o toucinho na brasa, muito menos enfiado num espeto. Na Fajã Grande o espeto era usado, quase exclusivamente, para assar maçarocas de milho, quando este ainda veria leite, isto é, quando ainda estava verde, enquanto o toucinho se comia cozido em sopa ou frito, sob a forma de torresmos. Isto significa que este adágio, muito provavelmente, terá sido importado ou trazido pelos primeiros povoadores, como aliás muitos outros.

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publicado por picodavigia2 às 00:41

O POLVO

Domingo, 02.11.14

(PADRE ANTÓNIO VIEIRA)


Mas já que estamos nas covas do mar, antes que saiamos delas, temos lá o irmão polvo, contra o qual têm suas queixas, e grandes, não menos que S. Basílio e Santo Ambrósio. O polvo com aquele seu capelo na cabeça, parece um monge; com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela; com aquele não ter osso nem espinha, parece a mesma brandura, a mesma mansidão. E debaixo desta aparência tão modesta, ou desta hipocrisia tão santa, testemunham constantemente os dois grandes Doutores da Igreja latina e grega, que o dito polvo é o maior traidor do mar. Consiste esta traição do polvo primeiramente em se vestir ou pintar das mesmas cores de todas aquelas cores a que está pegado. As cores, que no camaleão são gala, no polvo são malícia; as figuras, que em Proteu são fábula, no polvo são verdade e artifício. Se está nos limos, faz-se verde; se está na areia, faz-se branco; se está no lodo, faz-se pardo: e se está em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz-se da cor da mesma pedra. E daqui que sucede? Sucede que outro peixe, inocente da traição, vai passando desacautelado, e o salteador, que está de emboscada dentro do seu próprio engano, lança-lhe os braços de repente, e fá-lo prisioneiro. Fizera mais Judas? Não fizera mais, porque não fez tanto. Judas abraçou a Cristo, mas outros o prenderam; o polvo é o que abraça e mais o que prende. Judas com os braços fez o sinal, e o polvo dos próprios braços faz as cordas. Judas é verdade que foi traidor, mas com lanternas diante; traçou a traição às escuras, mas executou-a muito às claras. O polvo, escurecendo-se a si, tira a vista aos outros, e a primeira traição e roubo que faz, é a luz, para que não distinga as cores. Vê, peixe aleivoso e vil, qual é a tua maldade, pois Judas em tua comparação já é menos traidor!

 

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publicado por picodavigia2 às 15:47

A LENDA DO ENTERRO DO VELHO LARANJINHO

Domingo, 02.11.14

Antigamente, na Fajã Grande, as pessoas mais idosas contavam que todos os anos, no dia dois de Novembro as almas realizavam uma procissão pelas ruas da freguesia, até ao cemitério e que a mesma representava o enterro do velho Laranjinho. Todas as pessoas tinham a certeza que ela se realizava e até a viam e ouviam os sinos dobrar a finados, no entanto, não podiam contar a ninguém nada do que viam, nem sequer aparecer à janela ou espreitar para ver as almas.

Ora há muitos anos, nesse dia, à hora em que se realizava a procissão, uma rapariga muito curiosa e que dizia que não acretiva naquelas tolices, quando já estava deitada, ouviu o sino a tocar a finados e um barulho de passos de pessoas na rua em frente à sua casa. Sentou-se logo na cama e, levantando-se, assomou à janela para espreitar por um canto da cortina e ver o que se passava na rua e se era o que as pessoas diziam que acontecia naquela noite do dia dois de Novembro.

Foi então que, para espanto seu, viu que estava a passar, em frente à sua casa, uma procissão em que participavam muitos vultos desconhecidos, cada um coberto com uma veste branca e todos com velas acesas nas mãos. Atrás seguia um caixão com um féretro. Ao princípio cuidou que era o enterro de alguém que havia morrido naquele dia ou na véspera. Mas pensando melhor concluiu que àquela hora da noite não se realizavam enterros e, por isso, começou a ficar muito apreensiva. Foi então que reconheceu, entre os vultos vestidos de branco, uma parente sua que já tinha morrido havia algum tempo. Para cúmulo, quele vulto, voltando-se dirigiu-se para ela e, entregando-lhe a vela, disse-lhe:

 - Ó rapariga, pega nesta vela e guarda-ma que eu amanhã venho buscar-vos, a ela e a ti.

A rapariga retirou-se para casa muito nervosa e aflita, permanecendo acordada toda a noite. Logo que amanheceu correu a casa dos vizinhos e contou a toda a gente o que tinha visto e ouvido, na noite anterior.

Reza a lenda que no dia seguinte a rapariga morreu porque não devia ter dito nada a ninguém do que lhe tinha acontecido.

 

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publicado por picodavigia2 às 01:11

