PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
O PATINHO FEIO
Era uma vez uma patinha que teve quatro patinhos muito lindos, porém quando nasceu o último, a patinha exclamou espantada:
- Meu Deus, que patinho tão feio!
Quando a mãe pata nadava com os filhos, todos os animais da quinta olhavam para eles e, reparando naquele patinho estranho, diziam:
- Que pato tão grande e tão feio!
Os irmãos tinham vergonha dele e gritavam-lhe:
- Vai-te embora porque é por tua causa que toda a gente está a olhar e a fazer pouco de nós!
E assim o pobre patino ficou conhecido por todos como o Patinho Feio.
Muito triste e acabrunhado, certo dia, o pobre Patinho Feio afastou-se tanto, tanto que foi ter à outra margem do ribeiro. De repente, ouviram-se uns tiros. O Patinho Feio observou, então, como um bando de gansos se lançava em voo fugindo dos tiros. O cão dos caçadores vendo-o, ali sozinho, começou a persegui-lo furiosamente.
Muito a custo, o Patinho Feio conseguiu escapar do cão mas ficou muito atrapalhado pois estava ali, sozinho e não tinha para onde ir. Decidiu ficar por ali. Finalmente o inverno chegou. Os animais do bosque olhavam para o pobre e abandonado patinho cheios de pena.
- Onde é que irá o Patinho Feio com este frio? – Perguntavam entre si.
Não parava de nevar. Para afastar o frio, o Patinho Feio escondeu-se debaixo de uns troncos e foi ali que uma velhinha com um cãozinho o encontrou.
- Pobrezinho! Tão feio e tão magrinho!
Cheia de pena, a velhinha pegou no patinho, aqueceu-o no seu regaço e trouxe-o para casa.
Em casa, todos trataram muito bem do patinho, tornando-se grandes amigos dele. Todos, menos um gatinho cheio de ciúmes, que pensava: "Desde que este patusco cá está, ninguém mais me ligou".
Voltou a primavera. A velha cansou-se do patinho, porque não servia para nada: não punha ovos e além disso comia muito, porque estava a ficar muito grande.
Foi o gato que o expulsou:
- Vai-te embora! Não serves para nada!
A nadar o Patinho Feio, agora já muito grande e forte, chegou a um lago em que passeavam dois belos cisnes que olhavam para ele. O Patinho Feio pensou que o iriam enxotar. Muito assustado, ia esconder a cabeça entre as asas quando, ao ver-se reflectido na água, viu, descobriu que um belo cisne cuja imagem se refletia na água não era outro senão ele próprio.
Os cisnes desataram a voar e o Patinho Feio voou atrás deles.
Quando passou por cima da sua antiga quinta, os patinhos, seus irmãos, olharam para eles e exclamaram:
- Que cisnes tão lindos! E aquele, o último, é o mais bonito!
(Aos meus netos.)