PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A TODOS UM BOM NATAL
(EXCERTOS DE POEMAS DE NATAL DE POETAS PORTUGUESES)
Natal, Natalinho, chega de pressa, traz-me um presentinho.
Nasce mais uma vez, menino Deus! Nasce mais uma vez, neste Inverno gelado. Nasce nu e sagrado. Nasce e fica comigo.
Nasce mais uma vez, menino Deus, porque é Natal, é Natal, é Natal!
Vamos por o sapatinho, lá na chaminé. É a noite de Natal, no meu país, agora. Dois milhões de almas e outros tantos corações põem de parte ódios, torturas e aflições.
Vejo a estrela que percorre a noite larga. Vejo a estrela que perturba fundos mares, a estrela que revela a eternidade.
A noite já se avizinha, as luzes já estão a cintilar e os animais a descansar.
Guardavam os pastores o rebanho, nas vigílias da noite de Belém e a glória do Senhor resplandeceu, para lhes anunciar Supremo Bem:
- Ó pastores do monte e prado, acordai por vosso bem, ide já guardar o gado, para ver Jesus em Belém. Pastorinhos de Belém é pois certo, que na noite de Natal, num curral, baixou o Filho de Deus, lá dos céus.
Sede bem-vinda, noite sem par, trazes encanto a cada lar!
Noite de paz. Noite de luz. Numa gruta de Belém, nasceu o Menino Jesus:
- Eu vou dar ao menino uma fitinha pró chapéu. Ele também me dará um lugarzinho no Céu. É Natal! É Natal! É Natal!
Foi na noite de Natal, noite de santa alegria, em que o mundo parou e o Menino nasceu. Nasceu num estábulo, pequeno e singelo. Ao lado do menino, o homem e a mulher. Uma tal Maria, um José qualquer. O mundo parou e o menino nasceu.
Duas tábuas… Era um berço! Tudo escuro… Estaria Deus lá dentro? Lá estava! Hossana nas alturas. Estava dormindo, nas palhinhas, os anjos estão cantando:
- Glória a Deus nas alturas.
O Menino está dormindo, nos braços da Virgem pura, os anjos estão cantando. O Menino está dormindo nos braços de S. José, os anjos estão cantando.
E havia, lá na Judeia, um rei, feio bicho, de resto, um cara de burro, sem cabresto e duas grandes tranças. A gente olhava para ele, reparava e via que naquela figura havia, olhos de quem não gostava de crianças. E o malvado mandou matar quantos eram pequenos, só porque não gostava de crianças. Mas os anjos em coro, no reino da luz, entoam hossanas a Cristo Jesus.
O nosso Menino nasceu em Belém. Nasce tão-somente para nos querer bem. Adoremos o Menino nascido em tanta pobreza e Lhe oferecemos presentes da nossa pobre riqueza.
Jesus pequenino não quis ter um berço, numa manjedoura ficou. Adoramos o Menino, ofereçamos-lhe presentes: a nossa manta de pele, o nosso gorro de lã, a nossa faquinha amolada, o nosso chá de hortelã.
Os anjos cantavam hinos, a alegria era tão grande e nós cantamos também:
- Que noite bonita é esta, em que a vida fica mansa, em que tudo vira festa e o mundo inteiro descansa…
Chove! É dia de Natal. Na província neva. Lá para o Norte é bem melhor. Nos lares aconchegados. Um sentimento conserva os sentimentos passados. É dia de Natal e toda a gente está contente porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente. Antes isso que nevar. É Natal! É Natal! É Natal.
O jornal fala dos pobres em letras grandes e pretas. Traz versos e historietas, desenhos bonitinhos. Traz bodos, bodos, bodos:
- Hoje é dia de Natal mas quando será de todos?
- Hoje é dia de Natal! Natal de quem? Dos que trazem às costas as cinzas de milhões.
- Natal de paz nesta guerra de sangue? Natal de liberdade num mundo de oprimidos? Natal duma justiça roubada sempre a todos? Natal de ser-se igual mas ser-se esquecido? Natal de caridade quando a fome ainda mata? Natal de esperança, num mundo de bombas? Natal de honestidade num mundo de traição?
- Natal de quê? De quem? Daqueles que o não têm.
É Natal! É Natal! É Natal.
Entremos, apressados, friorentos, numa gruta, no bojo de um navio, num presépio, num prédio, num presídio, no prédio que amanhã for demolido. Entremos e depressa em qualquer sítio porque sofremos porque temos frio.
Entremos e cantemos: “A Todos um bom Natal”.
(NB - Texto elaborado com excertos de poemas de alguns poetas portugueses.)