BARTOLOMEU DE QUENTAL

Sábado, 01.11.14

O Padre Bartolomeu de Quental nasceu nos Fenais da Luz, ilha de S. Miguel, a 22 de Agosto de 1626, tendo falecido em Lisboa, em 20 de Dezembro de 1698. Em 1643, partiu para Lisboa, seguindo depois para Évora, onde frequentou a Universidade local, o Real Colégio das Artes, tendo-se licenciado em Filosofia em 1647 e obtido o grau de Doutor. Matriculou-se no curso de Teologia, ainda em Évora, mas passou para Coimbra em 1650, sendo já diácono dois anos mais tarde e pregando aos universitários. Em Dezembro de 1652, foi ordenado presbítero. Em 1654, estando vaga a vigararia da igreja matriz da Ribeira Grande, Bartolomeu do Quental concorreu e ganhou o lugar, por unanimidade de votos. No entanto, quando parecia que ia regressar à terra natal e rever a família, renunciou à nomeação, optando por pregar na região de Lisboa. A intensidade e qualidade do seu esforço eram publicamente reconhecidas e a 22 de Outubro de 1654 foi nomeado capelão-confessor da capela real e pregador extra-numerário. Apesar das tarefas que, desde essa data, desempenhou na corte, Bartolomeu do Quental não descurou a pregação itinerante, que continuou a manter. Após a morte de D. João IV, ocorrida em 1656, em plena Guerra da Restauração, Bartolomeu do Quental manteve o seu fervor missionário no território subordinado à arquidiocese de Lisboa, procurando, em simultâneo, reformar os capelães e clérigos da Capela Real. Em 1659, instituiu uma congregação de sacerdotes, com estatutos próprios, que organizavam a vida individual e colectiva e, de certa forma, já prenunciavam o que viria a ser a Congregação do Oratório. Entre 1664 e 1667, um período marcado por lutas internas na corte, prosseguiu as pregações no arcebispado de Lisboa, as visitas a hospitais e os exercícios espirituais, afastando-se progressivamente do partido régio e apostando na aproximação ao Infante D. Pedro. Em 1667, com a deposição de D. Afonso VI, Bartolomeu do Quental, beneficiando das suas boas relações com o Infante, preparou a fundação do Oratório como «associação de padres seculares, sem quaisquer votos». Inicialmente, o cabido – a Sé de Lisboa estava então vaga – recusou as propostas do sacerdote micaelense, mas, a 30 de Dezembro de 1667, antes da reunião decisiva, um dos cónegos que mais se opunha ao projecto morreu de um ataque e o cabido, impressionado, votou unanimemente a favor da obra idealizada pelo padre Bartolomeu do Quental. A provisão foi passada a 8 de Janeiro de 1668 e, a 16 de Julho desse ano, em Lisboa, nas Fangas da Farinha, na Rua Nova do Almada, nasceu a Congregação do Oratório, cujos estatutos seriam aprovados pelos papas Clemente X e Inocêncio XI. Em 1674, os Oratorianos mudaram-se para a Igreja do Espírito Santo, na mesma rua. A partir de Lisboa, o Oratório espalhou-se pelo país, com grande incidência nas províncias nortenhas. A multiplicação das casas levou o padre Bartolomeu do Quental a pensar na sua unificação legal, procurando seguir o modelo do Oratório francês, mas recusando a ostentação e a música. A partir do reino português, os Oratorianos implantaram-se no Brasil e na Índia mas, apesar do seu fundador ser natural de S. Miguel, nenhuma casa oratoriana foi instalada nos Açores. Desde a fundação do Oratório português até à data da sua morte, em 1698, o padre Bartolomeu do Quental escreveu diversos livros de meditações e dois volumes de sermões. Quando morreu, vítima de uma pleurisia, tinha fama de santo e vários milagres lhe foram atribuídos após o falecimento. A sua obra deixou profundas e bem sucedidas marcas.

Obras principais: Sermam funebre nas exequias da Excellentissima Senhora D. Leonor Maria de Menezes, condeça de Atouguia, Meditaçoens da infancia de Christo Senhor Nosso da Encarnaçam ate os trinta annos de sua idade, Meditaçoens da sacratissima payxão, e morte de Christo Senhor nosso, Meditaçoens da gloriosa resurreyçam de Christo Senhor Nosso: sua admiravel ascenção, amorosa descida do Espirito Santo, e finissimos excessos do Divinissimo Sacramento: com a direcção para a oração mental e mais exercicios espirituae, Sermoens do Padre Bartholameu do Quental., Meditaçoens das Domingas do anno.

 

Dados retirados do CCA – Cultura Açores

 

 

 

 

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publicado por picodavigia2 às 22:08

QUADROS DA VIA SACRA

Sábado, 01.11.14

Desde há alguns anos que, aos domingos se realiza no Parque José Guilherme, na cidade de Paredes, uma interessante feira de antiguidades e não só. Na verdade, ali, para além de todo o tipo de velharias, como ferros, cerâmica, livros, objetos de uso pessoal, utensílios domésticos, adornos, peças de automóveis, bibelots, etc., também se vendem produtos da terra, artigos de produção caseira e artesanato: legumes, hortaliças, fruta, vinhos, enchidos, doces, compotas, peças em madeira, linho, lã, etc.

Num domingo, em que por lá passei, com maior disponibilidade e tempo, fui reparando, aqui e além, nas preciosidades que alguns vendedores expunham e que considerei de maior interesse. Para espanto meu, parei junto a um vendedor que, entre outras peças interessantes, tinha à venda três quadros que, percebi, fazerem parte de um conjunto de quadros religiosos, da via-sacra. Aproximei-me, com intenção de os observar melhor e pude verificar que eram belas gravuras, representando as estações sétima, decima e decima quarta, sendo o texto que acompanhava e explicava as imagens, em francês pelo que me foi lícito admitir-se que quadros terão sido retirados de alguma igreja francesa, talvez mesmo roubados, não sendo, no entanto esse ato, necessariamente, imputado ao vendedor que os tinha em sua posse e que, provavelmente, os terá adquirido por compra. O homem muito provavelmente, até poderá desconhecer a sua origem e o seu significado, porquanto me pareça que nesta altura em que, até no nosso país, tanto se fala na defesa preservação dos bens culturais da igreja, não seja muito provável que o clero francês ande a vender ao desbarato os quadros da via-sacra das suas igrejas.

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publicado por picodavigia2 às 07:03


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