PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O ACIDENTE DO POIO
No dia 18 de Janeiro do longínquo ano de 1887, mais um trágico acidente assolou a população da Fajã Grande, quando o povoado, com pouco mais de duas décadas de existência como freguesia, se solidificava e fortalecia. Pelas 4 ou 5 horas da tarde, não se sabe bem ao certo, foi encontrado morto um jovem de 18 anos, de nome José Cristiano Rodrigues Júnior.
O malogrado José era filho único de José Cristiano Ramos e de Margarida Jacinta Rodrigues, residente na rua das Courelas, na casa que fora dos seus avós paternos, sendo viva, na altura apenas a avó Margarida de Jesus. Estes são os dados que se podem retirar do registo de óbito deste jovem. No entanto, como foi opai deste jovem, José Cristiano Ramos que adotou a minha avó materna, depois de ela ficar órfã de mãe, ouvi, muitas vezes, em criança ela contar esta história. Os pais sofreram um desgosto tremendo. O rapaz havia ido para o mato tratar de gado terá sido atingido por uma pedra caída duma encosta.
Consta que a falta causada pela perda do filho foi a principal razão pela qual ele e a esposa adotaram a minha avó, que não se poupava em louvar e bendizer a bondade deste casal, sobretudo dele, porque a esposa enlouqueceu algum tempo depois, tendo-lhe dado muito trabalho. Pai Cristiano, como era familiarmente tratado, era um homem, bondoso, honesto, trabalhador e consta que muito religioso. Faleceu repentinamente quando, já doente, resolveu ir cortar uma árvore numa terra que tinha no Cabeço da Rocha, perto da Silveirinha.