PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
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O Pico abarrota de lava e evapora enxofre. Muito interessante é o facto da maioria das paredes que dividem as propriedades agrícolas serem autênticos pedaços de lava, algumas até com formas e feitios muito curiosas. Esta lava solta e muita outra fixa aqui e além, sobretudo à beira-mar permite poder-se afirmar que o Pico é a ilha benjamim, isto é, a mais nova das ilhas açorianas, enquanto Santa Maria tem o estatuto de a mais velha, com mais 10 milhões de anos do que o Pico. Quanto ao seu descobrimento e o das restantes ilhas do Arquipélago é ainda pouco claro, existindo correntes históricas que afirmam que as ilhas, embora com nomes muito diferentes dos atuais, já virem designados e referenciadas em mapas e portulanos genoveses, desde 1351, embora as Flores e o Corvo, provavelmente, tenham sido encontradas mais tarde. Quanto ao povoamento, sabe-se que a partir de 1431, começaram a chegar os primeiros colonos, às ilhas mais orientais, incluindo as do grupo central e, consequentemente, o Pico.
De facto, segundo alguns historiadores mais rigorosos não se tem um conhecimento exato sobre a data da descoberta da ilha do Pico. Cuida-se, no entanto, que o seu povoamento, terá começado na zona das onde hoje se situa a vila das Lajes, por volta de 1480. É nas Lajes que existe a mais antiga ermida da ilha, dedicada a São Pedro. Sabe-se também que, desde os primeiros tempos, o Pico se tornou num importante empólio comercial, dada a facilidade de comunicação portuária com a Ilha do Faial, e com a crescente importância agrícola, nomeadamente no cultivo de trigo, criação de pomares e na importante vinha, que alterou a paisagem e a cultura ocidental da Ilha, classificada desde 2004 Património da Humanidade pela UNESCO.
Esta semana, a última de agosto, como é tradição, a vila das Lajes celebra a festa da Senhora de Lurdes, padroeira dos baleeiros. Na verdade, durante muitos anos, a baleação foi uma das maiores e mais importantes atividades económicas da vila e da ilha. Além disso os homens do Pico notabilizaram-se como baleiros, espalhando a sua arte e sabedoria pelas restantes ilhas. Hoje esta atividade está estampada e patente no Museu dos Baleeiros, também situado nas Lajes, sendo exatamente a caça da Baleia, muito desenvolvida e influenciada pela presença Norte Americana na Ilha, desde finais do século XVIII, e hoje em dia transformada em aprazíveis viagens de observação destes e outros cetáceos, em momentos inesquecíveis.
A Ilha do Pico apresenta diversos pontos de interesse, começando pela própria arquitetura típica de casario simples branco e blocos de lava preta das adegas, que tão bem espelham a origem vulcânica da Ilha, mas também lugares como as principais localidades: Lajes, São Roque e Madalena, plenas de história e património, ou outros locais de encanto natural como a famosa Gruta das Torres, as Furnas de Frei Matias ou a formação rochosa do Arco do Cachorro, ou a Prainha do Galeão.
Um paraíso para todos os amantes da natureza, a Ilha do Pico, plena de tradição, oferece também um bom património gastronómico, muito baseado em pratos de peixe e marisco, de onde sobressaem as famosas caldeiradas, o caldo de peixe ou o peixe grelhado e a albacora assada no forno, mas também na mais saborosa carne provinda dos muitos pastos que por aqui se encontram, as tradicionais sopas de Espírito Santo, a molha de carne, não faltando a massa sovada, o arroz doce e o afamado queijo, o de São João, do Arrife, da Prainha e outros. Tudo regado, claro está, pelo Vinho Verdelho, ou pelos muito apreciados vinhos tintos e brancos da Ilha, cuja história também está patente no Museu do Vinho, localizado na Vila da Madalena.
Por todas estas razões e por muitas outras vala a pena Visitar o Pico.