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A FESTA DE SANTO AMARO NA FAJÃ GRANDE

Sábado, 16.01.16

Uma das maiores e das mais importantes festas celebradas, durante o inverno, na Fajã Grande, na década de cinquenta era a Festa de Santo Amaro.

Amaro, segundo uns, Mauro ou Amauro, segundo outros, nasceu em Roma em 1512 e foi frade beneditino, tornando-se célebre, sobretudo, pelo seu poder taumaturgo. Conta-se que certa vez um colega seu, de nome Plácido, estava a afogar-se longe de todos, no açude de Subiaco. São Bento teve a visão do perigo e pediu a Amaro que fosse salvar o irmão religioso. Obediente, Amaro pediu a São Bento que o abençoasse e, sem hesitar e com a graça de Deus, correu e andou sobre as águas sem se afundar, agarrou Plácido pelos cabelos e trouxe-o para a margem não se apercebendo sequer, Amaro, de ter saído de terra firme. Quando Amaro deu conta do que sucedera atribuiu os méritos ao seu mestre, São Bento. Mais tarde, ao ser enviado por São Bento de Roma para a Gália (hoje França), a fim de, a pedido do Bispo de Le Man, estabelecer a vida monástica beneditina naquela região, foi vítima de grandes e variadas atribulações durante a viagem, mas a todas escapou milagrosamente. Mas foi sobretudo, após a sua morte que os milagres se multiplicaram e em breve Santo Amaro tornou-se conhecido, celebrado e venerado por toda a Europa Católica, sendo também escolhido para patrono dos aleijados e especialmente invocado para a cura de reumatismo, epilepsia, gota, rouquidão, resfriados e muitas outras doenças e maleitas.

Muito provavelmente por influência dos primeiros colonos e povoadores, nos Açores Santo Amaro também foi sempre alvo de grandes devoções por parte da população de todas as ilhas, sendo até que algumas freguesias açorianas o têm como padroeiro e, nalguns casos, o Santo até deu nome à própria localidade. Na Fajã Grande, assim como em Ponta Delgada, nas Flores e nas outras ilhas açorianas, o fiel e pioneiro discípulo do patrono da Europa, também é invocado para a cura milagrosa de inúmeras maleitas de pessoas e animais, sendo considerado o patrono dos sapateiros e dos artesãos de cobre.

Na Fajã Grande, Santo Amaro era invocado para cura de tudo o que fosse quebrado, torcido, desmanchado, fora do lugar ou para tudo o que tivesse qualquer tipo de lesão, mazela ou achaque em qualquer parte do corpo humano, desde das pontas dos pés até ao cocaruto da cabeça. Para além disso, o Santo ainda era invocado na cura das doenças das crianças, na eficiência e normalidade dos partos e até nas doenças ou mal olhados dos porcos, das vacas e das galinhas. Na igreja paroquial, num dos nichos laterais do altar da Senhora do Rosário havia uma pequenina imagem de Santo Amaro, vestido com o seu hábito de monge beneditino e em sua honra fazia-se uma enorme e grandiosa festa no segundo ou terceiro domingo de Janeiro, normalmente a seguir ao dia 15 do mesmo mês e agendado no calendário litúrgico como o dia a ele dedicado, por se comemorar a sua morte.

Para além de missa votiva, cantada e com sermão, tinha lugar de destaque, após as celebrações litúrgicas, um enorme leilão, onde eram arrematadas inúmeras ofertas feitas em massa sovada com o formato ou feitio da parte do corpo humano, da criança, do jovem ou do adulto ou até do animal que o Santo milagreiro havia curado miraculosamente. Antes da missa o altar enchia-se por completo de promessas, personificadas por pães de massa sovada em forma de cabeça, braços, estômago, pernas, pés, de crianças (umas já crescidas outras acabadas de nascer), de porcos, vacas e até galinhas que ali ficavam ali durante a missa, sendo benzidas, finda a qual eram solenemente benzidas e depois arrematadas em leilão, no adro da igreja.

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publicado por picodavigia2 às 00:05





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