PICO DA VIGIA 2
Pessoas, costumes, estórias e tradições da Fajã Grande das Flores e outros temas.
A RAPOSA E O GALO
Era uma vez uma raposa que andava pelos campos na procura de alimento, pois já não comia há dias e, por conseguinte, estava muito esfomeada. De repente, olhou para o alto e viu um galo muito bem empoleirado em cima do telhado de um palheiro a descansar muito regaladamente. A raposa, vendo ali aquele belo repasto começou a afiar os dentes e a magicar na maneira como o havia de caçar uma vez que lhe era impossível subir para o telhado do palheiro. Começou, então, a falar-lhe de cá de baixo, dizendo:
- Bom dia amigo galo!
O galo, muito admirado com um tratamento tão cordial e a que não estava habituado, perguntou-lhe:
- Por que me tratas assim, por amigo? Afinal eu bem sei o que queres…
- Então ainda não sabes? – Disse a raposa. - Saiu agora uma lei do Governo que ordena que todos os animas sejam amigos uns dos outros e que haja paz entre todos. Nós as raposas já cumprimos a nova lei, a guerra com os cães e já não comemos galos nem outros animais. Queremos fazer as pazes e ser amigas de todos. Podes pois descer cá para baixo, que eu já te não faço mal. Quero-te abraçar.
Mal acabara de pronunciar estas palavras quando aparece lá ao longe uma matilha de cães. Ao descortinarem a raposa começam a correr, enraivecidos, na direção dela a ladrar em grande berreiro. A raposa, distraída com o galo, ia sendo apanhada pelos cães, mas ainda fugiu a tempo, correndo com quanta força tinha.
O galo, numa gargalhada cerrada, de cima do telhado do palheiro bem lhe gritava:
- Mostra-lhe a lei! Mostra-lhe a lei!