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BURROS VALENTES

Terça-feira, 16.12.14

 “A puxar para casa/todos os burros são valentes.”

Este era um provérbio, também, muito utilizado na Fajã Grande, o qual encerra uma interessante duplicidade. Nele está patente, por um lado, uma certa ideia de egoísmo ou egocentrismo, contido na expressão puxar para casa, fazendo lembrar um outro dito, também ele expresso na sabedoria popular, o de puxar a brasa para a sua sardinha”. Na verdade, o ser humano muitas vezes mistifica-se e isola-se como que usurpando um querer para si, um açambarcar, um possuir ou ter de seu não somente mais do que os outros mas também o melhor, esquecendo os que estão ao seu lado, a partilha, a doação, a entrega e o deixar que os outros tenham ou possuam o melhor. E para se conseguir isto o ser humano, por vezes, não olha a meios, pelo que esta atitude ou este instinto parece caracterizar-se por se aproximar um pouco duma atitude meramente animalesca, e que o adágio exemplifica comparando-a com a dos animais, escolhendo-se como arquétipo o animal, aparentemente, mais estúpido – o burro. Assim como os burros, os homens no seu instinto puramente animalesco, preocupam-se primeiro consigo e depois consigo. Mas, por outro lado, o uso do provérbio também pretende, com alguma dose de cinismo, insinuar uma certa preguiça ou desmazelo revelado em atividades ou trabalhos que se destina a outros em prol de um maior empenhamento em tarefas pessoais.

Na verdade neste amplo império do egoísmo humano, que o uso do provérbio pretende recriminar, os homens assemelham-se a uns valentes burros. Não esqueçamos que é usado no seu sentido real, pelo que a comparação é totalmente válida, tanto a néscios como a doutos.a

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publicado por picodavigia2 às 10:29





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