PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A MULHER AMBICIOSA
(CONTO POPULAR)
Era uma vez uma mulher pobre mas um pouco estouvada e muito ambiciosa. Vivia sozinha, distante do povoado e, segundo se dizia pelos arredores, tinha poderes estranhos. Muita gente aterrorizava-se ao passar em frente ao pobre casebre onde ela morava.
Na mesma localidade vivia um velho muito rico que ficou viúvo. A mulher, aos poucos e com muita astúcia e não menos artimanha, foi-se aproximando dele, tentando enfeitiça-lo, a fim de que ele se apaixonasse por ela. Se bem o pensou melhor o fez e, ao fim de algum tempo, casaram.
Mas as intenções da mulher não eram as melhores e, pouco tempo depois de casar, comprou veneno que, dia após dia, ia colocando, em pequenas quantidades, nas refeições do velho, a fim de que ele não morresse de repente e, assim, não desconfiassem dela. No entanto e para que pudesse herdar a fortuna do velho decidiu-se por adotar uma criança. A tarefa não foi fácil e, só ao fim de alguns meses e depois de lhes pagar muito dinheiro, consegui adotar uma menina, filha de pais muito pobres.
Depois de adotar a criança a mulher decidiu reforçar a dose do veneno, pelo que o velho, algum tempo depois esticou o pernil.
Nos dias seguintes a mulher não parava de apregoar aos quatro ventos de que era senhora e dona de uma enorme fortuna. Logo lhe rondaram a casa e bateram à porta muitos pretendentes. Houve um que a conquistou e, assim, voltou a casar.
Mas o homem estava interessado era na fortuna e não na mulher, pelo que decidiu matá-la. No entanto, ao saber que a mulher tinha uma filha, cuidando que a pequena, após a morte da mulher, lhe roubaria metade da herança decidiu matá-la também.
Mas um vizinho apercebendo-se das intenções do velhaco, avisou os pais da menina que logo a vieram buscar, salvando-a da morte certa. O falso padrasto ficou muito satisfeito, cuidando que assim, sem ter que matar a menina, a herança seria toda sua. Matou, então, a mulher, que assim teve destino igual ao que ela havia dado ao velhote.
Os pais da menina, sabendo do sucedido, reclamaram justiça, sendo-lhes entrega toda a herança do velho, pelo que ficaram muito ricos, vivendo felizes com a sua filha, enquanto o falso marido e malvado padrasto passou o resto dos seus dias na cadeia.
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AS FONTES
(POEMA DE SOPHIA DE MELLO BREYNER)
Um dia quebrarei todas as pontes
Que ligam o meu ser, vivo e total,
À agitação do mundo do irreal,
E calma subirei até às fontes.
Irei até às fontes onde mora
A plenitude, o límpido esplendor
Que me foi prometido em cada hora,
E na face incompleta do amor.
Irei beber a luz e o amanhecer,
Irei beber a voz dessa promessa
Que às vezes como um voo me atravessa,
E nela cumprirei todo o meu ser.
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Sophia de Mello Breyner Andresen
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