PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
UM MENU SIMPLES E ORIGINAL
Ontem como hioje, a Fajã Grande era fértil em produtos agrícolas de excelente qualidade. À magnífica produtividade dos tereenos aliava-se a enorme capacidade de trabalho dos seus habitantes e o esforço gigantesco que faziam, dia a dia, a fim de que os campos que cultivavam com esmero e dedicação produzissem o melhor, em qualida e quantidade. Assim, a nível da agricultuura, muito ali se produzia: milho, batatas brancas e doces, inhames, couves, cebolas, feijão, beterraba, etc. Paralelamente à agricultura, também a pecuária era exímia, destacando-se a criação de bovinos e suínos e a consequente produção de leite, queijo e de carne de porco. Acrescente-se ainda a produção de frutos, muitos deles sem exigir grande trabalho, uma vez que se desenvolviam naturalmente, entre os matagais de incensos e faias, como os araçás e as ameixas bravas, nos matos e nas encostasos áridas como as amoras e os tomates de capucho ou sobre os maroiros e paredes que ladeavam os cerrados, como os figos, as ivas e muitos outros. Plantada à beira-mar com excelentes baías e enseadas, o pescada também ocupava um lugar de relevo na alimentação quotidiana dos fajãgrandenses.
Apesar de todos estes recursos naturais e desta excelente produtividade a Fajã Grande não possuía nem possui uma significativa gastronomia tradicional. Talvez porque o tempo fosse escasso para o trabalho agrícola, talvez porque a mulher tivesse uma actividade doméstica intensa, ajudando, ainda, o homem no cultivo dos campos e na criaçao de gado, a culinária nunca foi objecto de grandes cuidados. Pratos pobres e simples, produtos cozidos ou fritos e pouco mais.
Mas com tão grande riqueza e variedade de produtos, hoje, dentro do espírito da cozinha gourmet, com muitos daqueles produtos poder-se-iam elaborar pratos fabulosos. A seguir apresentam-se três que poderiam ter ficado no historial pantracuélico fajangrandense. Mas não ficaram. São apenas uma mera fantasia, no entanto constituiriam o menu duma interessante refeição regional: sopa de agrião, croquetes de inhame e albacora e cheesecake de araçá.
Sopa de agrião: - Ingredientes: 200 gramass de batatas, cenoura, abóbora, cebola e alho, um mão cheia de agriões incluindo as folhas e os talos mais finos, um punhado de massinhas e uma colher de azeite. Preparação: Lavar bem todos os legumes, descascá-los e cortá-los em pedaços. Escolher os agriões, separar as folhas e aproveitar os talos mais tenros. Numa panela, colocar todos os legumes, menos as folhas de agrião e cobrir com água. Depois de tudo cozido, retirar algumas rodelas de cenoura e reservar. Triturar a sopa com a varinha mágica formando uma base. Juntar as massinhas, as folhas de agrião e a cenoura reservada, cortada aos cubinhos. Deixau ferver durante alguns minutos. Por fim colocar um fio de azeite e está pronta a servir.
Croquetes de inhame e albacora: Ingredientes: Um inhame pequeno cozido, sobras de albacora assasa, meia cebola, meio dente de alho, um raminho de salsa, pão ralado. Preparação: Escolher e retirar as espinhas das sobras de peixe, esmagando-as com um garfo. Desfazer também o inhame com um garfo e juntar ao peixe, misturando e envolvendo muito bem. Picar muito miúda a cebola, o alho e a salsa e misturar tudo muito bem. Moldar pequenos croquetes, passando-os por pão ralado. Levar ao forno a alourarem. Servir com uma boa salada.
Cheesecake de araçá: Ingredientes: duas colheres de compota de araçá; cinquenta gramas de queijo fresco, quatro colheres de açúcar mascavado, quatro bolachas Maria e um pouco de leite.
Preparação: Cozer os araçás e depois de cozidos reduzi-las a puré. Juntar duas colheres de açúcar e levar ao lume brando. Triturar, finamente, as bolachas e envolve-las no leite, juntamente com uma colher de açúcar, de modo a formar uma massa consistente. Esmagar o queijo, misturando a outra colher de açúcar. Numa forminha de fundo amovível, colocar a compota de araçá, a mistura do queijo e a bolacha amassada.
Sugestões simples e fáceis que poderiam ter enriquecido o património pantracuélico fajãgrandense…