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MAE

Quarta-feira, 05.08.15

Mãe eras mais do que uma mulher.

Eras duas, três mulheres...

Eras todas as mulheres do mundo.

Mãe lavravas, sachavas, plantavas...

E ainda te sobrava tempo para nos amares.

Mãe, nos beliscavas, ralhavas e acariciavas.

Mas era tudo amor. Amor puro de mãe pura.

Na madrugada, acendias o lume com lenha verde,

Choravas com o azedume dos incensos mas clareavas toda a casa.

Mãe sopravas, sopravas, respiravas fumo e a água fervia.

O silêncio informava que pai há muito se levantara.

O ar puro confidenciava que o café de favas e chicória já estava pronto.

Café de mistura. Feito por mãos puras e ternas.

E exalava um perfume tão doce.

Enchia a casa e chegava às nossas camas.

Depois chamavas por nós: um para ir buscar as vacas,

Outro acarretar água da fonte. Outro tirar o esterco do palheiro…

Depois, sentávamo-nos à mesa e partilhavas pão, queijo e café.  

 

Mãe, já não trabalhas, não plantas, não fazes café de mistura.

Faz hoje sessenta e três anos que partiste

Mas continuas amando-nos.

Os que estão e que já partiram para junto de ti

Tenho saudades de seus beliscões.

Das tuas recriminações... De suas carícias...

Daquelas manhãs de silêncio...

Onde o ar era puro e o café de mistura.


NB – Adaptação do poema “Mamãe” de Marco António do Nascimento.

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publicado por picodavigia2 às 20:46

A PRINCESA E A CEGONHA

Quarta-feira, 05.08.15

Era uma vez uma princesa muito má, Não obedecia nem respeitava os pais e batia nas aias e nos criados do palácio onde vivia. Além disso, quando saía do palácio, tratava mal os nobres do reino e desprezava o povo que a aclamava a quando da sua passagem pelas ruas da cidade, onde se situava o seu palácio. Não havia ninguém no reino que gostasse dela

O velho monarca, seu pai e a rainha sua mãe tinham um grande desgosto e viviam numa grande tristeza por causa do comportamento da filha. Bem tentavam demovê-la das suas malévolas atitudes, mas nada conseguiam.

Certo de dia, já cansados de tanto fazerem em vão, decidiram reunir as fadas e os conselheiros do reino, a fim de procurar uma solução para libertar a filha de tanta maldade Iniciada a reunião e depois do velho monarca expor a razão por que reunia aquele conselho, a Fada do Bem pediu autorização para levar a princesa para o seu Palácio Encantado. Aí havia de a manter durante algum tempo, educando-a de forma a ela perder a sua malvadez e a transformar-se numa pessoa educada e bondosa. Depois de muito se discutir, os pais anuíram e a menina, embora contra a sua vontade, foi levada pela Fada, conforme esta propusera.

Ao entrar no palácio da Fada e, ao ver tanta beleza, não fosse aquela a casa da Fada do Bem, a princesa ficou muito admirada. As paredes das salas de todos os aposentos eram revestidas de conchas de madrepérola e corais e, no interior, havia lagos onde nadavam pequeninos peixes de lindas cores, e jardins onde esvoaçam borboletas de asas de ouro e madrepérola.

Mas depressa a princesa, que ainda não se libertara da sua maldade, arquitetou um plano maquiavélico para se vingar da Fada e destruir tudo o que de bom e belo ela possuía no palácio. Bem o pensou mas não o conseguiu fazer, porque a Fada do Bem fechou-a numa sala. Ao ver-se completamente só e ao ouvir apenas o barulho das ondas do mar a desfazerem-se contra os muros do palácio, a princesa chorava de medo. Tanto chorou e tanto se assustou que, por fim começou a suplicar que a tirassem dali, pois prometia que havia de ser boa para todos. Mas a fada não lhe atendeu os pedidos, mantendo-a fechada.

Passados uns dias um grande temporal desabou sobre a cidade e o palácio. Trovões, relâmpagos, chuvas e ventos fortíssimos e o mar muito bravo. Mas algo de insólito aconteceu: a fúria das ondas arrastou um barquinho para as proximidades do palácio da fada. O pescador que nele navegava, ao ouvir o choro e os gritos da princesa julgou ser um náufrago aflito e a pedir socorro. Aproximou-se, subiu ao rochedo mas não viu ninguém, porém ouvia mais nitidamente o choro. Impressionado e impotente pôs-se também ele a chorar. Uma cegonha que sobrevoava aquela zona ao ver as lágrimas no rosto do pescador, puxou com o bico a argola que abria a porta secreta sob um tufo de algas. O pescador entrou, ficando, também ele, extasiado com tudo o que via. Mas com o que mais se admirou e com o que mais se impressionou foi com a beleza da menina. Nunca na sua vida vira uma jovem tão bela!

Ajudados pela cegonha, após a princesa jurar solenemente à Fada do Bem que jamais seria má, os jovens partiram para o castelo real. O velho monarca e a rainha consorte ficaram muito felizes com a chegada da filha e fizeram uma grande festa, a que assistiram as fadas e o povo. O pescador aproveitou o ensejo e pediu a princesa em casamento, deixando o rei muito feliz e honrado com o seu pedido pois sabia que todo esse plano fora arquitetado pela fada.

O casamento realizou-se ao fim de poucos dias. À cerimónia, para além de todo o reino e das fadas, assistiram os reis dos países vizinhos, e para surpresa de todos, vindos dum reino muito distante, vieram os pais do noivo, que ao ver o filho ficaram muito felizes pois tinham perdido as esperanças de encontra-lo. É que todos os marinheiros que o acompanhavam e que foram vítimas daquele terrível temporal haviam morrido.

Consta que os príncipes foram muito felizes e viveram muitos anos. O jovem príncipe, que outrora fora um humilde pescador, após a morte do velho monarca, assumiu o governo do reino e foi um excelente rei, sobretudo porque acompanhado por uma bondosa, prudente e sábia rainha.

Consta que a cegonha, após algum tempo, visitou o palácio real, trazendo aos reis um belo príncipe.

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publicado por picodavigia2 às 00:05





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