PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A IGREJA PAOQUIAL DE SÃO JOSÉ DA FAJÃ GRANDE
Hoje sabe-se que a atual igreja paroquial de São José da Fajã Grande foi construída no local onde, anteriormente, existia uma pequena ermida edificada em 1755, também sob a invocação de São José. As obras da sua construção iniciaram-se em 1847, ficando a o templo concluído em 1849. A bênção da nova igreja, a que presidiu o ouvidor Francisco António da Silveira, realizou-se no dia 1 de Agosto de 1850. Apesar de tudo, alguns anos depois, a igreja já parecia revelar alguns problemas no que à sua construção dizia respeito, pelo que necessitava de melhoramentos. Coube a um emigrante natural da Fajã Grande, de nome José Luís da Silveira oferecer 14 águias que, juntamento com outros donativos e ajudas do povo contribuíram para o restauro e melhoramento do templo.
Até à década de cinquenta a igreja não tinha bancos. Cada família levava as respetivas cadeiras, onde se sentava enquanto aguardava ou acompanhava as celebrações litúrgicas. Por essa altura colocou-se uma bancada fixa e, com a ajuda do povo, procedeu-se à construção de um salão, por cima da sacristia.
O templo revela uma construção simples mas bela e atrativa, com a porta de entrada voltada a nascente. A fachada principal, a que se une, a sul, uma torre sineira, está dividida por uma estreita cimalha. A parte inferior é de formato retangular, elevando-se do chão até à própria cimalha, sendo apenas entrecortada por uma porta central e duas janelas. Quer a porta quer as janelas também são encimadas por pequenas cimalhas, sendo que sobre a da porta existe uma lápide com datas referentes à construção do edifício e o nome do benfeitor. A parte superior, ladeada por duas colunas com cornija que terminam em botaréus, prolonga a estrutura da parte baixa desde do telhado até ao meio da janela da torre sineira. Depois vai subindo, lentamente, de forma ligeiramente côncava até ao meio, terminando num pináculo central encimado por uma cruz. Centrada no meio uma janela octogonal, com vidros minúsculos. A torre sineira é retangular, encimada por uma cúpula octogonal e uma cobertura em forma de campânula de meia-laranja. Em cada um dos quatro lados existe uma janela sineira, embora a torre possua apenas dois sinos, uma maior, na fachada principal e um menor voltado a sul. Na pare inferior, onde, com acesso apenas pelo interior do templo, se situa o batistério existe uma janela em forma de losango, com vidros de pequena dimensão. As fachadas laterais são simples, quer a do norte quer a do sul, ambas rasgadas por uma porta e duas janelas. Do lado sul, une-se ao templo a sacristia, com duas divisões. A norte o templo comunica com o cemitério. Na parte oeste encastoa-se a capela-mor, atrás da qual se situa uma arrecadação com dois andares, com acesso ao camarim e com porta para o cemitério que lhe fica anexo.
O interior da igreja é de uma só nave, com três altares. Um na capela-mor e dois laterais. Na década de cinquenta, no altar-mor, para além da imagem do padroeiro, estavam colocadas mais duas: a Senhora da Saúde e Santa Teresinha, para além de duas mais pequenas em nichos laterais. O altar lateral do lado da sacristia era destinado à Senhora do Rosário e o outro ao Coração de Jesus.
O templo ainda possuía um púlpito, um coro, um batistério, dois confessionários laterais e no teto da capela-mor estavam pintados os símbolos da nacionalidade. Uma grade separava a capela do cruzeiro e uma outra, ao fundo do templo, separava a zona reservada às mulheres e crianças da zona destinada aos homens. Apenas esta possuía bancos próprios. O acesso ao coro era feito por uma escada, encastoada a norte, logo à entrada do templo. Do coro, através duma porta, tinha-se acesso à torre sineira. O acesso ao púlpito era feito pelo interior da sacristia. A entrada da porta principal estava protegido por um guarda-vento, cujas portas principais se abriam apenas nos dias de festa.