PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
LINHA E AGULHA
“Linha e agulha é meia costura.”
Na Fajã Grande, antigamente, todas as mulheres costuravam, utilizando, entre outros instrumentos e materiais a agulha e a linha. O epicentro desta atividade era o remendar a roupa, uma vez que esta era pouca e pobre e ao ser muito utilizada, sobretudo na prática diária da atividade agrícola, rompia-se com frequência. Não havia, pois, casa que não possuísse uma caixinha de costura, geralmente de papelão, com linhas e agulhas, estas espetadas num pequeno chumaço eu não se perdessem, que garantiam a costura. Este acervo de bens e instrumentos destinados à costura era guardado nos caninos das caixas onde se guardava a roupa melhor e a ele se juntavam pedaços e tiras de pano que iam sendo guardados para servirem de remendos. Assim, poder-se-ia dizer, no sentido real, que tendo linha e agulha era meio caminho andado para se realizar a costura, bastava apenas a arte da costureira e esta era iminente em todas as mulheres, pese embora houvesse na freguesia algumas costureiras especializadas para trabalhos que exigiam maior arte e engenho. Adaptando-se este adágio à vida quotidiana, utilizando-o no sentido figurado, ao utilizá-lo, queria com ele lembrar-se que para realizar qualquer atividade ou tarefa era necessário ter o material e o instrumento adequado, pois o resto viria por acréscimo e dependia da capacidade de cada um. O uso do provérbio era uma forma de a incentivar. Assim como à posse da linha e à agulha falta a arte de saber costurar, também na vida agrícola, aos instrumentos ou utensílios era necessário juntar a arte, a capacidade e a força de vontade de cada um. Mas também era lembrar que era muito importante que as pessoas se prevenissem com o material e os instrumentos necessários para os seus trabalhos diários.